Capítulo 11

81 5 0
                                    



Os diversos grupos tinham sido distribuídos pelo recinto e encontravam-se a fazer o aquecimento , provas estavam também  a ser organizadas para os testarem.

Ficamos  ali os três durante o que me pareceu um tempo interminável, até que finalmente a minha mãe se despediu indo embora, não sem antes me lançar um olhar de aviso.

Um silêncio constrangedor continuava a pairar sobre nós.

- Desculpa mais uma vez, não tinha intenção de ser rude, mas a situação estava a deixar-me confuso, e não compreender deixa-me furioso, mas não me cabe a mim questionar os costumes do teu povo e as decisões da tua mãe. - Notava-se claramente no seu semblante e na sua voz o arrependimento.- Mas poderia fazer mais uma pergunta?

Anui com a cabeça.

-A tua mãe é a primeira soberana que eu conheço que anda sempre sem escolta. Porque é que ela o faz?

Sem conseguir-me conter comecei a rir, a pergunta era tão absurda que não fazia sentido. Quando finalmente me consegui acalmar o meu acesso de riso, o que aconteceu quando olhei para a cara de zangado que ele me fazia. Nunca tinha visto essa expressão na cara de alguém, mas a cara feia em que as sobrancelhas franzidas quase se tocavam não deixavam dúvidas quanto ao humor do meu interlocutor.

- E porque haveria a Alta sacerdotisa andar com uma escolta? Retifique-me se eu estiver errada mas a escolta não serve para proteger um determinado individuo?

- Sim, obviamente.- Respondeu ainda com cara feia.

- E a minha mãe precisa de ser protegida de quem? Raramente recebemos visitas de outros planetas. Despertamos muito pouco interesse e raramente somos visitados, que tenha conhecimento esta é a quinta visita a que temos direito, entre reconhecimentos da aliança e cortesia de planetas vizinhos. Relativamente ao nosso povo quando nos conhecer melhor poderá verificar que não existe a possibilidade de um golpe de estado, o respeito pelas Sacerdotisas é absoluto. Por isso volto a perguntar de quem é que a minha mãe precisa ser protegida? Ou será que você sabe de alguma coisa eu que não sei? – Perguntei desconfiada, porque a pergunta não fazia sentido.

- Não, não sei de nada e realmente visto assim não há porque a sua mãe andar com uma escolta. – Afirmou, já com a carranca desfeita para depois perguntar- Vamo-nos juntar aos outros?

Assenti porque realmente era melhor nos afastarmos e fomos os dois caminhando silenciosamente para fazer parte das provas que estavam a decorrer.

Fiquei alegre por poder verificar que os meus companheiros estavam a empenhar-se na conquista do respeito dos nossos visitantes. Cada prova era objeto de uma classificação e não foram raras as vezes em que as performances se igualaram com a dos nossos treinadores. Estes participavam em cada prova, e a sua atuação servia de referência para averiguar a condição física de todos os participantes.

Competi em todas as provas e ganhei duas delas, corrida e natação. Apreciei a cara de surpresa que ambas as vitorias provocaram. Sabia que estas provas seriam facilmente superadas por mim mas até para mim foi uma surpresa ter ganho. Não existiram provas de luta corpo a corpo, suponho que fosse porque os nossos visitantes não sabiam se este desporto violento fazia parte da nossa cultura. Ficariam eles surpresos por saber que embora a guerra não fizesse parte da nossa história nós ainda assim praticávamos essa arte. Através dela conseguíamos desenvolver varias aptidões como por exemplo, a estratégia, a paciência na arte do planeamento do ataque e a agilidade e a força na investida. Todos nós eramos peritos em lutas corpo a corpo e com armas, nos nossos centros de ensino parte dos nanociclo de ensinamentos eram preenchidos com desporto o que incluía aprender a lutar. O desporto entre nós era de uma importância enorme, pois só poderia existir uma mente sã quando o corpo que o albergava estivesse em boa saúde. Como seria possível nos debruçarmos sobre o que quer que fosse se o nosso corpo nos incomodasse? E por isso pelo menos dois nanociclo por dia eram dedicados a cultura do bem-estar físico. Parecia muito tempo mas a nossa longevidade dependia desse ritual e por isso era respeitado por todos. Era por isso um prazer poder passar um dia inteiro praticando desporto.



Universo sem fim ( completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora