Quando me propuseram passar as férias ali, nem havia passado pela minha cabeça a ideia de ir à uma festa. Mas desde que eu tinha chegado as coisas não aconteceram exatamente como planejei mesmo.
Na noite anterior, Ly ligou para me dar todas as informações da festa. Seria organizada por um dos amigos dela, Cabeça. Era assim que realmente o chamavam. O esquema era que em cada fim-de-semana algum dos amigos dava uma dessas. Essas comemorações poderiam ser tanto na casa de alguém, como na praia ou até na rua. O importante era ela ser realizada.
Isso estava menos ainda nos meus planos. Principalmente porque eu não tinha muitas roupas de festa ali. Porém, uma coisa de cada vez e uma festa de cada vez.
Tirei do cabide o único vestido que eu havia levado, o meu preferido. Não sei que cor era aquela, mas parecia um rosa quase branco. Era um pouco curto, apertado na cintura e solto nas pernas. Coloquei-o na cama e peguei um salto preto bem alto, deixando-o no chão.
Faltavam poucas horas para a festa e Marcos ainda não estava sabendo que eu compareceria a ela. Achei que devia pelo menos avisá-lo, já que eu estava me hospedando em sua casa. E foi o que fiz. Ele estava na frente da casa, lavando seu carro com uma esponja e um balde com sabão.
- Acho legal você estar interagindo com as pessoas daqui do bairro - ele começou, em tom brando, assim que eu expliquei a situação. - Mas acho também que ainda está muito cedo pra você sair pra esses lugares assim e à noite.
- Eu acho o contrário. E não estou pedindo permissão, só estou avisando - falei, incisiva.
- Helena, você está sob minha responsabilidade e eu só estou preocupado - ele largou a esponja e se concentrou totalmente em mim. - São pessoas que você não conhece, em um lugar estranho.
- Eu já conheci uma parte do bairro e a Ly é gente boa.
Não entendo porque ele estava dando uma de preocupado. E, bom, era só uma festa. Marcos veio com uma ladainha enorme sobre riscos e blá blá blá. Eu respirei fundo, contei até dez e fiquei calma. Incrivelmente calma.
No final, conversando civilizadamente, ele chegou à conclusão de que eu poderia ir a tal festa, contanto que eu o ligasse assim que chegasse lá e tivesse hora para voltar pra casa. Tranquilo.
- E eu vou ligar pra sua mãe avisando - ele falou, por fim e eu revirei os olhos.
Eu entrei na casa, subi as escadas de dois em dois degraus e fui direto pro banho. Assim que terminei, vesti qualquer roupa e bati à porta do quarto da Lu para pedir ajuda. Ana estava com ela.
- Meninas, vocês podem me dar uma mãozinha? - perguntei, entrando.
E sem esperar resposta, arrastei as duas para o meu quarto. Fui até o guarda-roupa e peguei o babyliss.
- Eu até faria isso sozinha, mas vai ser mais legal se vocês me ajudarem - eu disse, entregando o objeto pra Ana e sentando numa cadeira.
- Olha não sou muito boa com essas coisas, mas a gente tenta - Ana falou, pegando meu cabelo seco e começando a fazer os cachos.
- Que vestido bonito. Você vai pra onde? - Lu indagou.
- Festinha!
- Posso ir?
- Você é muito nova pra isso, moça. Mas quando crescer, a gente vai juntas.
- Tá bom - ela disse, alisando o vestido.
Quando Ana acabou, eu fui no espelho olhar o resultado e comecei a passar os dedos por entre os cachos prontos, para ficar com um efeito bagunçado.
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O Verão de HELENA
Roman pour Adolescents"Essa pode parecer só mais uma daquelas histórias clichês, onde a mocinha aparece pela primeira vez na cozinha, conversando com sua mãe e comendo uma maçã. Mas cada história segue um rumo e a minha, que seguia em linha reta, passou a fazer curvas be...