Capítulo 2 - Preparativos

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Lá fora o sol ainda estava despontando no horizonte. Realmente não havia a menor necessidade de eu estar acordando às 5:00 horas da manhã, quando eu poderia estar dormindo e sonhando com o dia em que meu príncipe encantado, viria me buscar numa linda carruagem feita de pizza de chocolate.

Que piada! Até aquele momento eu era a pessoa menos romântica de todo o universo.

Sempre foi um sacrifício enorme para mim e para todos os seres desse planeta, acredito eu, acordar cedo e ter que ir para aquele lugar chamado escola. E agora que não precisava mais fazer isso, lá estava eu sem conseguir pregar o olho, depois da noite desdenhosa que tive.

Oh, lástima!

Me levantei da cama e fui escovar os dentes. Depois peguei meu celular e me dirigi até a varanda para ver o sol fazer seu espetáculo diário.

Aproveitei para checar minhas redes sociais, mas óbvio que não tinha ninguém online àquela hora, ainda mais nas férias. Também não era como se eu fosse a pessoa mais popular do mundo, com inúmeros seguidores no Twitter e milhares de amigos no Facebook.

Na escola nunca soube de alguma vez ter sido rotulada de "a garota solitária", mas também não era a mais extrovertida da turma. Me preocupava apenas em tirar boas notas e ficar no meu canto. Não que eu fosse tímida nem nada, eu só não me importava com todos aqueles seres esquisitos. E quando eu não ia com a cara da pessoa, acabava sendo um pouco, talvez muito, arrogante. Por esse motivo eu sempre afastava as pessoas. Diferente de Emi que possuía uma popularidade inquestionável. Ela, inclusive, tentava a todo custo me fazer aproximar de seus amigos, mas não era uma tarefa das mais fáceis. Até hoje não entendo como nos tornamos amigas.

Alguns minutos depois, me encaminhei até a cozinha e deparei-me com minha mãe preparando ovos mexidos. 

- Deu formiga na cama? - indagou ela quando me notou.

- Acho que sim. O formigueiro inteiro me fez uma visita, pra ser mais exata - disse, me sentando no balcão.

- Porque você sempre senta aí? - minha mãe perguntou, intrigada. 

- Ah! É o melhor lugar pra se sentar - falei, sem perceber que eu sempre tive uma queda por balcões de cozinha.

- Você fala isso porque nunca experimentou sentar em outros lugares - disse ela sem perceber o duplo sentido daquela frase.

Não ouvi isso. Pensei. Minha mãe era do tipo moderninha, mas aquilo era demais para minha cabeça. Resolvi mudar de assunto.

- Humm. Sobre a viagem... Eu tenho uma resposta.

- Antes de responder, - começou ela - quero que pense em como essa viagem...

- Eu vou.

- ... pode ser boa pra... O quê? - parou, confusa.

- É, eu aceito passar esse tempo lá. Mas com uma condição - fui logo dizendo.

- Qual? - ela perguntou, colocando a metade dos ovos num prato e sentando à mesa. 

- Se eu não me adaptar, volto imediatamente.

- Tudo bem. Mas você me promete que vai se esforçar, pelo menos um pouco, pra tentar ter uma convivência legal com eles? Por favor? - falou ela em tom suplicante.

- Ok - eu disse, descendo do balcão. - Quando viajo?

- Amanhã!?

- Mas já? Por quê? Certo, certo. Acho que preciso arrumar as malas, não é? - falei bufando.

- Isso mesmo, mocinha. Mas coma primeiro. Quer leite? - disse ela, me oferecendo o líquido branco da jarra. 

Eu olhei para ela segurando uma gargalhada. Minha mente não deveria estar tão poluída. Às vezes eu parecia uma criança imatura e pervertida.

O Verão de HELENAOnde histórias criam vida. Descubra agora