Capitulo 28

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Pisquei e a minha visão voltou ao normal, e pude ver um ser verdadeiramente deslumbrante ao lado do comandante Kierk. Como uma criatura tão linda podia ser tão vil?

Humanoide de feições esguias e bem desenhadas, muito parecidas com as dos terraqueos, era branco como cal, e o seu longo cabelo, que chegava a altura da cintura, de fio quase translucido brilhava como prata ao sol. Ele tinha um aspecto tão angelical, que não era difícil compreender como conseguia enganar a todos.

Mas outra coisa deixou-me muito apreensiva, de que espécie seria ele? Não o conseguia identificar. Minha mãe tinha-me transmitido o seu conhecimento acerca de todas as espécies de seres vivos que ela conhecia...e eram muitos, o seu conhecimento vinha do próprio universo e das suas  energias. Quando eu passasse a ultima barreiro do conhecimento para me tornar Alta sacerdotisa também poderia ver para além de mim e do que conhecia.

Mas nada nos seus relatos se parecia com este ser que se encontrava a minha frente.

Nesse momento  sentindo-se observado, ele levantou os olhos de um negro profundo, e olhou directamente para mim. O impacto do seu olhar foi arrepiante. Senti pura maldade.  O contacto dos seus olhos não durou mais do que um nano segundo, mas para minha alegria ele continuou varrendo a plateia que bebia embevecida as palavras do comandante Kierk procurando o que o tinha perturbado.

Estava distraída nas minhas observações, procurando mais algum indicio que poderia me ajudar na minha  demanda, varrendo com o olhar cada rosto, observando  e tentando detectar mais pequeno sinal de algo escondido nas auras dos presentes. Esta de tal forma concentrada que que não percebi que o discurso de encorajamento tinha acabado e que as pessoas começavam a dispersar para se prepararem para a batalha que dentro de breve instantes se iria desenrolar. O silencio era extremo, o peso do que se avizinhava pendia sobre todos. O poder da ligação com o meu companheiro fez-se sentir nesse preciso momento, obrigando-me a virar e a levantar os olhos para o local onde até pouco tempo atrás se encontrava a falar.  Não existiu qualquer tipo de surpresa quando o vi me observando e muito menos quando o vi caminhar devagar para me vir encontrar até que finalmente ele se encontrava a minha frente ...parado...contrito...e visivelmente furioso.

A palavra que se seguiu, foi expulsa da sua boca de uma forma forçada e contida.

-Como?

Não tinha resposta par lhe dar ...apenas levantei os ombros ...e dei-lhe a expressão "são coisas que acontecem" e emiti eu também uma única palavra

- ups!

- Pensei que fosses uma pessoa ponderada! Sabes que  não posso avançar com este assalto e ter que me preocupar com a minha mulher ao mesmo tempo.-O meu companheiro não estava mesmo contente.- Terás que ficar aqui no acampamento!

- Estou aqui para te ajudar tenho que ir contigo. - Fui logo cortada.

-Nem pensar! És a minha mulher! A metade de mim e não posso ficar sem ti. O meu papel é proteger e é o que eu vou fazer!-Dizendo isso começou a arrastar-me em direção a casa.

-Ouve, por favor, ouve! eu posso me defender , não sou assim tão indefesa como pensas!

-Achas realmente que vou acreditar em ti! quando cheguei ao teu planeta vocês nunca tinham pegado numa arma.

-Verdade....-Teria que lhe contar parte do nosso segredo, a minha mãe teria que me perdoar. - Mas nunca pensaste é que nunca o tinhamos feito?

Estava a entrada da casa quando ele parou para ouvir o que eu dizia.

- Nòs não precisamos de armas porque temos certas habilidades...- Parei, não sabia muito bem como explicar o que eu conseguia fazer.

-Tais como? - Ele olhava para mim a espera que eu continuasse, mas neste momento chegou o Kierk e o seu companheiro.

Olhei directamente para a criatura lindissima que estava a minha frente e disse.

-Tal como saber que este fulano é do mal, ele não é o que parece ser. Tira a tua mascara darkwhite !- ordenei. Kierk olhava de mim para o meu companheiro sem entender quem eu era e porque estava a dizer tais coisas. O seu companheiro por outro lado incredulo para mim e vociferou.

-Como ...?

-Como é que eu sei...Simples. Eu vejo a tua essencia e se deres mais um passo destruo-te!- olhava directamente para o meu interlocutor. O meu companheiro que até agora me segurava, largou-me para segurar a sua arma que levantou numa fracção de segundos para apontar para contra aquele que ele sabia agora ser nosso inimigo.

Esse numa fracção de segundos agarou em Kierk e encostou-lhe uma arma a cabeça. Nesse momento nao me retive, mudei a minha visão, e com um simples movimento de mão enviei energia contra a sua essencia, no lugar preciso onde ela era mais ténua, onde ele era mais fraco.  A minha intenção não era magoa-lo mas apenas encapacita-lo. Precisavamos desesperadamente dele para obter informações. Vi todas as suas cores impalidecerem e ele caiu aos nossos pés sem um ai.

-Está morto - Perguntou o meu capitão.

-Não, apenas desmaiado. Temos cinco minutos antes que volte a si.

O meu marido embora ainda sob o choque daquilo que acabava de ver, não perdeu os seus espiriritos, e virando-se, pediu a um Kierk ainda completamente aturdido.

- Kierk, tens uma sala onde podemos ir?

-Claro companheiro. - Este refazendo-se ajudou o meu capitão a pegar  no miserável que estava ali inerte ao seus pés.

Graças a Deusa ninguém tinha visto o ocorrido. Ephy batia palmas de contente.

- Suniza bravo !! Vamos ...Vamos... temos que castigar....temos que mata ele..

-Mas ephy nos não matamos.- Afirmei com convicção.

-O povo teu pacifico, mas eles não... ele matam...eles destroi tudo...Ou ele ou nos!

-Mas tem de haver outra forma.

-meu povo morreu todo...eles mataram...Ephy sozinha....

Não sabia o que dizer a minha amiguinha. Para o meu povo o acto de matar não existia.

Compreendia o seu sofrimento mas o equilibrio devia existir. O bom e o mau tinham que coabitar juntos.

Enquanto pensava no que haviamos de fazer seguia o meu companheiro para o interior da casa, até que nos encontramos numa sala cujas portas se fecharam atrás de nós.

O companheiro de Kierk foi amarado a uma cadeira, este ultima ainda estava completamente aturdido. Julgo que lhe costava imenso compreender que tinha sido traido pelo seu companheiro. Admirei este ser que no momento em que eu sabia que vivia uma dor terrivel, ainda era capaz de continuar pelo seu povo. Ele era um ser de uma grande nobreza.

O seu companheiro começou a voltar a si, e quando se viu acorrentado começou a debater-se.

-Deixem-me ir. Eu vou vos matar a todos - Afirmou furioso quando nenhum de nos fez qualquer movimento para o libertar.

O seu rosto antes tão belo começou a mostrar as suas verdadeiras cores. Devagar o branco imaculado transformou-se em preto sombrio perante os nossos olhos, seus cabelos desapareceram e uma face transfiguarada por olhos vermelhos e uma boca repleta de dentes bicudos e que se sobrepunham uns em cima dos outros.






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