Capítulo 33 - Pelas ruas de Ajú

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— Vamos resolver isso no palitinho – Ly falou e foi atrás dos palitos para decidirmos quem ficaria com a cama. Quem pegasse o pequeno, ganharia.

Cabeça ficou encarregado de cortar os palitos e eu e as meninas escolheríamos. André nem se encontrava no quarto àquela hora, devia estar no banheiro ou talvez me traindo por aí.

Ly pegou o primeiro pauzinho e era grande, então ela se afastou bufando, com fogo saindo pelas narinas. Eu poderia ter uma chance de ganhar, então peguei o meu, mas é claro que perdi.

— Eu sempre perco. Você está roubando, Carabino - falei brava, dando um soco em seu peito. - Sempre rouba.

— Não bata nele, fia. Você que não sabe perder - Bia disse e empurrou o namorado na cama, caindo por cima do garoto logo em seguida.

— É, Eva Gina, você não sabe per... - ele ia continuar, mas a guria o calou com um beijo e os amassos começaram.

— Estamos no recinto. Sem safadeza, por favor, senão vocês vão acabar perdendo o direito de dormir aí – Ly fez o decreto e se jogou na parte de baixo de um dos beliches.

— Posso dormir com você? - ouvi Pedro perguntar baixinho para Lyanna. Ela sorriu de lado e assentiu.

Quando ele deitou de frente para ela, eu vi que ficar de vela não era uma coisa muito legal. Eles simplesmente esqueceram que eu estava ali. Cadê o André? Rezei para ele aparecer, enquanto estalava meus dedos.

— Então, gente... O que vamos fazer amanhã? - perguntei no meio do quarto e eu até pude ouvir os cri cri cri dos grilos. Me deixaram falando sozinha mesmo. - Legal. Concordo com você, Bia, acho que vai ser bom. Nossa, Pedro, boa ideia. Você é mesmo um gênio - falava com ironia. Eu já estava bufando de frustração e batendo o pé no chão de raiva. — ISSO JÁ ESTÁ FICANDO CHATO.

— Está falando sozinha, Lena? - Cabeça me deu um segundo de seu precioso tempo, mas logo se voltou para Bia, ficando em cima dela.

— Eu só queria saber o que vamos fazer amanhã. Será que é pedir muito? - expliquei e esperei resposta. Só que, mais uma vez, eles me ignoraram. — VOCÊS SÃO OS PIORES AMIGOS DO MUNDO.

Falei tão alto, que temi que pudessem ouvir aquilo da rua. Todos olharam para mim, claramente me achando uma doente mental. Mas eu odeio ser ignorada, cara. André entrou nessa hora e eu gritei com ele também, fazendo cara de brava e tudo.

— Calma aí, nervosinha! O que foi que eu te fiz? - o garoto pergunta, se aproximando de mim com as mãos levantadas. O quê? Eu não ia bater nele.

— Nada, nada, nada. Vê se não some de novo – eu disse, me recompondo.

— Bom, eu tenho necessidades fisiológicas, mas prometo segurar da próxima vez - eu baixei a cabeça para sorrir.

Depois de eu receber um beijo na testa, ele me puxa para um dos beliches e ficamos deitados de conxinha. André começa a cantar baixinho no meu ouvido e, embora ele não seja o melhor cantor do mundo, não tinha como eu não relaxar com aquilo.

Dormi imediatamente.

***

Acordei não muito tempo depois, por nenhum motivo aparente e André estava olhando para o teto da cama de cima.

— Por que não está dormindo? - perguntei, o assustando de leve. - Desculpe!

- Não é sempre que durmo à noite - ele colocou minha cabeça em seu peito e me abraçou. - Eu estava pensando em você.

- Em como eu sou linda?

- Em como você é convencida, talvez - rio baixinho e me aperto mais contra ele. Saudades do antigo cheiro de limão, mas assim estava bom também. - Já pensou em morar em Natal?

O Verão de HELENAOnde histórias criam vida. Descubra agora