34-Termópilas

472 62 1
                                    


O coração de Tomás tamborilava forte eu seu peito, suas mãos suavam e sua mente ficou por alguns poucos instantes enevoada.

- Tomás , TOMÁS ! – Você está bem? – Um Paulo aflito falou.

- Sim, sim. Só não esperava por essa.

- Certo, só precisamos ter calma.

Os mortos vivos avançavam, eram dez, e estavam famintos. Enlouquecidos pelo sangue quente que pulsava nas veias de Paulo e Tomás.

-Deixe a bicicleta na parede – Paulo disse, Tomás obedeceu.

Calma, Calma – Tomás repetia mentalmente.

- Vamos voltar para a garagem – Paulo falou ao jovem.

A passagem por onde os dois haviam entrado era estreita, poderia haver uma saída para eles. As criaturas se arrastavam pateticamente atrás dos dois homens. Por sorte os mortos estavam com seus corpos em avançado estado de decomposição, e não possuíam grande mobilidade, entretanto, mesmo assim eram perigosos. Bastava um arranhão e a pessoa deixaria de ser um humano.

- Fique aí- Paulo disse, na parede ao lado da entrada do estacionamento – Eu ficarei aqui. Tenho um plano.

- Entendi – Tomás disse – Como nas Termópilas.

- Como o quê? – Paulo disse meio exasperado.

- Cara, você nunca assistiu a 300 ?

- Ah, sim sim, da mesma forma – Paulo falou após pensar um pouco – O número deles não será muito problema para nós. Só um poderá passar de cada vez. Só precisamos fazer a coisa da forma correta, rei Leônidas – Paulo sorriu ao falar – PARA A GLÓRIA! Ele gritou e acertou o primeiro morto vivo que passou pela entrada. Tomás acertou o segundo com um golpe violente em sua nuca.

Os dois sorriam agora, após o medo inicial ter se dissipado.

Dois mortos já haviam sido abatidos. O terceiro passou pela abertura, Paulo desferiu um golpe com força, porém errou a cabeça da criatura e atingiu as costas horrendas do morto vivo. A besta do inferno tombou, mas ainda se movia, Paulo quase foi apanhado pelo quarto morto vivo que saia, quando desferiu o golpe final no morto vivo que se debatia no chão.

- Cuidado aí – Tomás disse – Depois de destruir a fronte do quinto morto vivo que tentou entrar.

Com muito esforço eles conseguiram matar de vez as criaturas cinco, seis, sete, oito e nove. O décimo foi morto por Paulo que efetuou um ultimo e violento golpe na criatura, cravando-o na parede. O corpo fixou-se por alguns instantes na parede, inerte. Depois de alguns segundos ele lentamente desceu ao chão, deixando uma suntuosa marca na parede.

- Oh cara, que sujeira – Tomás falou com nojo, e resfolegou.

- Você não vai vomitar nesta altura do campeonato, vai ? – Paulo disse sorrindo ao jovem –

- Não, não. Mas parece que sempre você faz mais sujeira do que o necessário.

Paulo permitiu-se dar uma sonora gargalhada.

- Meu jovem. Se for pra me manter vivo, vou continuar agindo assim. Está dando certo ate agora.

- Ah ok então – Tomás disse de forma cansando a Paulo.

- Você está bem? – Paulo perguntou, esbaforido.

- Estou sim – Tomás falou. Ele estava com uma aparência bem melhor do que a de Paulo que estava todo manchado de sangue.

- Você precisa dar um jeito nessa sua roupa.

-Fique tranquilo, farei isso. Mas primeiro vamos ver como estão as nossas bicicletas.

- Mas que droga – Paulo disse ao constatar que os mortos vivos no frenesi de alcançar os dois vivos, haviam inutilizado a bicicleta que Paulo com tanto esforço havia conseguido.

- Acho que você terá que pegar uma nova – Tomás disse de forma jocosa.

- Não provoca – Paulo disse emburrado. E caminhando pesadamente para o local onde as outras duas bicicletas estavam.

Desta vez, para sorte de Paulo e infelicidade de Tomás a bicicleta foi mais facilmente liberta da corrente.

- Você pegou o jeito Paulo – O homem somente lhe lançou um olhar sério. Mas depois abriu um largo sorriso.

- Rapaz, essa foi uma boa luta. Mas temi por você.

- Por mim? Você que quase é mordido. Eu acertei todos de primeira. Você que teve que dar mais de um golpe naquele morto vivo.

- Tudo estava no controle – Paulo disse empurrando a novo bicicleta – Eu queria aquela outra – Ele disse pesaroso.

- E importa tanto assim?

- Não é porque o mundo está indo para o inferno que nós não podemos ter um pouco de estilo garoto.

- Ah cara, só você pra pensar assim mesmo.

- Vamos sair daqui logo, antes que mais desgraçados venham até nós. Sempre há mais de um bando deles por perto.

Quando estavam saindo, Paulo se retesou.

- Algum problema?

- Não, não só minhas costas que estão me matando.

- Sei como é. A idade faz isso mesmo.

- Você terá sorte se conseguir chegar até minha idade garoto.

Uma leve brisa sobrou e as árvores da entrada do prédio ciciavam ao sabor do vento.

- Enfim um refresco – Tomás disse apreciando a brisa que soprava. Mas fez muxoxo quando o cheiro dos mortos vivos penetrou em suas narinas.

Paulo riu do jovem.

- Vamos Tomás , Já lutamos bastante por um dia.

Era tarde, o sol equatorial já descia lentamente sobre o mundo que vivia um contínuo crepúsculo. E os dois andaram placidamente até o abrigo.

The Walking Dead Sobreviventes do BrasilOnde histórias criam vida. Descubra agora