Capítulo 16 - Satisfações

135 23 53
                                    

Eu poderia ter ido embora dali, mas a raiva me dominou. Marchei até eles e cutuquei o ombro de Hugo, que parecia muito concentrado em beijar o gerente e não se virou. Mas não desisti, então dei um tapa forte em suas costas, que foi o suficiente para ele executar um pulo acrobático assustado.

- Lena! - ele exclamou e eu não pude decifrar sua expressão. Já o gerente só olhava para mim com um certo divertimento no olhar.

- Como pôde me enganar desse jeito? - eu disse, tentando ficar calma. Ele pensou uma pouco.

- Estou com meu namorado, você que é a errada aqui. Dá licença - Hugo falou e eu não quis acreditar no que ouvia.

- Então é isso? Sem explicação, seu nojento?

- Helena, só você não percebeu que eu estava te usando pra fazer ciúmes ao Gustavo. Só te levei ao restaurante pra isso. No Natal ele que me manteve ocupado e hoje mais cedo, só fui atrás de você porque o Gusta e eu brigamos. Mas como você pode ver, já estamos bem e eu não preciso mais da sua companhia abominável. Eu até pensei em usar a Paloma, mas aí você apareceu naquela festa, toda disponível, então... Agora cai fora. É ele quem eu amo, sacou? - então ele tascou um beijão no tal Gustavo, como que para provar o que falava e voltou a olhar para mim.

Eu não poderia estar passando por aquilo. E o cara ainda tinha nome de prostituto. Todos à minha volta já estavam muito atentos à cena e cochichavam um com o outro. Se existia algo além da fossa, era lá onde eu estava. Senti vontade de chorar, mas não faria isso.

- Sejam felizes no inferno - falei e joguei a bebida, que estava em minhas mãos, na cara de Hugo, de modo que molhasse também o cara que estava atrás dele. - Agora é só tacar fogo. Alguém tem um fósforo? - falei alto e todos gritaram. Pareciam estar gostando do espetáculo.

Os dois pareceram se irritar, então eu engoli o medo que senti em pensar na possibilidade de dois homens daquele tamanho resolverem bater em mim. Mas meu ódio era muito grande para ter medo. Acabei jogando o copo vazio com toda a força na cabeça de Hugo, que soltou palavrões e veio para cima de mim.

Eu iria apanhar, mas dei minha super joelhada com força total na virilha dele, que se ajoelhou, me xingando. Então foi a vez de Gustavo vir querer me trucidar. Ele parecia estar com mais raiva e eu estava me preparando para correr. Foi nessa hora que Pedro e André chegaram, seguido por Cabeça e as meninas. Até a cobra da Letícia estava ali.

- Acho bom você se afastar - André disse e Gustavo parou onde estava.

Hugo levantou-se e tentou atacar André, mas este parecia saber muito sobre artes marciais e deu um soco no rosto do nojento. Um cara, que parecia ser amigo do casal gay, apareceu para ajudá-los e o enfrentamento ficou três contra três.

Depois disso as coisas pareceram acontecer ao mesmo tempo. As meninas me puxaram para longe. Cabeça estava rolando no chão com o garoto que acabou de chegar, enquanto Pedro parecia estar tendo uma luta feia com Gustavo. André estava imobilizando Hugo e tudo à minha volta virou uma confusão quando eu ouvi a sirene da polícia e a gritaria se alastrando pelo clube.

Fiquei desnorteada por um segundo, mas depois, eu e as meninas tentamos chamar a atenção dos garotos, já que a polícia estava vindo.

Não fui eu quem causou isso. Pensei.

- Ei, André - chamei, puxando-o. Hugo fugiu assim que se libertou, levando seus amigos consigo.

Nesse momento a polícia invadiu. Três quartos das pessoas que estavam no clube haviam sumido e as que sobraram ficaram totalmente paradas.

- Droga! - Pedro exclamou.

- Ly e Pedro, saiam daqui agora - sussurrei, apontando para a porta que descobri atrás de mim.

O Verão de HELENAOnde histórias criam vida. Descubra agora