Capítulo 41 - Enquanto houver sol

94 11 0
                                    

Eu achei que não ia sobrar nada para mim, mas acabei me enganando. Fomos obrigados a dar um jeito em toda a bagunça da casa de Lucy, sim, da casa toda, pois eu não tinha visto os outros cômodos ainda e eles estavam na mesma situação que a sala: totalmente revirados.

Como apenas sete jovens foram capazes de virar uma casa de cabeça para baixo eu não sabia. Suspeito que foi obra do Satanás. O que eu sabia era que demoraríamos uma vida inteira para concluir a tarefa, pois Pedro brincava mais do que trabalhava e Cabeça se encostava pelos cantos e dormia. Fanny disse aos nossos pais que a gente tinha embriagado ela, se fez de inocente e fugiu para as colinas. Por isso passamos uma hora recebendo sermão.

Tudo bem, passamos um tantinho do ponto. Lucy foi dormir fora com o marido e teve a bondade de deixar a casa toda para nós, daí a gente destrói tudo sem receio. Achei que eu estava começando a ganhar maturidade ao completar dezoito anos, só que estive enganada mais uma vez. Mas eles também não precisavam pegar pesado.

- Bem, vamos olhar o lado bom da coisa - Emi falou, se escorando numa vassoura. Todos olhamos para ela e olhamos para a casa bagunçada, mas não olhamos para o lado bom, porque ele não existia.

- Qual é o lado bom? - Ly perguntou, com a cara tipo "essa garota tem problemas".

- Eu ainda estou pensando, quando eu souber te falo - respondeu com olheiras enormes por não ter dormido direito.

- Não existe lado bom, querida. Já são 13h45min e eu nem almocei. Só vamos poder comer depois que pelo menos a metade da casa estiver arrumada e não parece que progredimos muito, vocês também não agilizam. Isso é torturante, sabia? - falei, sentada de pernas cruzadas.

- "Vocês também não agilizam" - Bia tentou imitar a minha voz ao repetir o que eu falei. - Se você levantasse daí a gente agilizaria juntos.

- Eu não consigo trabalhar com fome. Eu tô com fome! Eu acho que vou morrer - pus a mão na cabeça e fiz cara de doente. - Acho que minha pressão está baixando...

- Lena, sua pressão é alta. Então inventa outra desculpa - Emi me interrompeu e eu a fuzilei com o olhar.

- Isso não tem nada a ver. Só porque eu tenho pressão alta não quer dizer que ela não pode baixar.

- Tecnicamente... - Cabeça começou a falar.

- Cala a boca que ninguém te chamou na conversa. Espera, você não tava dormindo?

- Só estava descansando os olhos. A casa ainda está assim? Meu Deus, vocês são tão moles.

- Cabeça, eu vou te bater - apontei uma garrafa de bebida em sua direção, ele só jogou as mãos para o alto.

- Eu só sei que poderíamos estar aproveitando esse domingão de sol na praia, mas estamos enfurnados aqui dentro - Ly suspirou e foi limpar uma parede que estava suja de glacê e bolo.

- Vocês poderiam parar de reclamar e começar a arrumar essa bagunça, por favor? - Emili pediu, enquanto juntava uns cacos de vidro no chão com sua vassoura.

- É o que nos resta - levantei choramingando e fui pegando as garrafas espalhadas por ali, mas antes chutei os pés de Cabeça para ele levantar do sofá.

- Gente, olha o que eu achei - Pedro aparece no corredor com dois álbuns de fotos nas mãos.

- Onde você arranjou isso? - Ly se aproxima do garoto e puxa um dos álbuns.

- Estavam em cima de uma mesinha. Você era muito fofinha, amor. ERA. O-ho-ho, essa é você?

- Onde? - Ly olha e abre a boca. - Pedro, me dá isso aqui.

O Verão de HELENAOnde histórias criam vida. Descubra agora