Sobreviventes Rio de JaneiroSua garganta estava seca, um gosto ruim estava em sua boca, sua nuca doía violentamente, suas têmporas latejavam, sua visão esta turva, sobre sua testa sangue seco estava grudado, seus cabelos ensebados agarravam-se sobre sua cabeça. Aos poucos a consciência de Andre retornava, saindo de um pesadelo que não lembrava ele mergulhava na realidade de suas terríveis memórias. As cenas da fuga que ele e Lúcia tentaram empreender passavam em sua mente em um torvelinho.
Onde estaria Lúcia?
André olhou em volta o máximo que conseguiu da posição em que estava. Ao fazer o esforço repentino seu pescoço protestou , e instintivamente ele tentou levar suas mãos ao centro da dor, porém suas amarras não lhe permitiram. Uma fúria crescente se avolumava no seu interior.
Cada parte de seu corpo erradia uma dor jamais sentida. Cada ponto nervoso seu parecia estar sendo violentando por agulhas infernais.
— Aqueles filhos da mãe — Ele xingou e fechou os olhos após mais uma onda de dor que lhe acometia.
Como isso seria possível?
André estava em uma sala quadrada com os tijolos à amostra. As paredes do local eram em sua maioria pichadas por palavrões feitos com tinta spray. Desenhos fálicos também completavam a perversão dos decoradores do cômodo.
O local era sujo, o chão estava coberto por lixo, papeis, sacos plásticos, garrafas e latas de cerveja e coisas que André nem ao menos sabia o que eram tampouco desejava descobrir o que seriam.
André sentia o forte fedor de urina corroer suas narinas como ferrugem no aço exposto. Como um chiqueiro maldito o local emanava um nauseabundo fedor e demência e morte.
Existia lá uma porta metálica fechada e uma precária janela tapada com algumas tábuas disformes deixava passar a fraca luz que iluminava o cativeiro de André.
Seus pés e suas mãos estavam presos por fortes cordas, que a tal altura já sulcavam sua pele quase deixando seus pulsos em carne-viva. Seu rosto estava poucos centímetros do chão insólito.
Merda .
Uma infiltração lançava um constante gotejar completando o ambiente pútrido com uma umidade opressora e moforenta. Manchas de mofo cobriam boa parte do chão, lançando esporos nos pulmões do homem caído.
Jogado no chão sujo, e rodeado por imundícies inomináveis André chorava e pensava em Lúcia. O que teria lhe acontecido?
— MALDITOS!
Teria valido a pena ter lutado contra os mostos vivos por tanto tempo só para terminarem mortos por seres vivos.
Onde estaria a doença verdadeira? Nas criaturas que instintivamente devoraram as pessoas? Ou nas pessoas que conscientemente se voltam contra seus semelhantes em atos de violência e crueldade sem propósito?
Já estávamos fadados à destruição mesmo antes de a epidemia ter se alastrado como fogo em palha seca?
André passou muitos minutos lutando contra a dor buscando ficar livre das amarras que lhe mantinham preso rente ao chão. Todos seus esforços, entretanto foram totalmente inúteis pouco mudando a sua situação, só fazendo com que suas dores se intensificassem além do que ele pensou que seria capaz de suportar.
— LÚCIA! — Vencido pela dor ele gritou — LÚCIA! LÚCIA — Lágrimas se misturavam com o sangue e sujeira que lhe cobriam a face. Ao redor de sua boca sua saliva ficava acumulada.
Tempos depois ele conseguiu mudar de posição e ficar olhando para o teto. Não haviam sinais de instalações elétricas lá.
— Onde diabos eu estou? — Ele questionou-se falando uma torrente de palavrões após.
Ele mataria o primeiro maldito que apresse na sala, já começava a formular seu plano de vingança. De alguma forma ele chegaria até Lúcia.
Quanto tempo fiquei desligado?
A perspectiva de já ter se passado muito tempo desde a sua captura fez com que ele temesse por Lúcia.
Imagens vinham sem sua mente, onde Lúcia gritava por um socorro que nunca chegava. Enquanto ao redor dela muitos homens a observavam com olhares lascivos.
Após muito tempo de inércia, ele começou a reformular sue plano, primeiro ele não tinha uma arma de fato. Poderia usar uma das garrafas de vidro que lhe estavam à mão. Porém seria algo eficiente contra pessoas armadas? O enfrentamento contra um homem apenas era até certo ponto possível, porém apenas mais um player envolvido tudo estaria perdido. Enquanto ele atacava um dos inimigos, o outro com toda certeza lhe tiraria a vida tão rápido com se tira um inseto morto da sola do sapato.
Logo ele teria que esperar e ver o que seus raptores desejam com ele. Se o quisessem apena morto o poderiam ter feito lá onde estavam. Porque então o haviam aprisionado para início e conversa?
Serei útil de alguma forma?Os chefes deles ficam com as mulheres liderados com quem ficam?
— Não, não — Ele falou com a terrível perspectiva que surgiu em sua menta.
Sua barriga começava a protestar, todos os mantimentos que arduamente ele E Lúcia haviam conseguido haviam sido tirados deles assim como suas liberdades.
Seus lábios rachavam pela falta de água. Ele tentava umedecê-los com a língua entretanto a ação era algo paliativo, pouco eficiente.
Preciso de água.
Até essa altura ela não tinha ouvido nenhum som. Porém agora ele começou a ouvir barulhos se intensificando.
Estou ficando louco?
Ele passou a ouvir ainda distantes risadas masculinas. Seriam seus algozes? E se fossem o que fariam com ele quando chegassem?
Os sons se intensificaram. Mais risadas.
O que poderia ser tão engraçado nessa merda de mundo?
Agora André estava ouvindo passos subindo escadas. Depois as pessoas que estavam indo até ele começaram a mover as travas que mantinham a porta de ferro trancada.
Quando a porta foi aberta um homem de tez negra surgiu pela abertura ainda ostentando um terrível sorriso em seus lábios.
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The Walking Dead Sobreviventes do Brasil
Hayran KurguA epidemia de mortos vivos se alastra por todo mundo. E no Brasil dia após dia a sociedade está em declínio, as instituições governamentais ruíram. Neste fanfic apresento a luta pela sobrevivência em cidades brasileiras.