A realização do jantar de Natal encontrava-se próxima e estávamos atrasados em decorar a casa para esse dia. Lu queria que eu ajudasse em tudo, então antes do meu majestoso encontro, fiquei ocupada, montando árvore, decorando, colocando pisca-pisca em tudo, fazendo recortes natalinos, etc.
Isso levou a tarde toda. E todos participaram, até mesmo Marcos. Eu fiquei tão concentrada em tudo aquilo que quase esqueci de ir me arrumar. Quando me dei conta, saí correndo para o quarto, deixando apenas algumas coisas para o pessoal terminar.
Tomei um banho super rápido e peguei o vestido. Só em olhar para ele eu ri. Era preto e bem formal, não tão bonito como o outro, mas muito elegante. Seria o ideal. Eu não teria a ajuda de Ana, então antes de vestir-me, fui até o banheiro cachear os cabelos, que no fim acabaram presos num coque propositadamente desarrumado.
Fiquei pronta bem em cima da hora combinada, então desci até a sala, que estava linda, com a decoração impecável. Na minha casa, eu sempre fazia questão de ter pelo menos uma árvore pequena para decorar, mas nunca havia chegado nem aos pés daquilo diante dos meus olhos.
- Nossa, que elegância, Helena! - exclamou Samanta, olhando para mim, admirada.
Nem deu tempo de eu responder, pois a campainha tocou naquele momento. Maria, que também estava na sala, foi atender a porta.
Eu não queria que todos estivessem ali quando ele chegasse. Mas já que foi inevitável...
- Boa noite! - Hugo saudou assim que entrou e todos responderam.
Ele estava extremamente elegante com um smoking, mesmo nós estando em pleno verão nordestino. Me senti uma mendiga.
- Tudo bem, rapaz? - Marcos perguntou.
- Tudo ótimo e com o senhor?
- Como Deus quer.
- Vamos deixar vocês à sós. Luíza precisa tomar banho - Samanta falou e subiu, arrastando Lu e Ana consigo.
Ela sabe o momento que deve sair de cena.
- Quais são seus planos? - Marcos indagou, dirigindo-se à nós dois.
- Vamos a um restaurante - respondi, falando o que o Hugo havia me dito.
- Sim. Não é muito longe daqui. O que posso fazer para que o senhor não fique preocupado?
- Cuidar bem da minha filha e trazer ela sã e salva pra casa. Caso contrário você vai se ver comigo.
O minha filha rebombou na minha mente por um bom tempo. Aquilo era novo para mim.
- Pode deixar - Hugo sorriu.
- Helena, qualquer coisa me liga. Estejam aqui no máximo às 23:00 hs. Ok?
- Tudo bem. Podemos ir? - perguntei, querendo fugir dali.
- Podem. Juízo. E bom jantar - Marcos concluiu.
Agradecemos em uníssono e saímos.
Minha filha!
Aquela cena devia ser considerada bastante normal entre as garotas da minha idade e seus pais. Mas como não tenho uma relação saudável com o meu, aquilo foi bem estranho. Devia ter sido, até aquele momento, a demonstração mais próxima de afeto paterno que já tive.
- Já falei que você está linda? - Hugo me perguntou, tirando-me do transe.
- Ah! Não - tentei sorrir.
- Pois está. Seu vestido é lindo. Cai bem no seu corpo.
- Obrigada! - agradeci, um tanto desconcertada.
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O Verão de HELENA
Roman pour Adolescents"Essa pode parecer só mais uma daquelas histórias clichês, onde a mocinha aparece pela primeira vez na cozinha, conversando com sua mãe e comendo uma maçã. Mas cada história segue um rumo e a minha, que seguia em linha reta, passou a fazer curvas be...