Capítulo 25

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Nessa manhã, mal sai dos meus aposentos seguido da minha companheira de vida, fui abordado por Anton. Este vinha com a bolinha de pêlo no seu ombro. A pequena criatura ronronava no seu novo poleiro aparentemente deliciada com o seu novo cuidador. Cheguei depressa a triste certeza que a tinha perdido para o meu segundo. Mas essa perda não aplacou a alegria que eu sentia, Suniza como eu tinha descoberto era a maior dádiva que eu poderia ter recebido. Quem poderia imaginar quando comecei esta viagem que iria encontrar a minha outra metade...eu com certeza não.

- Que alegria vê-lo Capitão! Ontem pensei perdê-lo para sempre e hoje parece estar completamente  restabelecido! Ninguém diria que poucas horas atrás esteve prestes a entregar a sua alma ao criador.- Sabia que era genuína a sua alegria. E abraçamo-nos contentes por mais um final feliz na nossa vida de aventuras.

-Como se nunca tivesse estado as portas da morte Anton. Soube aquilo que fizestes  por mim e quero agradecer-te meu amigo. Sem a tua intervenção e a de Suniza não estaria aqui hoje. Mais uma vez devo-te a minha vida.

-Nem tanto Capitão.- respondeu modesto. - Não fiz mais do que a minha obrigação, mas permite-me fazer uma rectificação. Deve agradecer também a outra pessoa. -Disse solene.

Olhei-o intrigado  e depois de enumerar rapidamente na minha mente todos os intervenientes da minha operação de resgate, mais ninguém me ocorreu e tive que perguntar.

-A quem mais devo esta nova oportunidade?

- A Efhi, ela manteve-o vivo até chegar aqui!

O nome não me disse nada. Quem seria essa personagem a quem aparentemente também devia tanto. Seja ela quem fosse de qualquer forma devia-lhe o meu agradecimento mais profundo e devia conhece-la para o fazer saber.

-Quem é Efhi?- Fiz a pergunta mas algo soou estranhamente familiar.

Pegando na bolinha de pêlo, Anton estendeu-a na minha direcção dizendo.

-Capitão Mikael apresento-lhe a pequena Efhi.- A pequena saltou para cima do meu ombro com um demonstrado entusiasmo.O que provocou uma pequena gargalhada em Suniza. E finalmente fiz a associação entre Efhi e o ser sagrado Efhinael do qual Kierk me tinha falado.

-Vês Mickael não perdeste a tua fiel seguidora!- A minha fiel companheira não se reteve a dizer.

- Brincas... mas por alguma estranha razão isto traz-me conforto! Ela esteve sempre comigo durante o ataque, tentei afasta-la mas ela não saiu do meu lado e agora que falas nisso Anton, a verdade é que ela não me abandonou, mas o que me deixa intrigado é o facto de saberes como é que ela se chama?

-Ela disse-me, obviamente!

-Ela disse-te? - A estranheza com a qual recebi a afirmação de Anton era patente na minha voz. O que ele queria dizer por "ela disse-me". A bolinha nunca tinha falado comigo.

- Sim... ela fala comigo. Não me pergunte como, só sei que a consigo entender perfeitamente. Acho que deve ser algum tipo de telepatia, mas que deve ter um comprimento de onda muito próprio porque ela tentou comunicar consigo e nunca conseguiu. Acho que até foi uma surpresa para ela quando eu comecei a responder-lhe, já que o senhor nunca a ouviu.

-Maravilhoso!- A exclamação veio de Suniza. Que olhei sem compreender.

-Desculpa...-Disse com um ar um pouco constrangido depois da efusividade da sua reacção. E tentando explicar, ela continuou.- Desculpa , sei que vai parecer um pouco incoerente mas senti ciumes da tua bolinha de pêlo.- e tentando explicar os seus sentimentos continuou, hesitante. -  Senti uma espécie de ligação entre vocês, mas agora desapareceu e acho que isso se deve ao facto de ela ter mudado o objecto da sua afeição.- Para nossa grande surpresa depois dessa admissão voluntária a Efhi saltou do meu ombro para se aninhar no de Suniza que feliz começou a acaricia-la sem cessar e um ronronamento de satisfação não tardou a fazer-se ouvir.

O ciume da minha companheira de vida embora despropositado alegrou o meu coração. Senti-me, também um pouco traído pela minha bolinha de pêlo ...efhi...acho que teria que me habituar a chama-la por esse nome.

Não tive a oportunidade de apaziguar a minha companheira porque nesse momento vi a sua progenitora se aproximar do nosso grupo. Representava um mistério para mim a forma imperceptível com a qual ela se aproximava. Ela parecia apenas surgir ao nosso lado.

Ao observar o seu semblante a preocupação se abateu instantaneamente sobre mim. A habitual serenidade que revestia a sua face tinha desaparecido e a sua voz quando soou estava impregnada de preocupação.

-Vocês têm de partir imediatamente para Kolomona, sem vocês o planeta esta perdido. Não podem permitir que isso aconteça porque seria o começo do fim!- A sua entoação não deixava margens de dúvidas em relação a gravidade da situação.-  Recebemos um pedido de ajuda urgente de um Kierk, acho que o capitão o conhece!- Era mais uma afirmação do que uma pergunta.- Ele precisa de si e dos seus homens. O grupo que deve tomar posse de Kolomona deve chegar amanhã ao final do dia.

- Não diga mais nada Alta sacerdotisa!! Vamos nos preparar para partir imediatamente.- Virei-me para Anton pegando no seu braço arrastei-o para longe para que ninguém pudesse nos ouvir. - Prepara tudo saímos em meia hora, prepara também o equipamento militar, temos que ir armados até aos dentes, e enquanto estamos aqui tenta varrer o universo para identificar qualquer nave que tenha tomado o rumo para Kolomona, desta vez quero estar o mais preparado possível. - Já ia me afastar quando depois me lembrei.- Deixa ficar cá Efhi com a Suniza, detestaria que algo acontecesse a uma delas.

- Já tinha intenção de fazer isso Capitão. Mas  não acho que depois do que aconteceu ontém a sua esposa não vai ficar muito contente por vê-lo partir outra vez

- Verdade...sei que não vai ser simples lidar com isso... mas não há como fugir ...esta é a minha vida....ela tem de aprender que esta casada com um oficial e que esta é a minha vida e  o papel dela é ficar a  minha esperar. Eu não poderia suportar que lhe acontecesse alguma coisa, jamais me perdoaria.

- Boa sorte com isso! E deseje-me o mesmo porque não acredito que com a Efhi as coisa irão correr melhor.

Quando nos juntamos novamente ao nosso pequeno grupo de mulheres, percebi que tal como nós elas tinham conversado e pressenti que algo estava a ser escondido. Mas não conseguia discernir o que poderia ser. De qualquer forma tinha que me preparar para mais uma batalha um dia depois de quase ter morrido em outra.

Mas esta era a vida que eu tinha escolhido e não me podia queixar, embora agora que Suniza tinha entrado na minha vida eu tivesse gostado de desfrutar mais umas horas na sua companhia.







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