CAPÍTULO REVISADO.
Uma das maiores ironias que poderia ter nesse momento era em eu querer ver Ana e saber se ela está viva e bem. A mesma me fez sofrer por muito tempo e também me fez passar por diversas coisas, mas o mais importante em nossas vidas é perdoar. Eu perdoei Ana, mas não significa que irei esquecer tudo o que ela já me causou. Depois de lera carta, fui para a casa e contei tudo a Letícia, a mesma ficou em choque e disse que me ajudaria a descobrir mais sobre essa história.
Fui até a casa de Ana, a qual me recordo onde era. Toquei a campainha duas vezes e só na segunda obtive sucesso.
-Anne? Que prazer em revê-la! O que te traz aqui? -Ela perguntou e um sorriso em seu rosto se formou.
-Olá Luíza, eu vim saber sobre Ana...Ela me enviou uma carta recentemente, queria saber como ela está. -Perguntei.
-Tudo bem, melhor conversamos lá dentro. -Ela disse e nós assentimentos adentrando dentro daquela casa, a qual eu tinha várias lembranças. Elas passaram por minha mente como um filme antigo do século passado, todas as risadas, brincadeiras e brigas ficariam guardadas em minha memória, tudo de bom que ela já me fez como as coisas ruins também. -Sentem-se meninas. -Ela falou libertando-me de meus pensamentos. -Como é seu nome minha jovem?
-Letícia. Por que Ana está no hospital senhora Luíza?
-Por favor não me chame de senhora. -Rimos e ela continuou. -Me chame apenas de Luíza, me sinto velha se me chamarem desse jeito. Depois dela se mudar para São Paulo, descobriu que estava com leucemia e veio fazer o tratamento aqui a um ano e meio. Ela fez diversas quimioterapias mas o seu caso é muito grave e ela piorou rapidamente, as quimioterapias não foram suficientes para deixar ela 100% bem. De acordo com os médicos esses serão os últimos dias de vida dela, todos nós estamos sofrendo.
-Eu queria visitá-la, você sabe me dizer o nome do hospital onde ela está internada? -Perguntei preocupada.
-Não sei o nome mas sei o caminho. Se importariam que eu fosse junto com vocês? Aproveito e a visito também.
-Não nos importaremos. -Letícia disse e Luíza sorriu em agradecimento a nós.
Saímos da casa de Ana e fomos para o hospital aonde ela estava internada. Eu não sei o que falaria para ela quando eu chegasse lá e nem imaginava como seria a reação dela e dos pais quando me vissem. Talvez fosse boa, ou ruim...Mas eu apenas queria visitá-la e me despedir. Só queria que ela soubesse que eu a perdoei.
(...)
-Anne! O que faz aqui!? -Perguntou a mãe de Ana assim que eu abri a porta do quarto onde Ana estava.
-Só quero vê-la, por favor, preciso conversar com ela. -Falei suplicando.
-Tudo bem. -Entrei no quarto e logo pude ver Ana deitada na cama, seus cabelos loiras haviam sidos raspados e sua pele linda e impecável agora se encontrava abatida e pálida. Percebi o quanto ela estava mal e confesso que uma pontinha de dor atingiu meu coração ao vê-la nesse estado, logo a pessoa que tanto me ajudou mas também me fez muito mal. Os soros, medicamentos e outros aparelhos para sua sobrevivência nesse hospital, estavam ligados a ela. Todos presentes no quarto nos deixaram a sós, e pudemos apenas ouvir os barulhos dos equipamentos ainda ligados.
-Anne...-Sussurrou ela fracamente. -Vejo que recebeu minha carta! O que faz aqui?
-Depois de ler sua carta, eu precisava vim te ver e te perdoar pessoalmente. É muito difícil perdoar alguém que já te fez muito mal um dia e quase me levou a morte.
-Então você me perdoa? -Falou com seus olhos cheios de lágrimas.
-Sim. -Disse quase chorando.
-Eu fiz coisas horríveis com você e nunca me dei conta disso. Mas a morte me fez perceber todas as coisas ruins que eu pude lhe fazer e também para outras pessoas. A morte pode mudar nossos pensamentos, quem puderá eu ter percebido o mal que eu causava antes e quando estava bem. Talvez pudesse ter uma chance pra viver, mas eu fui uma garota má e agora chegou a hora de pagar meus pecados.
-Eu sei que você foi má e fez muitas pessoas sofrerem por simples prazer, principalmente eu. Mas você se arrependeu, mesmo tendo se arrependido na hora errada. Mesmo assim percebeu os seus erros cometidos. Não quero que se lembre dos momentos ruins que tivemos, quero que se lembre de todas as fotografias e risos arrancados, de todos os momentos bons que um dia já tivemos. -Um sorriso escapou de nossos rostos em meio de um rio de lágrimas.
-Me lembro como tudo isso era divertido, ter uma amiga como você foi muito bom. Queria que todas essas coisas tivessem continuado, talvez poderia ser diferente, só que eu escolhi ser uma péssima amiga e acabamos tomando rumos diferentes.
-Ei, vamos mudar de assunto, é seus últimos dias e não quero que passe chorando. Você deve ir feliz e não triste. -Dei um sorriso fraco e ela assentiu.
-Você já falou com Augusto?
-Por favor, não vamos falar sobre isso Ana. -Falei tentando demonstrar que eu ainda não estava ferida com tudo o que tinha acontecido.
-Só me diz se você o perdoou, ele merece seu perdão. -Implorou.
-Ana, entenda, ele me machucou mais do que qualquer outra pessoas e mais do que você. A dor de perder um amor é quase igual a da morte, dói demais e também eu não sei se estaria pronta para vê-lo novamente depois de cinco anos.
-Eu não entendo pois nunca passei por isso mas perdoe-o como fez comigo. Me desculpa por tocar nessa ferida ainda aberta, não era a minha intenção.
-Está tudo bem. -Dei um sorriso fraco.
• Flash back ON •
-Eu te amo. -Ele disse, era tão maravilhoso ouvi-lo falar aquelas três simples palavras, fazia-me tão bem.
-Eu também te amo muito!
-Você é meu mundo sabia? A minha lua única. -Como ele conseguia me fazer sorrir com apenas algumas palavras?
-Você é meu sol, nunca se esqueça.
• Flash back OFF •
-A mamãe mandou trazer a sua comida... -Aquela voz familiar soou pelo o quarto e arregalei meus olhos, Ana me olhou como se pedisse para me virar para trás e assim fiz. Logo encontrei aqueles olhos castanhos os quais eu reconheceria até na escuridão, olhos que eu imaginava nunca mais os ver um dia. Os seus cabelos continuam os mesmos, o perfeito Augusto ainda estava aqui só que mais bonito e esteticamente mais maduro.
• Flash back ON •
-Eu nunca quis te magoar, sempre te amei mas depois de um tempo me senti obrigado a fazer isso. Com o tempo acabei percebendo que eu não te amo mais como uma namorada, mas sim como uma amiga. Vou entender qualquer sentimento que estiver sentindo agora em relação a isso, você tem todo o direito e razão de sentir. Só quero que me perdoe por tudo Anne, você ainda é tudo pra mim e quero sua amizade, mesmo não sendo a mesma coisa daqui pra frente. -Ele falou e eu fiquei em silêncio processando o que ele havia acabado de dizer.
-É uma brincadeira isso não é? Por que se for, saiba que não tem graça nenhuma. -Falei com muita raiva e senti algumas lágrimas descerem de meus olhos mas logo as limpei.
-Me desculpa, mas não mando no meu coração Anne.
• Flash back OFF •
-A-Augusto? -Falei já chorando, ele também chorava. A vida está me surpreendendo a cada dia.
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Além dos Cortes
Teen FictionA vida tem dessas não é? Mudar quando menos esperamos e quando nos damos conta o nosso mundo está de cabeça pra baixo. A típica adolecente de quinze anos solitária, Anne Stonne, possuí olhos verdes e cabelos vermelhos como o fogo. Também denominada...