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- Tira as mãos de cima dela! - foi o que ouvi a voz grave e ameaçadora de Alfonso pronunciar.

Edward riu, um tanto quanto sarcástico.

- Relaxa, cozinheiro - ergueu as mãos, em rendição - Eu não vou fazer nada, pelo menos nada que a An não queira.
Os dentes de Alfonso rangiam dentro dos lábios semi-cerrados. Se não me falhava a intuição, mais alguns minutos ali e ele seria capaz de socar Edward com as próprias mãos até que perdesse completamente a consciência.

- Eu acho melhor entrarmos - olhei Alfonso, aflita, e ele assentiu. Segurando-me pelo braço, demos um impulso rumo a borda do lago, próximo de onde Maite e Dulce estavam.

- Quem o convidou? - disse furiosa, enquanto jogava os patins em um canto da sala e chacoalhava os braços, tentado espantar a neve. Alfonso subira para o banho, minutos antes.

- De quem você está falando? - Blake pediu, alisando o pelo do labrador de Thomas.

- Edward! - quase urrei - Ele está lá fora com uma mochila nas costas, Alfonso ficou a segundos de dar uma bela surra nele e - fomos interrompidos pelos mocassins milimetricamente lustrados, que tilintavam no mármore travertino da escada.

- Eu o chamei - Chace disse dando de ombros - Somos amigos, Thomas disse que poderia chamar quem quisesse. Nada mais juntos - sentou-se na poltrona mostarda vaga, ao lado de Maite.

- Você não tinha esse direito - murmurei totalmente irritada.

- Não é porque o seu lance com ele não deu certo que vou me privar da companhia de Ed por sua causa An, somos amigos, mas veja bem! Edward e eu somos praticamente irmãos.

- Já chega - suspirei irritada - Vou arrumar as minhas coisas - subi as escadas, a passos largos. Maite veio logo atrás com uma xícara de chocolate quente, me arrastando pro quarto dela que era logo ao lado do que eu e Alfonso dividimos no momento.

- Annie relaxa - me forçou a sentar na cama. Eu suspirei.

- Você fala como se fosse fácil - fitei o teto por demorados minutos, antes de voltar a encará-la - Tem noção do que sinto ao olhar Edward? Ao vê-lo perto de mim? Eu tenho medo, nojo, é um misto de sentimentos que nem em duas vidas eu seria capaz de expressar.

Maite me analisou, olhando-me compreensiva.

- Eu acho que você não pode se deixar levar por isso, veja bem, Alfonso está aqui e tenho certeza de que ele não irá deixar com que nada de mal aconteça - afirmou convicta - Vamos lá! É apenas um final de semana, vai passar logo... E lembra? Havíamos combinado de fazermos isso juntas, você não vai dar pra trás por conta do babaca do Westwick não é?

Ela tinha as sobrancelhas arqueadas e me encarava a espera de uma resposta. Foi então que ouvi duas batidas leves na porta. Alfonso estava lá, com um suéter de cashmere escuro, os cabelos bagunçados, com alguns pequenos cachos começando a se formar, aquele sorriso que me deixava mais apaixonada a cada dia, enquanto os olhos traziam um misto de preocupação. Naquele momento Maite teria a resposta que precisava. Eu estava ali com o amor da minha vida, minhas melhores amigas e definitivamente não deixaria com que nada acabasse com aquilo.

- Será que - disse sem graça - Será que podemos conversar um instante?

- Eu vou lá pra baixo ajudar a Dulce com o jantar - Maite levantou carregando a xícara com ela - Se forem transar, troquem os lençóis antes que eu volte - ela sussurrou, não tão baixo ao ponto de Alfonso escutar e soltar uma pequena gargalhada.

- Então o que quer me falar? Olha se é sobre o Edward eu - ele me cortou, ajeitando uma mecha do meu cabelo carinhosamente atrás da orelha.

- Não tem nada a ver com o mauricinho do Uper East Side - rolou os olhos - Tenho uma boa e uma má notícia.

O olhar era de chateação. Pude deduzir que algo havia acontecido.

- O que houve? - o olhei. O cenho franzido.

- Chloe quebrou o braço na escola - o olhei com os olhos aflitos - Mas já está tudo bem - me tranquilizou - Minha mãe ja levou-a ao hospital e todos os primeiros procedimentos foram tomados. Esta tudo em perfeito estado com ela.

- Que bom amor, você me assustou!

- A notícia ruim é que - coçou a nuca - Bem, eu não vou poder ficar aqui com você, como havíamos combinado.

- Como assim? - perguntei chateada.

- Os avós paternos da Chloe estão em Boston, ajudando em uma feira de pequenos animais, e bem, minha mãe tem um casamento em Dallas. Eu até poderia pedir para que Melanie tomasse conta dela, mas você entende que não posso confiar nela vem por cento, ainda mais com Chloe nesse estado. Melanie mal sabe cuidar dela mesma.

Era engraçado ver Alfonso se referir a ex namorada. Era como se nada entre eles houvesse existido e ela fosse apenas uma adolescente irresponsável com quem ele tivera uma filha. Jamais seria a "mãe da sua filha". Seria apenas Melanie.

- Então esta resolvido - levantei, rapidamente - Eu vou com você!

Ele negou, veemente.

- Eu não quero que estrague seu final de semana com suas amigas por minha causa - pousou os braços na minha cintura - Quero que fique e se divirta com elas. Estaremos juntos novamente na segunda, dois dias passarão voando - sorriu, passeando os lábios pela minha bochecha. Eu mordi os lábios apreensiva. A conversa que havia tido com Maite minutos atrás havia ido direto pro ralo.

- Eu não quero ficar aqui sozinha, não com Edward assim, tão próximo.

- Eu já falei com Christopher - interviu - Seu irmão vai ficar com você, e além do mais suas amigas estão aqui, você não vai ficar sozinha - justificou. O olhei incerta.

- Eu não sei se isso é uma boa idéia!

- Vamos combinar uma coisa, tudo bem? - arrumou meus cabelos novamente, dando-me um selinho.

- Que coisa?

- Se você se sentir mal, ou estiver com medo de alguma coisa, qualquer coisa que seja, vai me ligar e eu vou vir buscar você - beijou minha testa - Deixo Chloe com Melanie, por algumas horas não haverá problema, dirijo até aqui e te levo de volta pra casa. O que me diz?

- Jura que vem me buscar? - pensei por alguns segundos, vendo-o depositar pequenos beijos pelos meus ombros.

- Juro - selou meus lábios novamente - Assim que me ligar, venho buscar você.

- Tudo bem - suspirei, largando os ombros - Quando você vai?

- Depois do jantar - massagueou meu pescoço descendo as mãos pelas minhas costas.

- Queria tanto passar esses dias com você - dei um pequeno gemido com o toque dele queimando sobre a minha pele.

- Que tal uma despedida? - sussurrou com a voz rouca colada no meu ouvido. Meu corpo totalmente ouriçado com aquele contato.

- Eu acho uma ótima ideia - subi no colo dele, encaixando minhas pernas em sua cintura - Mas acho melhor irmos pro nosso quarto - ri - Maite seria capaz de nos matar de fizéssemos algo aqui, no quarto dela.

Alfonso riu, seguindo porta a fora comigo em seu colo. Fora fácil chegar ao destino e não demorou até trancar a porta a chave, e nos amarmos como sempre. Talvez ele e Maite estivessem certos. Não tinha por que não aproveitar aquele final de semana.

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