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- Ah....oi Edward - murmurei sem graça - Eu ja estou melhor, obrigada pela preocupação.

- Você sabe que me importo com você.

Ele segurou uma das minhas mãos entre as suas praticamente ignorando a presença de Alfonso ali. Eu estava realmente constrangida.

- Eu falo sério, já estou melhor...foi só um mal estar...coisa do trabalho.

Alfonso nos encarava e eu podia ver a confusão que se formava no rosto dele. Era um misto de curiosidade e ciúme, provavelmente por não ter minha atenção mais voltada a ele.

- Vamos eu vou te levar pra casa - ele insistiu pela terceira vez enquanto conversáva-mos na varanda que havia ali.

- Ed eu estou bem, ta legal? Eu estou acompanhada, não preciso que você me leve pra casa.

- Você e aquele cara? - insinuou. Eu neguei veemente.

- Não tem absolutamente nada a ver.

- Tem certeza?

Ele me olhava com sentimento de posse enquanto precionava meus pulsos entre as suas mãos. Era a primeira vez que ele agia assim e eu estava um pouco assustada com aquela reação repentina.

- Eu tenho...e será que pode me soltar? Você está me machucando - reclamei irritada.

- Tudo bem, desculpa eu não quis machucar você é só que - o interrompi. Ele passava as mãos nervoso pelo cabelo, o despenteando enquanto eu alisava meu pulso vermelho.

- Esta tudo bem.

- Annie, é sério, desculpa eu não tive a intenção....Eu me descontrolei e você sabe que é importante pra mim.

Ele segurou meu rosto entre as mãos, e eu suspirei agradecendo mentalmente por Alfonso estar de costas e não poder observar aquela cena ridícula.

- Eu disse que está tudo bem Ed - respondi seca.

- Será que....será que eu posso te ligar amanhã, pra gente fazer algo e - o cortei.

- Eu acho melhor a gente ficar um tempo se se ver....Eu estou cheia de trabalho, sem falar que eu não estou numa fase propícia a esse tipo de relacionamento.

- Você o que? - olhou-me incrédulo.

- Você entendeu tudo errado desde o começo - fui firme. Era agora o momento de dar um basta naquilo antes que as coisas perdessem o controle.

- Escuta Anahí, eu achei que nos tínhamos algo...que você tinha a intenção de ficar comigo.

- Eu nunca dei esperanças a você Ed. Minha consciência está bem tranquila em relação a isso....Eu nunca disse que tinha essa intenção...digo de ficar com você, pra mim, nós estávamos apenas nos conhecendo - dei de ombros. Ele pareceu bufar com o meu descaso.

- Quer dizer que você estava curtindo? Tirando onda com a minha cara? - ele segurou meus punhos de novo. Dessa vez eu tive vontade de gritar. Mas não faria isso, não em uma sorveteria e principalmente porque tinham famílias ali.

- Será que você pode me soltar? - murmurei apavorada.

- Então eu fui um idiota em me preocupar com você todo esse tempo?

- Edward eu já pedi pra você me soltar....as pessoas estão olhando - disse entre dentes e ele me soltou bruscamente. Se eu não tivesse equilíbrio o suficiente teria ido diretamente de encontro ao chão.

- Eu não posso acreditar - ele passou as mãos pelo cabelo novamente. Talvez fisesse isso quando estava terrivelmente irritado como agora. Eu estava completamente surpresa.

- Por favor, vai embora.

- Anahí você - o interrompi. Eu estava de saco cheio.

- Vai embora Edward.

E então senti o sapato italiano que ele usava soar sobre o piso amadeirado. Quando me virei, ele já cruzava a porta de saída a passos largos. Graças a Deus eu usava uma camisa de manga longa o que me auxiliaria a esconder aquelas marcas avermelhadas dos meus braços. Tudo o que eu não queria era ter que dar explicações. Não agora.

- Nossa, você demorou - ele brincou quando sentei novamente a mesa - Desculpa, não queria causar problemas a você.

- Você não causou - neguei - Não mesmo.

- Seu namorado se chateou por estar aqui.

- Ele não é meu namorado, e está tudo bem...já disse.

Diante do meu desconforto ele resolveu suspender as perguntas e eu agradeci mentalmente por isso.

- Você quer pedir mais alguma coisa?

- Uma água, se não for incômodo.

Toda aquela atmosfera grosseira e rude havia me deixado desolada. Nunca, nunca mesmo imaginei que Ed seria capaz de tamanha agressividade. E o pior de tudo é que por mais que eu quisesse encontrar algum resquício de culpa da minha parte simplesmente não conseguia. Eu nunca havia correspondido aos sentimentos dele. Era visível que ele havia entendido tudo absolutamente errado.

- Obrigada - agradeci a garçonete levando o copo de água ao encontro dos meus lábios. O botão do punho da minha camisa se abriu revelando o que eu queria esconder. Até tentei disfarçar mas era tarde demais. Alfonso já me olhava com o cenho franzido.

- O que ouve com os seus braços?

- Como assim? - fingi falso espanto.

- Foi ele quem fez isso com você? - ele trincou os dentes pegando meu pulso direito entre as mãos.

- É claro que não - neguei recolhendo o braço.

- Anahí isso é grave, olha só como ele deixou você.

- Alfonso eu vou pra casa está bem? Amanhã eu acordo cedo e está tarde e - ele me interrompeu enquanto eu tentava levantar.

- Você vai mesmo fingir que nada aconteceu? Vai mentir pra mim?

- Alfonso por favor - suspirei pedindo passagem, as lágrimas quase queriam saltar dos meus olhos.

- Não, eu levo você, eu e Chloe ja estamos indo - Eu o barrei.

- Eu vou sozinha ok? Aguardo sua ligação pra falarmos da festa da Chloe....E Obrigada pela companhia, foi bom conversar com você.

E sem mais delongas paguei a conta no caixa e segui pela porta de saída. Era a primeira vez que aquilo acontecia comigo e eu não estava sabendo exatamente como lidar com aquela situação.

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