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Alfonso havia preparado uma Yaksoba deliciosa...parece que havia adivinhado meus desejos de comer comida Chinesa. Já estávamos sentados no tapete da sala, eu com um coque frouxo no cabelo e ele completamente extrovertido, era impossível lembrar dos problemas estando assim em meio a risos.

- Tá legal, agora é a sua vez.

- Hmmm - ele murmurou pensativo enquanto dava uma colherada na mousse de chocolate - Eu ja torci pros Dodgers.

Eu fiz uma cara indignada.

- Pelo amor de Deus não conta isso pro seu irmão senão nossa amizade é capaz de acabar em dois tempos - riu.

- Seu segredo estará a salvo, palavra de escoteira - ergui a mão em forma de juramento enquanto ele me olhava desconfiado.

- Desde quando você é escoteira? - riu com a sobrancelha erguida.

- Qual é, vai mesmo desconfiar de mim? - fingi estar ofendida.

- Você não tem cara de escoteira...você não deve aguentar dois minutos em meio a mosquitos e tudo mais - dei um tapa no ombro dele - Au, doeu!

- Pro seu governo, eu fui escoteira sim....fui uma Abelinha de Orange County, uma das maiores vendedoras de biscoito que o clube de escotismo ja teve...aliás, eu ganhei até uma bicicleta com isso.

- Nossa - ele exclamou debochado - Você é mesmo surpreendente.

- E você é mesmo um grandessíssimo chato - dei-lhe a língua.

- Você sabe que sugeriu essa brincadeira só pra fugir da nossa conversa, não sabe?

Suspirei, meu maxilar enrrijeceu.

- Sei...mas isso é um assunto tão delicado, eu não sei bem por onde começar - disse sem graça.

- Que tal pelo começo? - ele sugeriu.

Respirei fundo enquanto deixava o prato de sobremesa sobre a mesa de centro. O olhar de Alfonso acompanhava todos os meus gestos.

- Era próximo ao Natal, eu e Maite, minha amiga de infância, patinavamos na Rockfeller Center...nós fazíamos isso todos os anos. Então, a Mai foi fazer uma brincadeira boba, dessas bem infantis - gesticulei - Ela fez com que eu me desequilibrasse e bem, se não fosse Edward me segurar eu teria levado um tombo feio, quebrado uma perna, sofrido algum trauma, ou sei la.

Meu lado hipocondríaco e dramático parecia querer dar as caras. Alfonso riu e eu continuei.

- Então, depois disso, ele desenvolveu uma leve obsessão por mim...Descobriu meu telefone, passou a mandar flores no meu trabalho - expliquei - No começo eu até achava fofo...afinal, que tipo de mulher não gosta de ser cortejada, não é?

- Mas como ele começou com essas atitudes...digamos violentas?

- Naquele dia, véspera do jantar que tínhamos marcado, quando você viu eu e Dulce no corredor...nós saímos pra jantar e no fim da noite, acabamos em uma social na casa do Chace...Meu colega de trabalho. Ele é o melhor amigo do Edward, são tipo inseparáveis - ele concordou com a cabeça - Então...naquele dia eu estava super cansada...havia trabalhado mais que o normal ja que estava cobrindo Dulce e Maite que havia ido pra Boston, eu realmente queria ir pra casa colocar um pijama confortavel e dormir. Quando eu disse isso, ele simplesmente enlouqueceu...disse que eu não podia ir embora, não quando ele havia ido até lá única e exclusivamente pra me ver. Ele estava com raiva, mas foi muito automático. Eu nem liguei, porque me pareceu uma reação normal, de alguém que estava zangado....chateado, sei la.

- E depois foi no dia em que estávamos na sorveteria....

- Sim, só que dessa vez ele foi mais efusivo, na verdade, nessa vez ele me machucou - abaixei o olhar - Não tenho porque mentir, você mesmo viu tudo.

- E depois voltou a te seguir, e fez isso com você hoje - ele fechou os punhos me vendo assentir - Você devia ter me contado isso naquele dia, na sorveteria...Eu teria feito algo, com certeza ele não teria te machucado dessa forma.

- Eu não quero que você se envolva com isso - o olhei, meus olhos estavam mareados - Edward é infantil...Ele não mede esforços pra conseguir o que quer e se ele for capaz de te machucar por minha causa, eu nunca conseguiria me perdoar.

- Isso não vai acontecer, eu vou me cuidar, tá bem? - acariciou minha têmpora com as costas da mão.

- Eu ja devia estar acostumada...Eu nunca fui de encontrar alguém que realmente quisesse estar comigo e - ele me interrompeu.

- Shiii - levou um dedo até os meus lábios.

- Você deve estar me achando uma boba por dizer todas essas coisas - o olhei envergonhada.

- A única coisa que eu estou achando é que você merece alguém que possa cuidar de você, te proteger e que finalmente queira mesmo estar com você - selou os lábios dele nos meus - E eu estou aqui.

E sem pedir licença ele tomou meus lábios como se fossem seus. Meu coração palpitava tão forte como se fosse capaz de saltar do meu próprio corpo. As mãos dele acariciavam as minhas bochechas enquanto eu prendia meus braços no pescoço dele. Aquela sensação era indescritível, como se fizessem anos em que eu esperava por aquele momento. Como se o encaixe da boca dele sobre a minha fosse tudo o que eu precisasse, e agora, ali, sobre o tapete daquela sala, éramos somente eu e ele, sem problemas, sem fantasmas e sem complicações.

E nada mais poderia estragar isso. Nada mesmo.

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