Lá fora o crepúsculo já havia caído sobre a cidade, mas o céu estava bastante estrelado. Parei um instante na porta do aeroporto para observar o novo ambiente. Ao sentir a atmosfera do lugar, vi que o clima era bem diferente do habitual. Estava um pouco quente, porém a brisa que chegava até mim fazia com que o calor fosse bem agradável, então eu decidi que havia gostado do lugar. Se eu pudesse somente trocar as pessoas com a qual eu teria que conviver durante esse tempo...
Marcos já havia colocado minha bagagem no porta-malas de seu carro, que era bem enorme por sinal, então eu entrei e sentei no banco de trás. Ele se acomodou ao volante e deu a partida, em silêncio, para o meu contentamento. Silêncio esse que não durou cinco minutos.
- Tenho certeza de que você vai adorar o lugar. Não moramos exatamente de frente pro mar, mas é tão pertinho e a vizinhança é bem legal - disse ele, em um tom meio nervoso e meio animado. - Em trinta minutos estamos lá.
Continuei calada e enquanto ele falava resolvi mandar uma mensagem para a mamãe:
Oi mãe, estou no carro dele. Em poucos minutos chegaremos na casa. Vamos ver até quando irei aguentar. Beijoo!!!
- Samanta está preparando um jantar delicioso. Você deve estar morrendo de fome - ele continuou, olhando pelo retrovisor.
- Estou - não pude deixar de responder, já que se tratava de comida.
- Ótimo! - ele falou, sorrindo. - Ah, tem um quarto decorado especialmente pra você, Samanta e Luíza que arrumaram tudo. Espero que esteja do seu agrado.
- Hmm.
Não quis perguntar quem era Luíza, pois era óbvio que se tratava de uma empregada. Não achava que Samanta se esforçaria, minimamente, na decoração de um quarto para uma estranha. Enviei uma mensagem para Emi, antes que ela me colocasse em sua lista negra:
Socooorro!!! Ainda nem cheguei na casa deles e já quero voltar pra minha. Venha me resgatar. Beijos!!!
Já que Marcos havia parado de tagarelar, pus meus fones de ouvido e passei o restante do trajeto ouvindo músicas e olhando a cidade através do vidro escuro do carro.
Após um determinado tempo, ele parou o carro bem em frente a uma casa que era simplesmente deslumbrante, com portas e janelas de vidro. Não sabia que ele tinha dinheiro para comprar uma daquelas. Eu desci do carro e fiquei olhando-a, enquanto ele se encaminhou para pegar minhas malas. Achei estranho saber que eu ia passar algum tempo naquela casa, já que eu era acostumada a viver em uma tão pequena como a minha.
- Samanta vai te ajudar a levar as coisas pra dentro - ele chamou minha atenção, apontando para uma mulher que vinha em nossa direção. - Enquanto isso eu vou estacionar o carro. Já já te encontro.
E saiu.
A mulher que se aproximou era muito bonita. Aparentava ter uns 35 anos, mais nova que minha mãe. Era loira, meio magra e usava um jeans básico com camiseta.
- Helena, seja bem-vinda - ela falou, sorrindo. - Como foi a viagem?
- Bem - eu disse, desconfiada de que ela fosse me atacar. Nos meus sonhos, ela era uma bruxa e não uma modelo aposentada de capa de revista.
- Vou te ajudar com essas coisas. Vamos?
Eu peguei uma mala, Samanta a outra e caminhamos em direção à entrada. Ela, claro, na minha frente, pois eu não ia dar às costas a uma cobra. Quando entramos eu me deparei com uns brinquedos espalhados pela sala e parei.
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O Verão de HELENA
Novela Juvenil"Essa pode parecer só mais uma daquelas histórias clichês, onde a mocinha aparece pela primeira vez na cozinha, conversando com sua mãe e comendo uma maçã. Mas cada história segue um rumo e a minha, que seguia em linha reta, passou a fazer curvas be...