Capítulo 10 - Escargot?

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A realização do jantar de Natal encontrava-se próxima e estávamos atrasados em decorar a casa para esse dia. Lu queria que eu ajudasse em tudo, então antes do meu majestoso encontro, fiquei ocupada, montando árvore, decorando, colocando pisca-pisca em tudo, fazendo recortes natalinos, etc.

Isso levou a tarde toda. E todos participaram, até mesmo Marcos. Eu fiquei tão concentrada em tudo aquilo que quase esqueci de ir me arrumar. Quando me dei conta, saí correndo para o quarto, deixando apenas algumas coisas para o pessoal terminar.

Tomei um banho super rápido e peguei o vestido. Só em olhar para ele eu ri. Era preto e bem formal, não tão bonito como o outro, mas muito elegante. Seria o ideal. Eu não teria a ajuda de Ana, então antes de vestir-me, fui até o banheiro cachear os cabelos, que no fim acabaram presos num coque propositadamente desarrumado.

Fiquei pronta bem em cima da hora combinada, então desci até a sala, que estava linda, com a decoração impecável. Na minha casa, eu sempre fazia questão de ter pelo menos uma árvore pequena para decorar, mas nunca havia chegado nem aos pés daquilo diante dos meus olhos.

- Nossa, que elegância, Helena! - exclamou Samanta, olhando para mim, admirada.

Nem deu tempo de eu responder, pois a campainha tocou naquele momento. Maria, que também estava na sala, foi atender a porta.

Eu não queria que todos estivessem ali quando ele chegasse. Mas já que foi inevitável...

- Boa noite! - Hugo saudou assim que entrou e todos responderam.

Ele estava extremamente elegante com um smoking, mesmo nós estando em pleno verão nordestino. Me senti uma mendiga.

- Tudo bem, rapaz? - Marcos perguntou.

- Tudo ótimo e com o senhor?

- Como Deus quer.

- Vamos deixar vocês à sós. Luíza precisa tomar banho - Samanta falou e subiu, arrastando Lu e Ana consigo.

Ela sabe o momento que deve sair de cena.

- Quais são seus planos? - Marcos indagou, dirigindo-se à nós dois.

- Vamos a um restaurante - respondi, falando o que o Hugo havia me dito.

- Sim. Não é muito longe daqui. O que posso fazer para que o senhor não fique preocupado?

- Cuidar bem da minha filha e trazer ela sã e salva pra casa. Caso contrário você vai se ver comigo.

O minha filha rebombou na minha mente por um bom tempo. Aquilo era novo para mim.

- Pode deixar - Hugo sorriu.

- Helena, qualquer coisa me liga. Estejam aqui no máximo às 23:00 hs. Ok?

- Tudo bem. Podemos ir? - perguntei, querendo fugir dali.

- Podem. Juízo. E bom jantar - Marcos concluiu.

Agradecemos em uníssono e saímos.

Minha filha!

Aquela cena devia ser considerada bastante normal entre as garotas da minha idade e seus pais. Mas como não tenho uma relação saudável com o meu, aquilo foi bem estranho. Devia ter sido, até aquele momento, a demonstração mais próxima de afeto paterno que já tive.

- Já falei que você está linda? - Hugo me perguntou, tirando-me do transe.

- Ah! Não - tentei sorrir.

- Pois está. Seu vestido é lindo. Cai bem no seu corpo.

- Obrigada! - agradeci, um tanto desconcertada.

O Verão de HELENAOnde histórias criam vida. Descubra agora