Capítulo 38 - Emocional

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Noite e madrugada terríveis. Como se já não bastasse ter ficado super triste e assustada, tenho que estar doente também. Legal.

Acordei com um pano gelado e uma mão na minha testa. Eu suava loucamente e o frio do ambiente estava me matando. Nem ousei abrir os olhos.

— Por favor, aumenta um pouco a temperatura desse ar – sussurrei para quem quer que estivesse com a mão na minha cabeça, enquanto puxava o edredom mais para cima.

— O ar já está desligado há muito tempo, meu bem – foi a voz de um homem que respondeu.

Abro de leve os olhos e vejo Marcos ali sentado do meu lado na cama, com uma bacia na mão. Ele tira o pano da minha cabeça e põe dentro do recipiente, deixando-o de lado na escrivaninha. O homem colocou as costas da mão no meu pescoço e depois ajeitou o cabelo que estava colado na minha testa. Pareceu preocupado.

Não falei nada, só fechei os olhos e comecei a lembrar da noite passada, do que me fez ir até ali e de como cheguei. Não, é melhor nem lembrar. Tentei recordar apenas do que fiz depois que abracei o Marcos, por falar nisso, devia estar muito nervosa para ter me jogado em seus braços. Nossa, eu ainda me abri para ele. Entre lágrimas contei tudo o que tinha acontecido e sobre como me sentia por dentro. Foi como se eu estivesse desabafando para um pai de verdade.

Marcos não me largou um segundo, me trouxe para o quarto, eu coloquei um roupão e ele ficou na cama comigo até eu pegar no sono. Pena que acordei várias vezes durante a noite com pesadelos e tremores. Ele aparecia quando eu gritava e cuidava de mim. Foi tão estranho.

Aqueles três homens da noite anterior não queriam sair da minha cabeça. O que poderia acontecer se eu não tivesse corrido? E se eles tivessem me pegado? Quando parava de pensar sobre isso, André voltava à minha mente e a tristeza vinha junto.

Será que eu avisei a Ly que estou aqui? Tentei puxar na memória, mas não lembrei dessa parte.

— Lyanna não sabe que vim pra cá – informei, abrindo os olhos e levantando um pouco o corpo para olhar em volta. Pra quê fiz isso? Senti um cansaço repentino e caí na cama novamente.

— Não faz esforço, querida. Já falamos com ela, não se preocupe – ele ajeitou meu travesseiro.

— Mas não quero preocupar ninguém. O que disse a ela?

— Que você sentiu saudades e quis nos visitar de última hora. Quer dizer, visitar Luíza e Samanta – Marcos pigarreou constrangido e se levantou.

— Obrigada – abri um micro sorriso e ele assentiu satisfeito. Acho que eu nunca sorri pra ele antes.

— Vou mandar trazer seu café.

— Não estou com fome – MEU DEUS! Devo estar à beira da morte pra não ter fome assim, pensei.

— Você precisa comer, filha. Senão vou ter que chamar um médico. Não sei porque deu essa febre em você, provavelmente a chuva ou a temperatura baixa de ontem à noite...

Filha!

— Na verdade, não há nenhuma ligação entre chuva e febre, chuva e resfriado, chuva e qualquer doença ou sintoma. Não culpem a pobre por tudo – tentei fazer com que minha voz saísse alta, mas acabei sussurrando.

— Ah, é, senhora sabe-tudo? Então por que está com febre se não foi a chuva?

— Não sei ao certo. Talvez eu tenha que chamar meu amigo Cabeça pra dar uma palestra aqui – respirei um pouco pra ganhar fôlego. — Porém sei que febre é só uma reação a algum tipo de vírus ou infecção bacteriana, ou talvez a alguma coisa pior, esse último é mais improvável se tratando da minha pessoa. Enfim, isso certamente passará em pouco tempo.

O Verão de HELENAOnde histórias criam vida. Descubra agora