Capítulo 18 - Senta Lá, Cláudia!

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No começo eu me senti confiante, porém quando estávamos no ar, eu olhei para toda aquela água lá embaixo e só queria voltar para a segurança do pier. Mas como eu ainda não tinha aprendido a voar, esperei o impacto me atingir. Porém a entrada não foi dolorosa. Mergulhamos, voltamos à superfície e eu estava me sentindo até bem, mesmo estando no inferno aquático.

- Isso foi bom - André disse, com os olhos arregalados. Eu passei a segurar em seus ombros.

- É - depois que a adrenalina passou, estávamos batendo os dentes.

- Agora você precisa aprender a nadar.

- Não é simples assim.

- É simples assim sim.

Primeiro ele me ajudou a nadar cachorrinho. Esse foi mais fácil. O difícil mesmo foi me concentrar em dar braçadas e bater os pés ao mesmo tempo. Eu não era nada boa naquilo e o frio não ajudava. Passamos horas praticando e André até que era um bom professor.

- Acho que evoluímos bastante - ele falou, quando eu já estava solta na água. Que empolgante!

Quando retornamos ao pier e vestimos nossas roupas, eu agradeci mentalmente por estar protegida do frio.

- Brigada por ter me ajudado. Você é um amor! - falei, enquanto abotoava minha calça.

- Você sabe que sou eu quem deve agradecer - olhei para ele, que tinha o cabelo bagunçado, com pontas para todos os lados.

- Pode contar comigo sempre. Lembrando que você precisa conversar com seu pai. Não gosto de pensar que você sofre assim - baixei a cabeça e ia me virando, quando ele me puxou para um abraço. Meu Deus, como eu queria mais que um abraço naquele momento.

- Obrigado por se importar comigo, Helena - ele disse. Eu suspirei. Tão lindo chamando meu nome. Eu já estava enlouquecendo pelo homem dos outros, então me afastei.

Caminhamos de volta à orla e já íamos nos separar, mas aí um carro preto parou à pouca distância de nós dois. As portas do carro se abriram e Hugo e seu namorado saíram de dentro.

Eu continuei andando normalmente, porém André me parou de forma brusca, me puxando para a parte de trás de um quiosque e praticamente me jogando na parede. Ele olhava Hugo e Gustavo por trás do quiosque e eu só conseguia olhar para ele, que estava com o rosto tão próximo ao meu...

- Acho que acabei de pensar em uma vingança infantil, porém eficaz - André disse, sorrindo. Ou pelo menos eu acho que foi isso que ele falou, já que eu não conseguia prestar muita atenção.

Meu Deus eu estava ficando louca. Fiquei sentindo sua respiração e seu cheiro cítrico. André percebeu que eu estava viajando nele e me lançou aquele olhar.

Ficamos assim por não sei quanto tempo e eu esqueci de tudo. Esqueci onde estava, esqueci que Hugo se encontrava ali perto, esqueci que existia uma Letícia. Quem ser Letícia, afinal? Eu só ansiava por um beijo, então André se aproximou mais, parecendo ter o mesmo pensamento que eu. Ele tocou em meu rosto de leve e eu fechei os olhos. Foi aí que eu senti um selinho seu no canto de minha boca e eu sabia que o beijo estava próximo...

- Vocês não tem vergonha? - nós viramos para o lado, assustados. Tinha um garotinho de uns 9 anos chamando nossa atenção. André se afastou de mim e falou:

- O quê?

- Vão pra um motel - o garotinho disse emburrado e saiu. Deixando nós dois ali de boca aberta.

Pus a mão na boca e olhei para André. Começamos a rir. Eu estava totalmente constrangida, a ponto de querer evaporar dali imediatamente. E ainda me perguntam por que eu não gosto de crianças.

O Verão de HELENAOnde histórias criam vida. Descubra agora