48 - Ruas de sangue

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Sobreviventes do Rio de Janeiro



A noite cobriu amortalhando toda a cidade. De cima do morro André via a cidade iluminada pela fria lua. Abaixo nenhuma luz era visível.

Quantos ainda estão vivos?

Os homens de Shogun estavam inquietos, mesmo forçando uma confiança para André, era notável que eles temiam por suas vidas.

A corpulenta senhora que André vira pela manhã também estava lá. Ao lado de Shogun, e conversava com o sobrinho.

- E aí branquelo – Custela falou- Tá pronto?

- Estou.

- Não vai arregar na hora.

- Fica tranquilo.

- Quero só vê - Custela falou, e afastou-se sorrindo.

Mesmo se esforçando para obter informações sobre Lúcia, André não conseguiu obter nada a respeito dela. O que o inflamava ainda mais. Estava indo para lutar uma guerra quem nem lhe dizia respeito. Mas estava disposto a tudo para conseguir juntar-se a Lúcia novamente. Mas isso seria o correto a fazer? O que ela pensaria sobre as ações dele? André chorou.

Quando alguém se aproximou ele enxugou seus olhos com as costas de sua mão direita e esboçou um semblante decidido.

André foi levado até a presença de Shogun e lá Malaquias repassou novamente o plano. Ele usou um precário desenho para demonstrar como o ataque seria realizado. Eles se dividiriam em três grupos com quatro integrantes. Cada grupo iria tentar a invasão por uma área que Malaquias julgou ser mais vulnerável.

- Entenderam? – Malaquias perguntou.

Os homens de Shogun menearam suas cabeças confirmando que havia entendido as instruções passadas por Malaquias.

Malaquias achou por bem não utilizar veículos no ataque. Tudo deveria ser feito de tal forma que os homens do outro morro fossem pegos de surpresa.

As costas de André já protestava quando chegaram ao pé do morro inimigo. Lá enfim André viu luzes. As pessoas de lá não se importavam de serem notadas.

Com certeza devem ter armas de sobra.

Malaquias repassou novamente o plano. Se as coisas dessem erradas Shogun enfrentaria sérios problemas. Poucos homens haviam ficado para a defesa de seu morro. O ataque era uma retaliação que Shogun infligia em seus inimigos.

André questionara-se do porquê de os dois morros não terem simplesmente se unidos e assim poderiam ter mais chances de protegerem as pessoas que sobreviveram dos dois lugares. Custela lhe explicara com poucas palavras que a treta já vinha desde antes da merda ter sido jogado no ventilador.

Os grupos se separaram, André ficara com Malaquias, juntamente com Vareta e Canhoto.

- O que fazemos se encontramos mulheres e criança?- André enfim atreveu-se a perguntar.

- Tu não ouviu o que o chefe falou?- Malaquias disse rispidamente.

- Sim, mas.

- Todos, são todas.

André não queria acreditar no que acabara de ouvir. Como ele poderia ser capaz de matar alguém inocente?

Eles agora estavam a poucos metros da primeira barricada. Uma grande Nuvem cobrira a lua, e a escuridão os engolfou.

- Poucos meses atrás, essas desgraçados subiram nosso morro – Malaquias disse entredentes, a dureza havia sumido do rosto do homem, sem olhar para André ele continuou- Sempre brigamos com eles, mas o que eles fizeram foi algo baixo.

A voz do homem quase falhou.

- Sem nenhum aviso eles subiram nosso morro, mataram alguns dos nossos vigias e passaram a máquina tanto em mulheres como crianças. As ruas do nosso morro ficaram cobertas de sangue naquele dia.

Silêncio.

- Malaquias perdeu a parceira dele – Canhoto disse quase sussurrando.

O homem não mais falou. Colocou seu fuzil em riste, tirou a trava e fez sinal que havia chegado a hora.

A lua ainda estava coberta, André sentiu seu corpo estremecer assim que um vendo frio o assolou. O Fuzil de André parecia pesar agora bem mais do que antes, suas mãos estavam dormentes, sua boca seca e um insistente zunido atormentava seu ouvido.

André pisou em uma lata, o som de metal contra asfalto os denunciou, os quatro homens pararam prontos para receberem os disparos dos inimigos. Mas o que se passou foi algo diferente, poucos segundos depois de fazerem barulho, começou um tiroteio do outro na outra entrada do morro.

Salvo em cima da hora.

- Não vacila se não a gente morre- Vareta disse, seus olhos faiscavam.

Novos disparos.

- Acabou o papo- Malaquias disse. Andou alguns passou e atirou em um homem que mostrou seu rosto sobre a amurada.

Outros homens apareceram sobre a proteção e atiraram no grupo de André.

- Atira também mano – Canhoto disse ao ver André sem revidar.

André seguiu o conselho de Canhoto e conseguiu ferir um homem no ombro. Ele gritou assim que foi atingido e caiu do local onde estava.

Os quatro conseguiram subir por uma escada e quando já estavam do outro lado Malaquias foi atingido por um disparo. André matou o homem que os atacara e correu até Malaquias.

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