52- É perigoso ir sozinho

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Eles comiam os últimos recursos em silêncio. A fome começava a amortalhar o grupo. No centro do círculo que eles faziam havia uma pequena fogueira que lançava pequenas centelhas ao ar. Estava frio e mesmo sendo incomodados pela fogueira eles eram forçados a mantê-la. Beth vez por outra sentia incomodo em seus olhos, mas guardava isso para si na maioria das vezes.

Beth comia despreocupada lentas colheradas de sua porção de feijão enlatado. Os adultos comiam lentamente e saboreando cada colherada que comiam.

Eles haviam postergado demais a saída para busca de novos recursos, uma aposta que tiveram que fazer devido a incômoda presença de uma nova integrante no grupo.

- Meu nome é Mara – A estranha mulher disse de forma animalesca assustando as demais pessoas presentes.

Os grandes olhos de Beth eram dois faróis, contemplando a estranha mulher que até então não havia falado seu nome. Beth estava com medo. Os adultos notaram que a menina havia ficado mais retraída com a chegada estranha.

- Sabe o quê significa?- Mara perguntou para a menina, e colocou sua lata vazia que lhe servia de prato no chão.

- Amarga – Beth falou quase que inaudivelmente com o cenho carregado.

- Criança esperta – A mulher falou, arreganhando um precário sorriso em seguida.

- Sabe o significado do seu?- Mara continuou, apontando um descarnado dedo para a menina.

Os adultos estavam incomodados com a conversa. Beth nada disse, sua respiração estava pesada.

- Você está assustando ela- Hana interpôs.

A mulher virou rapidamente seu rosto para a jovem que lhe dirigira a palavra e lançou um olhar ferino para ela. Angeline correu sua mão até o cabo de seu facão. O toque da arma era algo prazeroso para a mulher.

- Deus é abundância – Beth falou por fim.

- Você não me cansa de surpreender criança – Mara, falou e soltou uma aquosa gargalhada. Feito isso ela se levantou e deixou o cômodo em que estava. Antes porém ela falou - Me pergunto abundância do quê  criança?

Mesmo sem a mulher presente seu fedor ainda era sentido. Angeline achava que aquilo já estava ficando entranhado em suas narinas.

- O quê vamos fazer? – Angeline perguntou.

- Não podemos simplesmente mandar ela embora- Hana falou, sem convicção.

- Por que não?- Angeline disse, olhando friamente para sua amiga.

- Foi um erro- Matheus completou.

- Ela me assusta- Beth disse, ela brincava com seu cubo mágico, uma mecha loira de seu cabelo cobria parte de seu rosto delicado.

Matheus suspirou e foi até a janela, olhando para baixo ele viu que a mulher estava com um pedaço de madeira e cutucava a cabeça de um morto vivo que tentava lhe devorar mas era detido pela grade.

- Temos que sair hoje para conseguir mais alguma coisa- Matheus disse.

- Então vamos – Angeline  falou peremptoriamente- Porém pensou um pouco ao olhar para Beth.

- Você pode ir com Matheus, Hana?- Angeline a sua amiga.

- Você não acabou de dizer que iria?- Hana disse, enrubescendo.

- Acho melhor ficar hoje e cuidar da Beth.- Angeline falou e compreendeu o que sua amiga tinha em mente.

- Quando vamos?- Hana perguntou para Matheus.

- Vamos descer e acabar com esses mortos-vivos que estão lá perto da grade primeiro, só assim nós poderemos sair em busca de algo.

- Então vamos- Hana falou e pegou sua picareta. A ferramenta afiada emitiu um triste som ao atritar com o chão.

Lá fora o sol brilhava, porém seu calor não era sentido pelos sobreviventes, o inverno era rigoroso.

*

A testa de Matheus brilhava, o esforço mesmo no frio faziam com que ele transpirasse. Uma grande mancha formava-se em suas fortes costas. Por duas vezes ele pensou ter visto Hana lhe observando, com o rosto em brasa ele prosseguiu seu trabalho de empurrar seu bastão na cabeça dos mortos vivos e puxar para trás em seguida. Sangue e miolos vinham em seguida.

- Toma- Hana falou, oferecendo umas das últimas garrafas de água de que dispunham. Um largo sorriso estava estampado em seu rosto.

Quando ela passou a garrafa para a mão do jovem, seus dedos se esbarraram e Matheus teve a impressão de que ela havia acariciado a mão dele com a ponto dos seus dedos. Do lado deles Angeline era incansável, derrubando vários infelizes em pouco tempo.

Seria essa busca a oportunidade que ele teria para se aproximar de Hana de uma vez? Matheus pensava.

- Pode parecer estranho- Hana falou, baixo e bem perto de Matheus- Mas estou feliz em poder ir com você.

Matheus não se continha.

- E-eu também estou- Ele disse em jeito.

- Acho que é só- Angeline disse, assustando aos dois - Hora de ir.

Durante todo o tempo que eles levaram para acabar com os mortos-vivos, Mara apenas os observou de longe. Beth ficou dentro do quarto.

Hana e Matheus pegaram suas mochilas e suas armas e ficaram prontos. Perto do meio dia eles deixaram o abrigo.

- Tome cuidado – Angeline falou pra Matheus.

- Pode deixar que eu cuido bem dele- Hana disse sorridente.

- O mesmo vale pra você – Angeline disse- Lembre que não estarei lá pra lhe salvar.- Dito isso a mulher ruiva abraçou sua amiga.

- Fique bem – Matheus falou para Beth. A menina estava com os olhos embaçados.

- Lembre-se – Angeline continuou – Não importa a situação, é perigoso ir sozinho, tome isso – Ela deu para Hana uma faca curta.

- M-muito obrigado – Hana disse.

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