14- A ponte

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Primeira parte
São Paulo

Início da infestação

Estava quente, e o trânsito como todos os fins de tarde estava lento sobre a ponte estaiada , e Hana estava segurado o volante do seu carro de forma tediosa, o ar-condicionado do seu veículo estava quebrado. E a jovem sofria com a alta temperatura. Ao seu lado uma sequencia de motociclistas passavam velozmente. Ela não se arriscaria abrir as janelas mais do que elas estavam agora, apenas uma fresta, e ela permitia a entrada de uma leve corrente de ar sempre que o carro se movia, e já fazia dez minutos que o veículo de Hana estava parado.

No transito Hana sempre presenciava motoristas ansiosos por chegarem às suas casas. Mas hoje ela notava uma agitação diferente. Há alguns dias estava sendo noticiados estranhos casos de graves agressões. E durante seu período de almoço ela recebeu um vídeo em seu celular. Hana não o visualizou assim que ele foi baixado, mas esperou até ter terminado toda a sua refeição. Uma escolha que ela ficou aliviada mais tarde por ter feito.

Hana pegou seu aparelho, procurou o grupo em que o vídeo havia sido enviado, ele estava fervilhando, todas as pessoas comentavam sobre o que o vídeo mostrava. Alguns diziam que era um vídeo real, outros, porém, não acreditavam que aquele ato de crueldade fosse real. Ela não sabia o motivo de tanta agitação no grupo. Ela clicou na aba de mídia do aplicativo de mensagem e deu play no vídeo tão comentado.

Hana viu o vídeo. Ele mostrava uma rua vazia, aparentemente normal. A filmagem balançava vez por outra e a imagem fica turva, ela pensou em desistir de ver o vídeo completo, mas quando estava para fazer isso algo apareceu na imagem. Uma pessoa, com aparência de morador de rua apareceu na via, vindo de algum lugar, em sua mão ele carregava algo, a filmagem tremeu ainda mais. Mas ficou firme momentos depois. O mendigo parou próximo à calçada, e Hana pôde ver o que ele carregava: um cão. O homem fez algo impensável. Rasgou o ventre do animal, e começou a se alimentar da pobre criatura.

O estômago de Hana embrulhou, mas ela conseguiu conter a ânsia de vomito que sentiu ao ver a cena. Olhou em volta, todos estavam concentrados em suas próprias preocupações no refeitório da empresa. Ela pegou o celular que havia largado na mesa e começou a ler as mensagens que os membros do grupo enviaram.

- É só mais uma propaganda de algum filme

- É real, já passou no jornal algo parecido.

- Dá par ver que o vídeo é falso.

- Nem parece um cachorro de verdade.

Ela parou de ler as mensagens depois que seu celular travou com a torrente de mensagens que se seguiram.

Hana, não mostrou o vídeo pra ninguém, mas percebeu que o vídeo estava sendo enviado para quase todos os grupos de que ela fazia parte, inclusive o da empresa. E a reação das pessoas era mesma, uns acreditavam na veracidade do vídeo outros eram céticos.

Todos trabalharam diferentes naquela tarde na empresa. E Hana não foi exceção.

Agora ela está para no transito, louca pra chegar em casa, tomar um banho, e encontrar com seu noivo mais tarde em uma lanchonete perto de sua casa.

Um imponente edifício que ficava ao lado da ponte estaiada ainda refletia a imagem que a ponte lançava. Mas o sol já desvanecia no horizonte da metrópole do país.

Mais motos passavam do lado do carro de Hana, e ainda mais velozes. Ela, porém, não notou.

Quando ela deu por si, percebeu que algumas pessoas estavam correndo sobre a pista da ponte, Hana não entendeu o que estava passando. Ela olhou pra trás e viu que mais pessoas saiam assustadas de seus carros e andavam no sentido da via.

- Oh Deus, que não seja mais um arrastão – Ela pensou. Esse tipo de ação criminosa estava se intensificando em São Paulo. E Hana sempre temeu passar por uma coisa dessa.

Motociclistas tentavam avançar por entre as pessoas que saiam de seus carros e buzinavam, e faziam gestos para que elas saíssem do caminho.

Hana temeu.

Um homem suado passou do lado do carro dela e deu uma forte pancada no vidro de Hana.

- SAÍA DAQUI ELES ESTÃO LOUCOS! – O homem gritou. Hana não entendeu a ação do homem, mais ficou ainda mais apavorada. Seu coração batia mais forte. E ela decidiu sair do carro, pegou seu celular, com o intuito de ligar para seu noivo. Entretanto, a única coisa que ela fez foi colocar o aparelho no bolso de sua calça.

Fora do carro ela olhou pra trás, e viu um homem estirado no chão. E uma mulher com roupas ensanguentadas estava sobre ele, rasgando a barriga do homem, e puxando as vísceras dele.

Hana ficou sem ação.

Uma mulher corpulenta esbarrou em Hana, tirando-a de seu estupor. O mundo parecia girar em sua volta.

Hana se moveu assim que um home vestindo um terno cheio de sangue começou a caminhar em sua direção.

Ela gritou. E começou a correr.

The Walking Dead Sobreviventes do BrasilOnde histórias criam vida. Descubra agora