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- Mas era só o que me faltava - a loira cruzou os braços com cara de indignada enquanto batia um dos pés - Isso já está passando dos limites.

- Quem ultrapassou todos os limites aqui foi você! - postei uma das mãos na cintura enquanto a outra era apontada na direção dela - Chantagear a própria filha? Plantar a maldade nela? Chloe está arrasada com as asneiras que disse!

Ela riu, audaciosamente.

- Quando esse - fingiu pensar - Quando essa coisinha aí nascer, você manda e desmanda nele, da minha filha cuido eu, ouviu Anahí?

- Não ciuda, você quis dizer né? - a olhei, indignada - Da pra ver de longe o porquê da Chloe ser uma criança com tantas inseguranças e medos e você - fomos interrompidas pela voz infantil que soltar as mãos de Alfonso e correra em direção a mãe.

- Mamãe! - sorriu esticando os pequenos braços e sendo nitidamente ignorada, na sequência.

- Cadê a sua mochila? Heim? Anda logo Alfonso, não tenho o dia todo e já perdi boa parte dele com essa sua mulherzinha histérica que acha que pode meter o bedelho na criação da minha filha.

- MAS O QUE - pausei com a fisgada que vinha do meu ventre, como se houvesse um bebe dinossauro prestes a devorar o meu útero.

- O que foi? - Alfonso disse de supetão - Está sentindo algo? - me estendeu a mão para que eu me apoiasse nele e eu logo aceitei de bom grado.

- Dor - murmurei baixo - Bem aqui- sinalizei.

- Ok, deixa eu só ver se - bradou irritado-  Droga! Emprestei o carro pro John, vamos ter que pedir um táxi!

- Alfonso, eu não vou conseguir descer essa escadaria toda, o elevador está em manutenção, esqueceu? - sentei no sofá com uma careta - Acho melhor levar Chloe até a porta e depois vemos a melhor alternativa - sussurrei.

- Tem certeza que consegue suportar?

Acenti com a cabeça.


- AI MEU DEUS ANAHI QUE FOI QUE HOUVE? SABE QUANTAS VEZES TENTEI TE LIGAR? SABE O QUANTO FIQUEI PREOCUPADA COM VOCÊ? SEM SABER SE VOCÊ TINHA SIDO SEQUEATRADA OU SEI LA, OU ABDUZIDA POR UM ALIEN OU - o médico a interrompeu.

- Senhorita?

- Perroni. Maite Perroni - soletrou o sobrenome como se o meu obstetra fosse procurá-la no facebook quando o plantão terminasse.

- Então Senhorita, estamos em um hospital, onde há inúmeras pessoas doentes, então peço que maneire no tom de voz, sem exaltações tudo bem? - eu quase ri. Maite torceu os lábios com cara de poucos amigos e sinalizou com a cabeça, como quem concorda - Ótimo! Sua amiga acabou de passar por um procedimento e precisa de repouso absoluto.

- Procedimento? QUE PEOCEDIMENTO? Quer dizer, desculpa, está tudo bem com o bebê, não está? - perguntou preocupada.

- A senhorita Portilla teve um deslocamento placentario, algo bem comum mas preocupante. Estamos a medicando para que fique tudo bem, acredito que até o final da semana já esteja estabilizada, principalmente em relação às contrações e aí podemos pensar em uma alta com inúmeras recomendações - notificou, enquanto anotava algo no prontuário-  Bom, vou verificar alguns outros pacientes, mas não deixe de me avisar em caso de algum outro problema.

- Obrigada Doutor Bezzauri - agradeci.


- Não pode ser tão ruim assim - enfiou a colher no pudim de morango de cor desbotada da minha bandeja.

- Vai por mim, você vai se arrepender - ri da cara de nojo dela.

- Oferecer isso pra uma mulher grávida devia ser crime federal! - Dulce limpou os lábios no guardapo - Podiam servir uma torta de maçã ou um brownie de chocolate por exemplo.

- Eu seria a pessoa mais feliz do mundo, pode ter certeza disso - salientei terminando de tomar a sopa de legumes.

Alfonso bateu na porta, entrando em seguida. Dulce desceu da cama arrumando a roupa meio amassada.

- Então eu já vou indo. Ucker e eu combinamos de ir ao cinema e sem dúvidas ele vai me criticar até os créditos do filme caso eu atrase - rolou os olhos e eu ri.

- Sei bem como é.

Ela então despediu-se deixando-nos a sós. Alfonso então se aproximou da cama, com uma sacolinha branca de papel.

- Eu trouxe algo, mas vai ser nosso segredinho - riu.

- O que foi que você aprontou aí? - ri feito criança quando dei de cara com a caixa de chocolates. E ainda eram os meus preferidos.

- Faço tudo pra te ver feliz e sem aquela cara horrorosa que estava fazendo antes - rimos.

- Senta aqui traficante de cacau - bati no espacinho vago ao lado da cama - Quem sabe eu aceite dividir alguns com você.

- Tive medo de algo acontecer hoje - alisou minha barriga, mesmo por cima do avental do hospital - Vocês são minha vida e não sei o que faria se algo ruim acontecesse. Foi por causa da briga não foi?

- Amor...deixa isso pra lá, não tem mais importância.

- Não quero que se preocupe com a Chloe! Eu vou resolver tudo da melhor maneira, como já devia ter feito a muito tempo.

- A que se refere? - pedi curiosa.

- Eu quero a guarda dela. A definitiva.

- Amor eu adoraria, mas tem certeza? Não é algo da qual possa se arrepender depois...é irreversível.

- Tenho, vou falar com Thomas na segunda. Vamos ser uma família completa definitivamente - colou a testa na minha selando meus lábios - Prometo pra você que vamos viver nossas vidas da melhor e mais feliz maneira que pudermos. Confia em mim?

Até de nos fechados, pensei.

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