034

1.1K 95 31
                                    

- Companhia de Ballet com 7 letras - Maite coçou o queixo com a ponta da caneta cor-de-rosa - Deixa-me ver - a cortei.

- Bolshoi, Maite.

- É isso aí! Como não pensei nisso antes? Você é boa nisso heim Anahí.

- Sabe no que eu sou melhor ainda? - ela negou - Em elaborar uma boa defesa criminal, mas em silêncio - soletrei a última palavra.

- Em primeiro lugar você nem deveria estar trabalhando, e em segundo lugar, Thomas devia estar colaborando com isso - jogou a revista de passatempos sobre a mesa e levantou alisando o blazer branco, de linho.

- Thomas sabe que preciso me ocupar.

- Thomas é um explorador, isso sim - abriu a geladeira apanhando uma garrafa de água.

- Como foi ontem? O encontro com Koko?

- Péssimo. Você não faz ideia de quem apareceu lá - jogou-se ao meu lado no sofá.

- Quem?

- Mane.

- Que Mane?

- De La Parra - arregalei os olhos - Esse aí mesmo.

- Mas ele não estava na Suíça?

- Suécia. Estava trabalhando na embaixada do governo e puta que o pariu Anahí, se arrependimento matasse a essas horas eu estaria a sete palmos, coberta de ervas daninhas.

- E o que aconteceu com mimimo Mane é um imbecil, mimimi jamais vou perdoa-lo mimimimi - arqueei as sobrancelhas e ela gargalhou jogando a cabeça pra trás.

- Você sabe que eu nunca falo sério.

- E o que você vai fazer a respeito?

- Eu nada, masssss - mostrou-me  o guardanapo amassado - Ele já fez.

- Você não presta - ri.

- Não mesmo - concordou.



- E então, uma grande tempestade fez a pequena casa voar para longe e

- Tia Annie?

- O que houve? - afaguei-lhe os cabelos com carinho, enquanto a fitava.

- Como é que nascem os bebês?

COMOÉQUEÉ?

Calma Anahí, é só uma pergunta e ela é só uma criança com certeza vai acreditar em qualquer história que você inventar. Vamos la, respira é só pensar. Vamos Anahí, vamos.

- Você não vai responder Tia Annie? - ela me olhou curiosa. E eu tomei ar pensando em uma saída.

- Bom, é só que, bem - suspirei - O papai tem uma sementinha do amor dentro dele, a a mamãe tem uma sementinha do amor dentro dela. Quando essas duas sementinhas se encontram elas geram uma outra - sorri - E aí papai do céu faz uma mágica e transforma essa sementinha em um bebe bem pequenininho, e ele fica guardado aqui - apontei minha barriga - Até que ele fique maior e possa nascer.

- Hmmmm - pareceu convencida - E porque não na barriguinha do papai?

PRONTO. Sai dessa agora Anahí.

- Porque, porque, bom porque o papai tem muuuuito trabalho. Aí papai do céu deixa esse papel para a mamãe.

- Hmmmmmmm.

- Vamos continuar com a história que tal?

- Tá, mas eu quero biscoito.

- Tudo bem - levantei da cama - Eu vou buscar e você me espera aí sentadinha.

- Aqui está - alcancei a ela a tigela-  Biscoito de chocolate com recheio de morango.

- Tia Annie - mordiscou o biscoito - Adultos fazem xixi na cama?

- Que pergunta é essa Chloe - ri - É claro que não.

- Ué, mas você acabou de fazer - apontou a mancha amarelada no lençol.

- Eu o que? Ai meu Deus - arregalei os olhos tentando manter a calma - É só que a bolsa estourou. Seu irmãozinho vai nascer - senti uma fisgada na parte baixa da barriga - Eu só preciso que você pegue meu celular na sala, consegue fazer isso?

E antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa ela saiu correndo, descalça, e logo voltou com o aparelho nas mãos. Número de Alfonso desligado, pra variar. No dia em que eu conseguisse falar com ele seria capaz de chover canivete em plena Times Square.

- Alô.

- Christopher! Graças a Deus, sou eu. A bolsa estourou, preciso que me leve até o hospital.

- Mas Annie, eu estou aqui no Queens,  meu carro estragou é um amigo me descolou um contato de um cara aqui que faz um bom desconto. Vou demorar no mínimo uma meia hora pra chegar aí.

- Céus - suspirei andando de um lado pro outro da sala - Tudo bem, eu vou dar um jeito.

- Anahí? O que foi?

- Maite eu estou em trabalho de parto, você tem que me levar pro hospital - quase berrei com as contrações que começavam a avançar.

- Mas Annie eu estou naquela audiência, do Paul Shaperd, lembra? As coisas estão feias por aqui, não consigo sair. E Poncho? Ucker?

- Poncho na caixa postal e Christopher no Queens arrumando sabe-se-la o que naquela lata velha - suspirei - Ok, Mai, preciso pensar em algo.

- Me mantém informada, por favor.

E a campainha soou pela enésima vez. Fui prativamente me arrastando até a sala.

- Chloe, fique aí por favor.

Girei a maçaneta dando de cara com a última pessoa do mundo que imaginava encontrar.

- Vamos, com vim buscar você! Maite me pediu um favor e eu realmente precisava me redimir, depois de tudo.

O Antídoto Onde histórias criam vida. Descubra agora