42- Um caminho

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Sobreviventes Rio de Janeiro

- Que coisa louca te encontrar ainda com vida – O homem de voz grave falou, sobre seu largo ombro pendia uma pesada arma.- O pessoal apostou que te encontraria com a boca cheinha de formigas.

Andre não disse nada, fúria faiscava de seus olhos. Mas ele sabia que se exaltasse o máximo que conseguiria seria uma levar uma sequencia de golpes dos homens que entraram no cômodo.

Ele não percebeu mais seus olhos estavam se preenchendo por lágrimas incessantes. A dor que sentia estava sendo substituída por uma onda de fúria.

Na companhia do homem de tez fortemente escura entraram mais três outros homens, todos com armas sobre seus ombros e olhos estranhamente vidrados.

A comida desses malditos com toda certeza está rareando, porém a droga ainda deve haver em fartura.

- Posso brincar um pouco com ele? – Um dos homens falou fazendo um gesto obsceno para Andre.

O homem que aparentava liderar o bando apenas lançou um olhar severo para o homem que havia feito a proposta e este recuou para a companhia dos outros homens eles riram com o revés do homem.

- Está ok Malaquias – O homem disse temeroso.

- Olhe para mim – O homem chamado Malaquias disse para Andre - Por sorte nós iremos lhe dar uma chance para ti sobreviver. Escute bem, ou digo uma palavra e meus homens metem chumbo bem no meio dessa sua cabeça vazia.

- Tu e aquela vadizinha mataram nossos homens- Malaquias continuou, os homens atrás dele resmungaram diante das palavras do líder.- Dessa forma estamos com poucos soldados. Se quiser ficar com essa tua vida no teu corpo nosso chefe permitiu que fizéssemos essa proposta. É pegar ou largar.

- O que será de Lúcia?

- Não é da sua conta- Malaquias falou – Seus homens não seguraram o sorriso. Malaquias suspirou fundo.

- Uma coisa tem que ficar clara, meu parceiro- Malaquias disse – Tu nunca mais vai ver tua amiguinha ou sei lá o quê. Nosso chefe está com ela, e propriedade dela. Só queremos tu pra um ataque que precisamos fazer, se tudo der certo e a gente conseguir fazer o que nosso chefe quer podemos pensar em fazer um membro efetivo do nosso grupo. Se não quiser tudo acaba aqui.

Não tenho outra coisa a fazer.

- Eu ajudo vocês.

Os homens atrás de Malaquias protestaram, esperavam que André recusasse a proposta, mesmo precisando de pessoal para o ataque que fariam ao morro inimigo eles tinham sede por sangue.

- Tirem as cordas dele – Malaquias ordenou.

Enquanto os homens desamarravam André, seu corpo protesta, mas ele resistiu e nada disse. Durante o processo ele por muitas vezes foi tentado a pegar a arma de um dos homens e matar todos eles, porém o receio de não saber onde estava nem qual era o contingente de homens que o bando tinha o impediu de agir de tal forma.

André sentou-se apoiado em um das paredes, tocou seus pulsos buscando alívio para a dor que sentia.

- Pega – Malaquias jogou para André uma garrafa de água.

- Valeu – André disse e tomou com avidez a água que recebera, parte dela caiu sobre sua roupa.

- Vai com calma parceiro – Um dos homens falou – Não é fácil conseguir uma garrafa dessas.

- Sinto muito – André disse- Foi mal – Ele corrigiu-se.

- Quando nós iremos? – André perguntou sem rodeios.

- Sabe usar uma arma? – Malaquias perguntou- Como essa?- Mostrando seu fuzil.

- Sei – André mentiu.

Um largo sorriso surgiu no rosto de Malaquias.

- Talvez em três dias – Malaquias disse referindo-se ao ataque ao morro inimigo.

- Vamos buscar algo lá? – André perguntou.

- Respeito – Malaquias disse sem rodeios.

André não mais perguntou. Percebeu que o mundo foi para o inferno mais os senhores do morro ainda continuam a lutar pelas mesmas pequenas coisas de antigamente.

Porcaria de mundo. Vou em uma missão que não vale nada. No mínimo esse povo poderia se unir e lutar contra o mal maior. Mas eles pensam nisso? Pior é que eu estou no meio disso agora.

Ele teria que suportar o que estivesse por vir se quisesse ver Lúcia novamente.

Eu irei salvar você Lúcia, custe o que custar. Eu vou. Preciso encontrar um caminho até você nem que seja pavimento com o sague desses malditos.

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