Capítulo 5 - Doce Incidente

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Preguiça. Esse era o estado que dominava o meu corpo na manhã após a minha chegada. Com os olhos semi-cerrados percebi que o sol estava intenso através da janela do quarto. Ainda deitada, e querendo continuar assim por muito tempo, estiquei o braço e tentei alcançar meu celular. Vi que eram quase 8 horas, dormi mais que o suficiente. Uma parte do meu cérebro achou melhor eu me levantar dali logo e orientar-me. Relutante eu obedeci.

Eu não sabia a hora exata que o pessoal da casa acordava, e não queria perder o café-da-manhã. Mas supus, por estarmos nas férias, que ainda teria um tempinho, então decidi desfazer as malas logo de uma vez.

- Vamos acabar com isso.

É, às vezes eu falo sozinha.

Como eu sempre funciono melhor com música, coloquei algumas para tocar no celular, já que era mais baixo e eu não queria acordar o povo, caso estivessem dormindo ainda. Tinha um guarda-roupa enorme disponível e uns cabides. Então comecei a arrumar tudo. Nesse exato momento, o meu celular decidiu que queria tocar Skank.

Hoje acordei sem lembrar
Se vivi ou se sonhei
Você aqui nesse lugar
Que eu ainda não deixei

Comecei a cantar:

- Vou ficar? Quanto tempo. Vou esperar. E eu não sei o que vou fazer não...

Não sei mesmo. Pensei.

Peguei uma foto minha, da mamãe e de Emili juntas, mal fazia um dia que estava ali e já sentia saudades. Coloquei a foto na mesinha junto à cama, onde reparei no desenho de Luíza ali próximo. Este eu preferi colocar dentro de uma gaveta.

Era muito estranho para mim está com eles, principalmente com ele. Quando eu cogitava a possibilidade de dar uma chance para uma boa conversa, eu olhava para Marcos e lembrava da ausência dele na minha vida. Esse cara sempre tinha agido como se eu fosse um "nada" e sem mais nem menos ele nota a minha existência. E agora eu estava ali em sua casa, com sua família, depois de todos esses anos.

Mas tudo bem, eu estava tentando me comportar como uma pessoa madura, me segurando para não gritar com ninguém. E se eu reparasse, veria que, de alguma forma, aqueles meses poderiam não ser tão ruins. Iria viver na mesma monotonia de sempre, só que com mais conforto.

Perdida em pensamentos, nem percebi o tempo passar. Rapidamente já havia deixado todas as roupas bem arrumadas, guardado os poucos sapatos que estavam ali e organizado todos os objetos e acessórios que levei comigo, além dos dois livros e do notebook que usaria para me distrair durante aquele verão.

Após arrumar a cama e esconder a mala vazia, vi que estava tudo pronto. Tomei um banho bem frio e desci às nove horas para o café-da-manhã.

- Bom dia, Helena. Chegou na hora certa. Sente aí - Samanta falou.

A mesa já havia sido posta e os três estavam sentados, comendo.

- Bom dia! - eu disse.

- Bom dia - Marcos e Lu responderam em uníssono.

- Vamos na praia, Leninha. Você não tá de biquíni? - a menina perguntou.

- Ela não sabia que iríamos, Lu - Samanta interveio. - A gente tava esperando você descer pra te chamar, Helena. Vamos?

- An... Tá. Tá bom.

- Enquanto a gente estiver na praia, Maria, a outra empregada, vai arrumar o seu quarto.

- Eu já arrumei tudo, acho que só precisa espanar.

- Ah, certo. Mas não precisa mais se preocupar em arrumar.

O Verão de HELENAOnde histórias criam vida. Descubra agora