Capítulo 18

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A minha bolinha de pêlo começou a ronronava no meu ombro, sob o olhar cada vez mais estarrecido de um Kierk que não conseguia emitir uma única palavra.

-Que foi? E só um animal que me adotou na floresta e que me tem acompanhado.- Inquiri.

-Sim....mas....

-Sim!

-Mas é um efhinael!

-e...

-E um dos nossos seres sagrados. Só se conecta com outros seres sagrados ou a um ser de uma grande relevância para o futuro do nosso planeta.

Sabia que não podia contradizer nenhuma crença, estas eram sagradas para todos os diversos povos com os quais coabitava no universo e tinha aprendido a respeita-las todas, por muito bizarras que estas me parecessem. Mas nada me obrigava a partilhar dessa crença. Para mim a minha bolinha, era uma fofura mas era o que era...um animal de estimação.

-Jura! Então deve estar contente!

Kierk ainda permanecia confuso e só soube olhar para mim com uma cara que parecia dizer "não percebi"

- Sim, a sua teoria! Agora ela esta mais ou menos confirmada, eu devo ser " o do planeta azul" da sua lenda que vai trazer a semente...só falta saber de que semente se trata.

-Nem tinha pensado nisso, mas sim! Tudo faz sentido! As coisas começam mesmo a encaixar-se. - E começou a gargalhar, feliz. Muito ria este homem!- Obrigado capitão. - Disse abraçando-me, gesto que não apreciei particularmente.- Graças a si vou dormir hoje com a certeza que tudo vai ficar bem.

-Fico feliz por si. - Decidi mudar de assunto porque o que agora me interessava era outra coisa.- Mas voltando a questão que discutíamos há pouco. Acho que vou acreditar em si, pela simples e boa razão que acredito que não tenha nenhuma razão para me mentir. correto?

Ele assentiu com a cabeça. E então continuei.

- Sabe quando vai ser feita a transação?

-O dia certo não.

-Então temos de descobrir. É fundamental que consigamos parar a venda deste planeta. - Não o queria informar que tinha sido enviado para esta parte do universo para acabar com o tráfico de fêmeas para prostituição, mas ter um aliado que partilhava do mesmo propósito era demasiado bom para ser desprezado.- Kierk tem em mim e na Aliança um aliado para o ajudar nessa sua demanda. Farei tudo para impedir que o seu planeta se transforme num bordel interplanetário.

-Obrigado Capitão, ser-lhe-ei eternamente grato.- Ele parecia sincero na sua afirmação.

-Não é nada.- Disse virando-lhe as costas e encaminhando-me para a casa. Nunca tinha sabido receber um agradecimento ou elogio e estes deixavam-me incomodado.

Senti que ele me seguia e perguntei-lhe.

- Tem mais alguma informação útil sobre esse grupo de traficantes.

- Algumas, mas eles são escorregadios. O único, pelo que sei, que já esteve com o líder deles foi o meu pai, mas nunca tive a oportunidade de lhe perguntar nada porque desde esse encontro com eles, ele encontra-se enclausurado na sua mansão que se encontra guardada como uma fortaleza.

-Nunca tentou se comunicar com ele?

-Já. Mandei-lhe várias mensagens mas ele não respondeu a nenhuma, tentei até entrar pela porta da frente fazendo-me anunciar e fui corrido. Nesse dia cheguei a ficar contente por não ter sido morto como um animal logo ali.

- E entrar a força?

-Impensável! Não disponho de meios para enfrentar o contingente que guarda a casa.

- Ok. Vamos ter que ver qual será a melhor forma de fazer isso, mas de uma coisa tenho certeza, temos que falar com o seu pai. Preciso de todas as informações que ele possa nos dar, porque até agora a única coisa que nós, e quando digo nós estou a referir-me a Aliança, sabemos é que o tal grupo existe e atua à um ciclo. Não sabemos de onde eles vem, o que pretendem, qual é a sua força ...enfim ...nada.

Fomos indo e a efhinael sempre no meu ombro o que provocou um grande alvoroço nos colaboradores de Kierk logo que entramos na casa.

Kierk colocou-me a par do que tinha amealhado ao longo do tempo. E que realmente era muito pouco. Do grupo faziam parte alguns criminosos de vários planetas pertencentes ao seu sistema solar e alguns que ele sabiam que vinham de outros. Por outro lado não sabia como ou onde tinha sido constituído nem quem era o líder, mas tinha conhecimento de que o primeiro rapto de fêmeas tinha sido feito no planeta Cygni pertencente ao sistema solar de aries. O que não deixava ninguém admirado já que essas fêmeas eram conhecidas pela sua delicadeza e doçura, para além de uma grande beleza.

Depois de uma conversa que durou cerca de duas horas, contactei a minha tripulação que me veio buscar num local recomendado pelos nossos novos aliados. Tínhamos tomado varias decisões, e os preparativos para voltar em 7 luas foram todos delineados. Precisávamos angariar mais guerreiros para poder entrar na fortificação onde se encontrava o Pai de kierk. As informações que este ultimo pudesse nos fornecer eram vitais para o desenvolvimento do conflito que se avizinhava e que era bem pior do que o inicialmente previsto pela Aliança.

Depois de muito refletir só tinha encontrado uma solução. Iria voltar para Atalaya e tentar convencer a Grande sacerdotisa a emprestar-me alguns dos seus guerreiros depois de estes se encontrarem devidamente treinados, o que não deveria demorar muito tempo dado a destreza física desse povo surpreendente. A nave da Aliança mais próxima nunca estaria ca a tempo para a investida o que não me deixava muitas opções.

Durante a nossa viagem de volta e contrariamente ao que eu teria esperado inicialmente, sucumbi ao cansaço do dia e dormi praticamente a viagem toda.

E mais uma vez sonhei com Suniza, minha pequena sacerdotisa Sonhei que a tomava e que nos amávamos. Quando acordei senti-me horrível, como poderia eu combater um bando de bandidos que pretendiam tirar proveito de fêmeas de todas as espécies quando eu era o primeiro a cobiçar uma delas, ao ponto de não pensar em mais nada. Sempre que fechava os olhos só pensava na sensação dos seus lábios contra os meus. Seu gosto doce, seu sorriso cativante, queria afogar-me nela e leva-la a conhecer o prazer.

A minha mente sabia que nunca tal poderia acontecer, mas o meu corpo não queria saber.

Eu simplesmente a queria...







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