12- Abrigo

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As criaturas caminhavam. E os dois amigos pressentiam o desejo descontrolado que o grupo de mortos vivos emanava.

Saíram do túnel e seguiram para a direita. E começaram a correr. Ansiando por chegar no seu local de abrigo.

Mais carros estavam abandonados pelo caminho.

Já fora do túnel a avenida era ladeada por um grupo de edifícios à esquerda e à direita alguns metros adiante de onde Lúcia e André estavam havia uma pequena igreja.

O canteiro central que separava as duas faixas do túnel estava totalmente coberto pela grama alta e por uma variedade de lixo.

Quando Lúcia chegou em frente da igreja pôde dar-se ao prazer de sorrir. Pois já estavam próximo de seu lugar de abrigo. Para ela, mesmo com o perigo que estavam enfrentando era reconfortante aquele local. Era um marco de que a segurança estava bem próxima.

André olhou para trás e temeu. Mesmo estando a poucos metros do seu destino. As criaturas estavam mais próximas e se Lúcia e ele não corressem seria difícil entrar no esconderijo.

A tensão dele diminuiu um pouco quando Lúcia que seguia à frente lhe lançou um olhar mostrando não medo, mas confiança.

Ela está melhor - pensou ele.

Os dois correram ainda mais.

Uma grande construção estava agora à direita da avenida. Era o abrigo. O Shopping Rio Sul. O primeiro da Cidade a ser construído e ainda muito visitado antes da proliferação da epidemia, e agora, local de proteção de Lúcia e André.

Havia muita destruição na fachada de vidro do local, ele foi alvo de intensos saques já nos primeiros dias da epidemia, as seções que primeiro sofreram foram as de alimento. Mas todos as demais foram igualmente saqueadas depois de uns dias. O que obrigada os amigos a fazerem incursões em outros locais na busca de víveres.

Eles sabiam que aquele local não seria um abrigo permanente, mas no momento era tudo o que eles possuíam, e estavam até certo ponto satisfeitos pelo parco lar que momento habitavam.

Rapidamente entraram no edifício e seguiram pelo corredor que levaria ao local onde estavam instalados. Em seu encalço os cadáveres ambulantes ainda continuavam a sua nefasta perseguição.

-Antes de descansar teremos que dar um fim nesses malditos - Lúcia pensou. Mas nada disse ao seu amigo.

O local para onde se dirigiam era uma área escondida, destinada a descanso e trânsito das pessoas que trabalhavam no local. Não havia energia elétrica há muitos dias. Mas o abrigo deles era iluminado por uma grande clarabóia presente no edifício.

Caminhando em linha reta os dois chegaram até uma grade e suspiram aliviados pois ela estava do mesmo jeito de quando eles saíram. Sinal que o abrigo estava incólume.

André tomou a dianteira segurou o mecanismo de abertura da grade e levantou alguns centímetros a proteção. Lúcia rapidamente se agachou e passou por baixo da estrutura de metal. E do outro lado ela que segurou o mecanismo de elevação da grade do lado em que estava, e André após dar uma olhada no corredor passou sua mochila e depois cruzou a grade. Lúcia abaixou a estrutura e ativou a sistema de travamento da mesma.

Eles se encostaram na parede do local e arfaram.

-Você está bem? - André perguntou.

-Estou sim, estamos seguros - Lúcia respondeu depois sorver uma grande quantidade de ar. O seu peito subia e descia rapidamente, seu coração pulsava rapidamente pela carga de adrenalina que havia recebido. Desde que saíram do hotel em que passaram a noite não haviam descanso.

Ela fez sinal de positivo com sua mão direita. O que provocou um leve sorriso em André.

-Você não existe sabia? - O jovem falou - Você sempre está me surpreendo. Mesmo passando pelas piores situações você sempre consegue encontrar forças.

-É o que me resta André. Já perdemos tanto. Não podemos entregar os pontos agora- Lúcia falou e depois procurou em sua mochila uma garrafa com água. Após encontrá-la ela bebeu demonstrando grande satisfação em cada gole.

Depois de terminar o líquido de sua garrafa ela continuou - Eu não conseguiria sozinha. Se estou viva até agora é por sua causa. Muito obrigado por seu apoio lá atrás.

André que já havia também pego sua garrafa enrubesceu diante do cometário de sua amiga.

-Somos uma equipe. E você sabe que eu sou um grande devedor a você - André disse depois de tomar um gole de sua garrafa.

Lúcia ficou de pé e disse - Ainda não acabou, teremos que terminar com esses presuntos aí - Ela disse apontando com o polegar de sua mão direita os mortos vivos que agora estavam gemendo e arranhando a grade de proteção.

Para a sorte dos dois a grade possuía pequenos furos em sua estrutura o que facilitaria o trabalho deles.

A arma de André era mais adequada para o serviço então ele se aproximou dos morto vivos. Eles ficaram ainda mais inquietos, metiam seus dedos por entre as frestas da grade, mas não conseguiam nada além, a estrutura era sólida e mesmo com o esforço que estavam fazendo ela não mostrou sinal que cederia.

André pegou seu pé de cabra e acatou os mortos vivos enfiando sua arma pelas frestas da grade atingindo as tristes criaturas em suas frontes. Depois de alguns minutos os gemidos pararam e restaram apenas os corpos inertes das criaturas do outro lado.

André limpou o suor de sua testa com as costas de sua mão.

-Bem, eu dei um fim neles. Agora você que vai levar eles lá pra fora - André disse para sua amiga.

Ela lhe deu um saco em seu braço direito e disse - Negativo. Você mesmo disse somos uma equipe, e vamos juntos mais tarde levar eles daqui.

-Ok, ok - Se dando por vencido André falou. E depois sentou exausto no chão. Lúcia copiou o gesto.
E descansaram.

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