Bia e Cabeça já entraram emburrados no carro. Me colocaram até na poltrona do meio, pois não queriam se falar de jeito nenhum. Nós não entendemos nada. Eles saíram de perto da gente por 15 minutos e quando voltaram estavam desse jeito. Mas não perguntamos o motivo, ninguém deu um pio sequer durante uma parte da viagem e já estávamos na estrada há vários minutos, até que...
- Lena, você pode pedir a esse indivíduo aí do seu lado pra passar meus fones que estão em seu bolso? - Bia falou para mim, polidamente.
- Ok - assenti, sem emoção na voz. - Cabeça, a Bia está pedindo seus fones - ele me entregou o objeto e falou:
- Diz a essa garota aí que eu entendo o fato de ela não confiar em mim pra guardar seus fones.
- O quê? - indaguei. - Er... Bia, o Cabeça disse que ele entende... Ah, você ouviu.
- Lena, você fala pra esse rapaz, que se ele não me deixa ver suas coisas, é sinal de que ele esconde algo de mim, então é normal que eu não queira mais confiar a ele o cuidado de meus fones - a garota falava olhando para mim.
- Eu não vou dizer nada não, viu? - olhei para frente já chateada, revirando os olhos e vi Pedro rindo pelo retrovisor. Para piorar ele ainda colocou Evanescence pra tocar no rádio e, propositadamente, fazer o clima ficar mais tenso e dramático.
- Lena, você pode falar...
- Chega vocês dois! - Cabeça ia dizendo algo, mas eu o interrompi bruscamente. - O que é que tá rolando aqui?
- Pergunta pra ele - Bia encostou na poltrona de braços cruzados.
- Eu estou perguntando pros dois - falei com uma autoridade que eu nem sabia que tinha. Ela respirou fundo e explicou:
- Seu amigo não quis me dar a senha de seu celular quando eu pedi pra ver umas coisas.
- Será que é porque isso é uma invasão de privacidade? E eu tenho certeza que você iria ficar vasculhando todas as minhas conversas no whatsapp - ele retrucou. Eles falavam com a voz um pouquinho alterada.
- Eu sou sua namorada, caramba! E se você esconde tudo a sete chaves, eu não devo desconfiar que está fazendo algo de errado? - ela argumentou, enquanto eu rezava para algum disco voador me abduzir dali.
- Mas não estou, eu só queria um voto de confiança.
- Mas você sabe a minha senha e eu não ligo pra isso.
- Só que eu não vasculho suas coisas. E você olharia todas as minhas, não negue.
- Tá, eu sei - ela bufa, dando o braço a torcer. - Você deve continuar com sua privacidade, mas eu não queria que escondesse tudo de mim.
- Eu não escondo, é só que... Tudo bem, eu sei que é chato - ele diminui o tom de voz. - E não devíamos ter segredos.
- Eu não escondo segredos de você.
- Muito menos eu, amor.
- E não vou vasculhar suas conversas - ele assentiu.
- Tudo bem. Pode olhar - então Cabeça mostrou a senha à garota. Era um padrão que formava a letra M.
- Que amiguinha sua tem o nome que começa com a letra M? - Bia perguntou.
- Bianca!? - o rapaz repreendeu-a.
- Estou brincando - ela falou rindo dele.
Então rolou o beijo da reconciliação. E depois mais outro e outro. Isso bem em cima de mim. Pobre, Helena!
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O Verão de HELENA
Ficção Adolescente"Essa pode parecer só mais uma daquelas histórias clichês, onde a mocinha aparece pela primeira vez na cozinha, conversando com sua mãe e comendo uma maçã. Mas cada história segue um rumo e a minha, que seguia em linha reta, passou a fazer curvas be...