Universo sem fim ( completo)

Capítulo 10

Vinte tinham sido os Atalayanos designados para integrarem o grupo de guerreiros, a todos eles conhecia e todos eles demonstravam uma grande excitação por terem sido escolhidos. Esta representava para muitos a aventura da sua vida.

Minha mãe tinha escolhido os que tinham demonstrado ao longo dos ciclos a maior aptidão para os desportos. O que me pareceu apropriado, todos tinham características e capacidades diferentes, uns tinham-se destacado mais na arte da natação, outros na corrida e outros ainda no levantamento de peso. O sexo do Atalayano não tinha sido tomado em consideração, como alias nunca o era, fêmeas e machos seriam sempre avaliados somente pelas suas capacidades e nunca pelas suas características físicas.

Enquanto esperávamos pela chegada do contingente, aproveitei a oportunidade para falar com os meus companheiros. Todos tinham ficado com a clara noção quando eu tinha entrado no recinto de seria a responsável por tudo o que ali aconteceria.

- Bom dia, sei que receberam com surpresa esta decisão da Grande Sacerdotisa, mas é seu desejo que o nosso planeta seja o mais parecido possível com todos os que integram o nosso sistema solar. Seria estranho continuarmos sem ter um exército e de difícil explicação. Mas terei que vos pedir um único cuidado e o seu desrespeito ira significar que sejam retirados deste grupo. Nunca, repito, nunca devem falar das capacidades das nossas Sacerdotisas, este é o nosso bem mais preciosa e se um dia esta informação vazar para além do nosso planeta a paz como hoje a conhecemos estará para sempre comprometida. Por isso volto a repetir, se algum de vós falar com um dos estrangeiros acerca desse assunto para sempre será afastado do grupo de guerreiros e possivelmente terá que enfrentar outras consequências. Feito este aviso, sei que vocês me deixarão todos orgulhosos de ser uma Atalayana. Vamos deixar estes senhores de queixo caído com as nossas capacidades. Estão todos comigo?

As vozes dos meus camaradas fizeram-se ouvir com entusiasmo, todos sem exceção estavam empolgados e fariam tudo para que eu me orgulhasse deles, a boa opinião de uma sacerdotisa, seja ela alta, grande ou em aprendizagem como eu, era muito importante. Demonstrar e ver o nosso valor reconhecido pelos nossos pares era o objetivo de vida da grande maioria dos jovens Atalayanos. Nós vivíamos para os outros e saber que aquilo que fazíamos era reconhecido e valorizado por eles era a recompensa que todos esperam e desejam. Mas ainda assim senti que os tinha conquistado com o meu pequeno discurso, não queria que o respeito que me fosse dedicado adviesse somente do meu nascimento.

Quando o Capitão Mikael entrou no recinto com os seus homens, o murmúrio que se fazia ouvir desde a conversa que tinha tido cessou.

Dirigi-me a estes com passos firmes, mas não sem tremer, atravessando a arena rapidamente para com ele me encontrar. Queria conseguir de alguma forma falar com ele longe dos meus, para salvaguardar qualquer revelação inoportuna ou impedir que me tratasse com algum tipo de familiaridade, pois essa nunca seria entendida. Não podia colocar em risco a minha primeira atuação como líder do meu povo.

Não pude deixar de notar o seu ar estupefacto, mas não me deixei abater. Ele não sabia quem eu era na hierarquia Atalayana e a sua surpresa foi para mim natural. Tinha consciência que na única vez que tínhamos conversado devo ter parecido uma jovem indefesa, bem longe da realidade que agora lhe era apresentada.

A minha roupa era a de uma combatente, trazia vestido um fato completo que marcava todas as curvas do meu corpo, a cor da terra tinha sido a cor escolhida. Algumas partes mais sensíveis do meu fato encontravam-se reforçados com uma rede da mesma cor que servia para impedir que este fosse trespassado por alguma arma contundente sem retirar a flexibilidade e a liberdade de movimento que tal fato me permitia.