61- O frio do aço

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Sobreviventes de São Paulo


Era noite, estava frio e a luz da lua proporcionava uma boa visão para Hanah e Matheus. Eles poderiam ter vindo ainda com a luz do sol sobre si, mas o desejo havia sido mais forte e por isso haviam postergado o regresso.

Hanah antes não havia temido o futuro que espera os dois, mas após ter concretizado o seu desejo, ela passou a temer. Matheus achava que as coisas poderiam ficar estranha entre eles mas mesmo assim havia transado com Hanah. Ele estava feliz, e mesmo a estranheza que havia tomado conta de Hanah não conseguiu diminuir o que ele estava sentido. Tudo ficaria bem no final.

- Vamos contar para Beth e Angeline? – Matheus perguntou quando já estavam chegando ao seu abrigo.

Hanah parou e não olhou para ele, ficou de costas por alguns instantes, refletindo na melhor resposta para dar a Matheus.

- A-acho que podemos deixar as coisas meio só entre nós por enquanto.

- Você tem razão. Fique à vontade então.

- Não fique chateado comigo – Hanah falou olhando nos olhos do jovem – Mas vamos com mais calma agora.

Eles prosseguiram seu caminho com as mochilas cheias e com os pensamentos em torvelinho.

Um grupo de mortos vivos estava na frente do edifício que lhes servia de abrigo. Assim que os dois se aproximaram a atenção das criaturas se voltou para o casal.

- Vamos ter um trabalhinho – Matheus falou segurando com força seu bastão.

O jovem tomou a dianteira, um morto vivo sedento por carne andou em sua direção e foi levado ao chão com um golpe brutal de Matheus, a cabeça da criatura ficou disforme, virou apenas uma mancha na calçada.

Hanah se juntou a ele na matança e tirou o maxilar de um dos mortos-vivos com um golpe ascendente que desferira contra a criatura, mesmo sem o osso fácil o ser infernal ainda avançou contra a mulher. Muco preto e viscoso pingava quando ela andava. Ela então cravou sua arma no meio da cabeça do caminhante.

A horda era um perigo para uma pessoa que estivesse sozinha, mas para os dois foi só o ultimo esforço antes do descanso que lhe aguardava no abrigo.

Minutos depois não havia mais perigo, só um infeliz ainda se remexia sobre o concreto do asfalto. Seu rosto estava destruído, mas seu cérebro ainda estava intacto. Hanah aproximou-se e pisou com força no crânio já aberto, o som parecia como uma melancia sendo martelada.

- Desgraçado! – Hanah falou ainda com a bota sobre a face destroçada.

- Você está bem?- Matheus perguntou segurando o ombro de Hanah.

- Estou sim – Hanah respondeu – É que... bem é algo estranho.

- Pensei que as meninas estariam nos esperando aqui em baixo.

- Bem, já está tarde. E a presença delas aqui em baixo só ia atrair mais desses desgraçados.

- Você está certa. Deve ser por isso mesmo.

Eles destrancaram a grade que os mantinha sem segurança entraram na área protegida do abrigo. Estava uma noite clara e calma.

Os dois acharam estranho Beth não ter olhado pela janela depois de todo trabalho que tiveram há pouco com os mortos-vivos. Mas pensaram que com a presença de Angeline ali nada de mais poderia acontecer.

Matheus seguiu em frente, louco para encontrar Beth e dar para a menina uns biscoitos que ele havia encontrado. Ele amava a menina e tinha extremo prazer em proporcionar pequenos momentos de alegria a ela.

Quando chegou à frente da porta ele colocou sua mochila para frente de si e tirou dois dos pacotes de biscoitos. Um de Passatempo e outro de Oreo.

Ela vai gostar muito.

Hanah vinha atrás em silêncio pensando no que viria a seguir.

Matheus abriu a porta, um sorriso estava em seu rosto, em suas mãos os dois pacotes de biscoitos.

A fogueira estava acessa. Mas ninguém estava à vista. Quando olhou para a direita ele sentiu o frio da faca de Mara sobre seu peito direito. Ele não entendeu o que estava acontecendo tampouco Hanah percebeu de inicio o que estava passando. Matheus caiu sobre seus joelhos ainda segurando os biscoitos e com lágrimas nos olhos.

Beth estava no chão ao lado de Angeline, ambas estavam amordaçadas. A mulher estava de cabeça baixa e uma mancha de sangue saia de sua perna direita.

As forças de Matheus já o deixavam e ele ouvia ao longe que Hanah chamava seu nome.

Ele então sentiu muito frio.

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