Capítulo 12

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O dia chegou depressa ao fim. A noite foi-se infiltrando no horizonte apagando devagar o vermelho índigo do firmamento, e pouco a pouco foi ficando escuro, mas foi só quando um temporal surgiu e caiu sobre nós, que se deram por encerrado definitivamente todas as atividades. Todos, sem exceção, começaram a correr para encontrar abrigo.

Enquanto os outros  se dirigiam para a saída, eu corria sem olhar muito bem para onde ia, e acabei por encontrar abrigo debaixo do arco que ia dar a sala que servia de arrecadação, era o local mais perto daquele onde me encontrava. Parte da arena era circundada por uma arcada em pedra que servia de base a bancada que se elevava através do céu. A sua cor azul escura contrastava com o vermelho profundo da noite, que tal como um manto revestia tudo a sua volta. Este recinto tinha sido criado para albergar milhares dos meus conterrâneos nos jogos anuais de perícia. Estes serviam primeiro para nos divertirmos e também para que os nossos vários jovens pertencentes as diversas ordens colocarem a prova a sua perícia e virem o seu mérito reconhecidos entre os seus e perante as sacerdotisas.Os jovens que mais se destacassem traziam grande orgulho as suas familias. O que para nós era muito importante.

Depois de recuperar o fólego,  olhei a minha volta e para minha grande surpresa, ali estava ele, encostado a parede como que esperando por mim. Durante todo dia me mantive afastada, não sabia que impulso ou que sexto sentido me empedia de o ver como a qualquer outro, mas sabia que alguma coisa não estava bem. Sabia que ele sentia o mesmo, por ele também manteve distancia, não foram poucas as vezes em que os nossos olhares se cruzaram, e estavam revestidos de tanta emoção que poderiam aniquilar quem tivesse o azar de com eles se interpor entre nó, dada a intensidade com que nos fixávamos. Não foram poucas as vezes em que tive de me obrigar a desviar os olhos, porque a força que me atraia para ele era grande.

Queria apenas me mater a distancia, protegida e não desejava voltar a conversar com ele hoje, porque fazê-lo exigia muito de mim, esgotava-me. Não percebia o que estava a acontecer e sinceramente não queria saber, porque metia-me medo, e estava cada vez mais convencida de que quanto mais depressa ele se fosse embora melhor para todos, especialmente para mim.

Para meu azar depois de ter conseguido evitá-lo durante um dia inteiro, lá estava o objeto do meu sonho, pelo menos do último. Disse a primeira coisa que me veio a cabeça só para disfarçar o quanto a presença dele ali me perturbava.

- Anda a seguir-me?- Perguntei deixando transparecer uma ponta de arrogência.

- Já cá estava quando chegaste, mas se tivesse que seguir alguém no teu planeta ... seguir-te-ia sem dúvida.- Respondeu prendendo os seus olhos dos meus, e aproximando-se devagar, tal um felino, colocando devagar um pé a frente do outro sem outro propósito sem ser o de encantar a sua presa e prendê-la no seu lugar para esta não fugir.

- O que queres dizer com isso?- Consegui responder sem conseguir desviar os meus olhos  que se encontravam presos nos deles, andei inconscientemente ao seu encontro, como que atraida por um imã, aproximando-me  devagar até quase encostar o meu corpo ao dele. O meu ser  parecia ter adquirido vida própria, e nesse momento, ele só queria sentir o calor que emanava daquele ser, criatura de um outro planeta que não devia me afetar da forma como o fazia.

- Sabes perfeitamente. – Falou, colocando os seus braços a volta do meu corpo e desfazendo os últimos centímetros que nos mantinham separados. Senti pela primeira vez o corpo de um homem contra o meu. Fiquei envolvida num abraço quente, sentindo a macieza do tecido da sua roupa, o cheiro da sua masculinidade e o seu calor, um bem-estar envolveu-me dos pés a cabeça. Poderia ficar ali até que o universo acabasse. Nunca me tinha sentido tão bem, aconchegada e acarinhada.

Este era o meu primeiro abraço e iria para sempre recordá-lo. Devagar ele foi-me afastando e levou a sua mão ao meu queixo, o seu toque desta vez não me assustou e deixei que ele o acariciasse. Absorvi aquele rosto com os olhos, não queria perder um único detalhe daquelas feições que tanto me fascinavam.

E foi então que o impensável aconteceu. Os seus lábios encostaram nos meus.

O primeiro impacto desse contacto foi de surpresa e de repulsa, não pelo toque mas pela minha reação de total entregue. O seu toque era agradável e provocava-me sensações desconhecidas, que causaram um sentimento maior do que o seu abraço. Parecia que me abria para o universo...estranho...

Tomei consciência da existência de todo o meu corpo, pois este era atravessado por ondas de prazer sucessivas que me deixavam desfalecida e entrega aos carinhos de que era objeto. O simples contacto dos seus lábios levou o meu ser praticamente a loucura e acabei por me perder completamente quando ele com a língua cavou a sua entrada na minha boca.

As nossas línguas tocaram-se receosas. Experimentei o seu sabor e a sua textura aveludada quente e húmida. Pequenas ondas elétricas pareciam soltar-se dele para me percorrer, provocando uma deliciosa sensação. Sem me aperceber aprofundei o beijo ansiosa por não perder essa novidade que se desvendava perante mim. O abraço intensificou-se e durante uns momentos vivi para esse homem e para o que ele me despertava.

Bruscamente fui afastada do seu corpo e senti o vázio apoderar-se de mim. E soube que nunca mais me sentiria completa se não estivesse com ele. Estava completamente perdida...Que loucura era essa?



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