Capítulo 14

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Como é que isto tinha acontecido? A menos de 24 horas estava preocupado com uma atração louca por uma Atalayana e agora estava a tentar manter-me vivo por mais uns segundos.

Os disparos assobiavam a minha volta. Estava longe  dos meus homens e num planeta que me era desconhecido.

Havia poucas hipóteses das coisas ficarem piores do que já estavam....

Não... grande engano.... as coisas ainda iriam ficar pior....

 O lazer da minha arma ficou sem carga e encostado na esquina de uma casa que um dia tinha sido a linda residência de um ilustre de Kolomona, esse era o planeta onde me encontrava... não deixava de ser irónico que o nome do planeta significava "aquele que vive em paz".

Garantidamente neste momento sentia muita coisa mas nenhuma delas se assemelhava com paz.

Tínhamos chegada a menos de uma hora quando conflito rebentou.

A convocação tinha chegado pouco depois de ter regressado aos meus aposentos. Naquele momento senti que podia ser obra de uma intervenção divina que estava decidida a ajudar-me. Tinha a desculpa perfeita para afastar-me de Suniza para poder pensar e esfriar a cabeça e o corpo do fogo que ela me despertava.

Eramos o contingente da Aliança que se encontrava mais perto de Kolomona e dada a urgência da situação a ordem de destacamento tinha efeito imediato. Não devia ser uma missão que levasse mais do que dois dias, entre ida e volta, o que em si era uma bênção. As nossas ordens eram aparentemente simples e consistiam em mediar o conflito entre as fações divergentes que existiam no planeta.

Kolomona há muito demonstrava um precário equilíbrio político, este amplificou com a vinda da fome, resultado de maus anos de colheitas que poderiam ter sido remediados se tivessem apostado no comércio interplanetário dos produtos que só eles possuíam, o que evidentemente não fizeram, o que levou a que o planeta fosse devagar empobrecendo.

Planeta de regência democrática e com lideres a mudar de ciclo em ciclo, quando a situação se tornou insustentável, ninguém quis assumir a responsabilidades sobre a miséria que assolava a população e as ultimas medidas propostas pelos atuais governantes tinham-se revelados completamente inadequada para solucionar os problemas existentes.

Os aproveitadores depressa apossaram-se da fraqueza desse povo explorando e fomentando a revolta. Nada como uma boa guerra para venderem as suas armas e criarem as suas fortunas.

Era triste verificar que a custa da miséria de pobres criaturas, que desesperadas tendo perdido a esperança são capazes de tudo para defenderem os seus.

O meu ifone tocou naquele momento, naquilo que me pareceu um barulho ensurdecedor para quem a muito custo se tentava esconder. Apressei-me a atende-lo antes que me denunciasse.

-Sim- Falei num sussurro

-Estou, capitão?- Perguntou uma voz inconfundível

- Sim Anton- Respondi, ouvi do outro lado um suspiro de alívio. Anton era meu amigo mais antigo, tínhamos entrado para a academia na mesma época e os nossos percursos caminharam sempre lado a lado. Era a minha família longe de casa, nunca lhe poderia dizer isso mas sabia que o sentimento era recíproco.

-Já estão todos na nave?- Quando falava todos, estava a falar de Anton e Inmhal, este ultimo era o único Corvéus que fazia parte do meu contingente. Dadas as similaridades físicas que partilhávamos, as mesmas que nos permitiam adaptarmo-nos com facilidade ao ambiente deste planeta tinha sido escolhido para me acompanhar.

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