Capítulo 31 - Filmes

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Passava das 14h00 quando nossos amigos desceram do táxi na rua. Já dentro da casa, eu só ouvia reclamações por conta do calor e a disputa de quem tomaria banho primeiro. Bia acabou vencendo uma corrida até o banheiro e Cabeça ficou para nos contar sobre o que o médico tinha feito em relação à picada em Ly.

- Ah, ele só disse que aquele tipo de aranha costuma provocar uma dor terrível, coisa que eu já sabia - Carabino encheu o peito ao falar. - Por isso eu fiz vocês se apressarem tanto: a guria estava surtando. Então a enfermeira apenas aplicou um anestésico e agora tá de boa, né Ly?

- Nem parece que algumas horas atrás eu estava delirando - a garota respondeu, deitada no colchonete no chão. Seu pé estava inchado e eu pude notar manchas avermelhadas em torno dele. - Mas agora eu não sinto nada, então de boa.

Pedro havia colocado o ventilador bem em cima da garota e uma bacia com água gelada em frente, "para o ar não sair quente do ventilador", explicou. Ele ainda foi esquentar a lasanha e a pôs em um prato para ela. Eu estava esperando a pessoa dar comida na boquinha também, mas não aconteceu, graças ao bom Deus. Criatura apaixonada é uma merda e eu espero não estar agindo dessa forma.

Me voltei para Carabino, que enxugava o suor da testa com a camisa que havia acabado de tirar. Por que só o André que não pode ficar sem camisa? Santa injustiça. Pensei por um segundo, mas logo voltei ao assunto anterior.

- Você parece que não perdeu nenhuma aula de biologia, hein, Carabi... Beça? Ca-cabeça - indaguei, gaguejando de leve e receando que ele fosse me xingar.

- Rum. Olha aqui... - Cabeça era tão calmo, mas ele ia me xingar mesmo, porém parou e pareceu pensar. - Vou te chamar por outro nome.

- Você já me chama de Lena, então não tem necessidade disso - falei, mas nada poderia ser tão ruim vindo dele. Dei de ombros. - Ok! Eu não ligo.

- Então tá bom, Eva Gina - ele disse e sorriu.

- Eu não gostei - meu Deus, que horroroso! - Pode ir mudando, deixe de ser besta.

- Ah! Mas eu gostei - ele fez cara de vitorioso. Bia saiu do banheiro nesse instante e sentou do lado de Ly para aproveitar o ventilador. - Hora do meu banho - Cabeça saiu de perto de mim, sorrindo. E antes de fechar a porta ainda falou: - Ah, eu pretendo ser biólogo, Eva Gina - e se trancou no banheiro.

- Eva Gina? - Bia indagou, rindo, o que fez Pedro e Ly quererem soltar a risada que, claramente, estava presa na garganta.

- Calem as bocas! - falei, fechando a cara e cruzando os braços. - Cadê o André?

- Estou aqui! - ele falou alto da cozinha. Cheguei lá e o vi sentado no chão, com as costas viradas para a geladeira aberta e a cabeça deitada numa grade já dentro. Agora sim ele estava sem camisa.

- O que está fazendo? - perguntei, o achando meio maluco.

- A gente tem que se virar como pode nesse calor. Não sei como está aguentando.

- Nem eu sei, pra te falar a verdade. Acho que essa casa não deveria ter só uma janela, não deveria nem ter paredes.

- Aqui está fresco. Senta no meu colo, vai - ele me ofereceu a mão e eu me abaixei. Dali de baixo ninguém podia nos ver, pois o murinho que separava a cozinha da sala era meio alto.

André ficou com o rosto no meu pescoço, enquanto eu colocava as mãos dentro da geladeira para receber o máximo de frescor possível. O garoto me apertava, ora mordendo minha orelha, ora beijando o meu pescoço. Aquilo não era justo comigo.

- Tenta se controlar um pouco - falei, rezando para que ele não se controlasse. Coloquei a mão em seu cabelo e puxei a boca dele para a minha.

- Tenho uma notícia ruim e uma boa - Pedro apareceu de repente falando e eu suspirei de frustração.

O Verão de HELENAOnde histórias criam vida. Descubra agora