Capítulo bônus - Gasolina

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Por: Lyanna

Eu só passei a ter plena consciência de que estava sendo idiota com Lena depois que ela disse que iria para casa. Não era para ser assim. Ela não poderia ir embora e nos deixar, ainda mais por minha causa. Sim, eu sabia que o mundo teria razão em me odiar. E tudo isso por quê?

Na noite anterior, eu não acho que foi justo a culpa cair toda em cima de mim por termos nos perdido e por irmos parar naquele fim de mundo. Mas tudo bem. Me estressei, assim como todos, e ainda briguei novamente com Pedro quando estávamos montando as barracas, porém eu fui dormir disposta a resolver tudo quando acordasse. Chega de brigas e discussões!

Então André apareceu de madrugada, pedindo para dormir na minha barraca.

- Por que quer dormir aqui? - indaguei, cheia de sono.

- Pedro não quer dormir com você, então não tenho onde ficar - ele disse, já entrando.

- Ele não quer? Bem, você não precisava ser tão sincero - falei, dando espaço para ele deitar. - Mas eu não me importo mesmo.

- Gosta dele, não é?

- Af! Não! Olha, se vai dormir aqui, então fica de boca fechada - me virei para deitar, mas sentei novamente. - E Lena, onde está?

- Dormindo junto dele lá. Tadinha - ele riu.

- Você deixou a garota que você gosta dormir com outro cara? E logo aquele cara?

- Ei! Epa! Ly!

- O que foi? Você é muito besta mesmo.

- Pedro pode ser daquele jeito, mas ele é meu amigo e nunca daria em cima da garota que amo. E é amigo dela também. Acho que existe muita confiança envolvida, sabe? Sim, confio nos dois. Agora boa noite.

- Grrr... Ok! - me deitei, meio muito bastante puta da vida. André já tinha se virado.

Eu estava pensando em como Lena tinha sido uma filha de uma cadela sem dono em dormir com o cara que eu era afim. Fiquei o resto do tempo pensando neles dois lá, sozinhos. André é um tolo! Mordi meu lençol para conter a raiva.

Por que eu tenho que estar gostando de Pedro? Por que ele tinha que se declarar e reacender essa maldita chama dentro de mim? Pensei. E me questionei também por que eu era tão ciumenta a ponto de agir como um ser irracional?

Mal dormi.

Acordei cedo querendo desaparecer, mas não tinha para onde fugir, então passei algumas horas no carro, já que eu estava com as chaves e tal. Fiquei ali, ouvindo música e pensando besteiras. Eu só estava querendo bater minha cabeça repetidas vezes em algo duro, até abrir um buraco nela e sair de lá todos aqueles pensamentos malucos.

Saí do carro e bati a porta. Fui andando pela estrada, que era estreita e totalmente deserta. Andava na esperança de ser abduzida por anões voadores, mas não encontrei nada nem ninguém mesmo após vários minutos de caminhada. Só via árvores, pássaros e uns fios entre um poste e outro. Cansei e já ia voltando quando ouvi vozes distantes. As segui, com receio de que fossem caçadores de onças pintadas ou até cangaceiros. É, minha mente estava confusa.

Virei em uma curva e as árvores estavam diminuindo à medida que eu andava, mesmo assim fiquei atrás de uma delas, tentando ouvir qualquer coisa. Mas as vozes sumiram. Foi quando duas crianças apareceram atrás de mim, gritando, na tentativa de me assustar. E é claro que conseguiram.

O Verão de HELENAOnde histórias criam vida. Descubra agora