Capitulo 16

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Acordei com uma dor de cabeça imensa. Sons de vozes tinham começado a chegar  ao meu cérebro quebrando o meu estado de inconsciência. Não abri logo os olhos...precisava de informações, mas depressa desisti... a língua que eles usavam era-me completamente desconhecida e mesmo que assim não fosse, o som não era nítido o suficiente.

Movi a cabeça e abri os olhos e sem querer soltei um gemido, a dor era tão forte que qualquer movimento era um suplício. Levantei-me com esforço e reparei que não me encontrava atado, mas a minha arma e o meu ifone tinham desaparecido. Os meus captores tinham-me deitado numa cama, o que estranhei por não ser um procedimento comum para quem pretende manter alguém prisioneiro. Estava num quarto sem aberturas solares e a única hipótese de fuga era pela porta.

Sabia que estava a ser guardado mas tinha que tentar qualquer coisa...só precisava que esta maldita dor de cabeça desaparecesse e sem querer gemi quando fiz um movimento mais brusco.

Devo tê-lo feito mais alto do que pensei, porque a porta foi instantaneamente aberta e dois guardas entraram no recinto com as suas armas empunhadas. A oportunidade era tão boa que não a poderia desperdiçar...

Fingi desfalecer e fui imediatamente amparado pelo individuo que se encontrava mais perto de mim...um gesto instintivo... uma artimanha muitas utilizadas pelas mulheres terrestres e da qual fazia tenções de me aproveitar...

A minha reação foi tão rápida que nenhum deles teve tempo para reagir...tirei a arma do meu "salvador" ao mesmo tempo que o empurrava em direção ao seu comparsa que caiu para trás com o choque, sem esperar, saí do quarto e que fechei com o tranco de segurança depois de fazer deslizar a porta metálica.

Sabia que a minha janela de oportunidade era muito pequena, mas tinha que a aproveitar...Percorri o estreito corredor e subi as escadas até chegar a uma porta, para minha grande alegria, logo que carreguei no interruptor de abertura, começou a deslizar. Será que a minha sorte estava a mudar?

A porta abriu-se sobre a sala da casa onde tinha sido capturado, e fiquei ali parado e devagar baixei a arma que tinha empunhado durante todo o percurso.

O grupo que tinha enfrentado era agora uma verdadeira guarnição...ao menos vinte kolomanos se encontravam espalhados a minha frente, todos atarefados, num perfeito frenesim. Podia ver claramente que algo estava em preparação.

O homem que me pareceu ser o líder, estava debruçado em cima da mesa analisando um mapa e discutindo com os seus segundos, mas sentindo-se observado levantou o olhar e ao ver-me soltou um sorriso amigável. O homem era mesmo para a sua cultura no mínimo estranho...humanoide o seu corpo que deveria ser todo revestido da fina penugem amarela, que muitos dos seus conterrâneos chegavam a pintar noutras cores; mas sempre de uma cor única e somente em algumas partes do corpo tinha desaparecido. As outras características da sua espécie ainda permaneciam. As orelhas bicudas, o nariz mais achatado do que os terrestres a falta de cabelos devido a penugem que normalmente existia. Mas este individuo tinha decidido alterar o seu corpo de uma forma que para mim era extrema, ele tinha os braços e tronco completamente depilados e cheios de tatuagens, argolas nas orelhas e tachas metálicas espalhadas pelo corpo. Tal incrementos tinham a muito desaparecido de todos os sistemas solares e eram um claro sinal de rebeldia perante o sistema estabelecido.

Habituado que estava ao diferente, não deixei de ficar surpreendido tanto com a sua reação como pela sua aparência.

- Caro Capitão, fico contente que tenha decidido juntar-se a nós.- Disse dirigindo-se a mim e cruzando o espaço para me rececionar como se de um bom anfitrião se tratasse, parando a minha frente.- Lamento as acomodações que lhe foram atribuídas mas não tínhamos nenhumas mais seguras.

Outra surpresa, ela sabia quem eu era. Depois de me observar mais atentamente o meu interlocutor soltou uma breve gargalhada.

-Não me diga desarmou os meu colaboradores?- Apontou para a arma, e continuou. - Realmente um adversário a altura! mas deixe-me apresentar, sou Kierk, comandante do exercito quase extinto de Kolomano e mentor da revolta em curso.

O orgulho do seu feito era evidente no seu discurso e uma raiva súbita apoderou-se de mim. Habitualmente calmo a minha reação foi instintiva e antes mesmo que eu me pudesse controlar acertava o tatuado com um muro e via-o cair estendido no chão. Antes mesmo que eu recolhesse o punho vi todas as armas da sala serem-me apontadas.

Kierk com um gesto mandou todos recolherem as armas sentando-se para depois acariciar a face como quem tentar colocar o maxilar no sítio.

- Realmente...um adversário a altura !! -e soltou outra gargalhada, estendendo a mão que apanhei para o ajudar a levantar-se.

Depois de estarmos frente a frente, e ainda furioso inquiri.

-O que significa isto tudo? Como sabe quem sou? o que pretende?

-Whooo... Calma capitão!! Venha comigo, adoro conversar enquanto ando, ajuda-me a focar.

Atrás da residência encontrava-se um grande jardim e foi para lá que ele nos encaminhou. Segui-o sem vontade, mas a curiosidade era um grande impulsionador. Queria logo descobrir o que me estava a escapar nessa história toda. Andamos durante alguns minutos no mais perfeito silêncio. Devagar fui descontraindo, aproveitando este interregno a minha fuga e a pressão vivida nas últimas horas.

- Este ataque foi levado a cabo por sua causa capitão!

Essas primeiras palavras para além de me deixarem confuso despertaram toda a minha raiva novamente. Apertei os punhos tentando segurar a minha vontade feroz de desferir mais um golpe bem merecido no tatuado.

- Precisávamos de isola-lo para pedir a ajuda da Aliança interpelantes. -Nesse momento parou, obrigando-me a fazer o mesmo e olhou-me nos olhos antes de dizer.- Acredite que não tivemos outra opção! Nunca quisemos machuca-lo, precisávamos somente criar uma diversão para separa-lo do resto do grupo da mediação, sem levantar qualquer suspeitas.

-E porquê tudo isso? Não era mais simples tentar entrar em contacto connosco e marcar um encontro.

- Bem que teria gostado!- Soltou um suspiro desanimado,- Mas somos um grupo rebelde com poucos recursos, não temos qualquer dispositivo de comunicações interplanetárias, e seria impossível entrar no palácio de uma forma pacifica...como vê não tínhamos grandes opções. Uma coisa posso lhe assegurar...os nossos propósitos são nobres.

- Vamos fazer de conta que acredito no que acaba de me dizer! Pode explicar-me porque precisa do apoio da aliança?

- Precisamos desesperadamente da vossa ajuda para travar a venda iminente do nosso planeta ao grupo de mercenário responsável pelo tráfico de mulheres, bebidas e armas que atua nesta parte do universo.

-Que história é essa?


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