FINAL - Despedidas Fervorosas

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- Pronta, Lena? - mamãe pergunta da porta do quarto e me desperta de um transe.

- Que horas são? Tenho tempo, não tenho? Quer dizer, se vamos sair às 14h...

- Já são quase 13h, querida. Você não iria fazer uma coisa antes de irmos?

- Meu Deus, já é tão tarde. Mãe, preciso me aprontar. Cadê a Emi? - pergunto, enquanto pulo dentro de uma calça.

- Lá embaixo, ela já vem terminar de se arrumar. Lena, promete que não vai perder esse voo?

- Prometo. Confie em mim, tá? Se eu não fosse viajar, teria falado pra você e meu pai ontem. Vocês já sabem qual foi minha decisão.

- Sim. Fico orgulhosa de ter tomado essa atitude. Não dessa atitude específica, mas sim de ter maturidade e confiança de seguir determinado caminho com convicção.

- Tipo, é isso que eu quero, então é isso que vou fazer e foda-se as consequências!?

- Lena! Cuidado com esses palavrões - ela me reprova enquanto eu sorrio e visto uma camisa de manga comprida. - Mas não é bem assim. Seria muito ruim, por exemplo, se você dissesse "que se exploda as consequências, eu vou cheirar crack".

- Eu nunca falaria "que se exploda", já que o "foda-se" é bem mais legal. E outra, não se cheira crack. Se fuma crack.

- Eu acho que você está sabendo demais - ela me olha com desconfiança.

- Quê? Eu não fumo, mãe.

- O fato é que se o que você tiver disposta a fazer não trouxer nenhum mal a si mesma, nem a ninguém, então se joga. Se depois você achar que fez a coisa errada, pense que ainda terá muitas outras chances pra acertar. O importante é sair experimentando.

- O André uma vez me falou algo sobre experimentar sabores novos - parei e sorri abertamente para mim mesma ao lembrar. - Nossa, você é uma mãe mais liberal do que imaginei.

- Só quero ser um pouco diferente de como minha mãe era.

- Obrigada por tudo, tá?

- Você sabe que sempre pode contar comigo - assenti e voltei a me apressar. Eu me sentia leve. Leve e agora atrasada. - Vou levar suas malas lá pra baixo.

Minha mãe pega uma grande, que já estava fechada e vai saindo do quarto. Corro para escovar os dentes e volto para prender o cabelo num coque horroroso.

- Certo, estou linda! Mentira, não estou - reclamo para a imagem que o espelho reflete e faço careta.

Ponho uma sapatilha nos pés, passo lápis e rímel nos olhos e me olho novamente. Batom, batom! Passo o primeiro que vejo e fecho a necessaire. Depois disso apenas pego minha segunda mala e desço correndo às escadas. Emili está montando um quebra-cabeças com Luíza e Ana. Marcos, Toni e mamãe conversam sobre qualquer coisa. Largo a mala lá e comunico:

- Gente, estou indo. Até daqui a pouco.

- Pra onde vai? - Toni me pergunta quando já estou na porta. Sempre por fora das tretas ele. - O táxi chega às 14h.

- Eu tô sabendo. Volto antes disso.

Saio em disparada pela porta e corro pelas ruas como se estivesse numa competição muito acirrada com o Bolt.

Saio em disparada pela porta e corro pelas ruas como se estivesse numa competição muito acirrada com o Bolt

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