24- O inverno está chegando

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Uma manhã fria se ergueu sobre os quatro sobreviventes. Durante a madrugada a temperatura baixou tanto que Matheus teve que colocar até mesmo a sua coberta sobre Bet para que ela tivesse o mínimo de conforto durante seu sono. Ele, porém aguentou firme o forte clima.

Quando Angeline levantou-se se deparou com o alto jovem ainda em sua vigília na janela com sua respiração sendo visível quando respirava.

- Bom dia – Angelina falou. Matheus tomou um susto, como se estivesse preso em pensamentos distantes. O rapaz olhou para a mulher e respondeu ao cumprimento.

- Bom dia Angeline.

- Você passou a noite toda aí?

- Ah, não exatamente. Eu dormir também – Por poucos minutos ele deixou de falar – Estou bem – Desde que a contaminação começou e ele se viu com a responsabilidade de proteger Bet, poucas vezes ele se deu ao luxo de dormir mais de uma hora se uma só vez. Ele não contava para a garota, mas este esforço já estava cobrando seu preço. Por vezes ele sentia todos eu corpo estremecer, somente o cuidado que ele sentia pela menina que lhe fazia lutar, mesmo já sem forças.

- Podemos nos revezar na vigilância – Angeline falou. Mesmo sem teres conversado, organicamente tanto Matheus como as duas amigas sabiam que o grupo que estava formado não iria se separar. Eles precisavam uns dos outros.

Matheus observou a mulher depois disse:

- Está bem então – Ele disse, mesmo sabendo que para ele seria quase impossível dormir por um longo período, por instinto ele já estava acostumado a ficar desperto. Por um descuido seu, quando ele dormiu além do que devia, ele acordou com um morto vivo dentro do local onde eles estavam e por pouco ele e Bet não foram atacados. Desde o ocorrido ele ficou ainda mais de prontidão.

Hana acordou com a conversa dos dois e os cumprimentou:

- Bom dia – Os dois lhe deram bom dia em retorno.

Hana percebeu também que Matheus estava no mesmo local em que ela o viu antes de dormir. Ela não falou nada, mas percebeu o mesmo que Angeline minutos atrás.

Ela sentou-se e falou para sua amiga.

- O que temos para o café da manhã?

- Bem – Angeline disse depois de pegar sua mochila e a revirar em busca de algo para comer – Só tenho estes últimos pacotes de biscoito.

- Está melhor que eu então – Pois meus biscoitos já se foram. Mas tenho dois pacotes de macarrão instantâneos.

- Deixe isso para outra hora – Angeline falou.

- Não se preocupem – Matheus disse interrompendo a conversa das duas. Ele pegou grande mochila – Temos muitas coisas aqui – Ele disse batendo na mochila – São apenas guloseimas, eu peguei para Bet, mas podemos dividir.

- Você não precisa – Angeline disse – Bet precisa mais do que nós.

- Está bem – A voz de Bet se fez ouvir no cômodo. Todos voltaram sua atenção para a menina que eles jugavam estar dormindo.

- Eu sei que Matheus pode conseguir mais coisas para todas nós. Ele é forte. Está sempre me protegendo.

Matheus não disse nada apenas sorriu para a menina que ele tanto ama. Como se fosse sua própria filha.

Diante da fala da menina Hana e Angelina nada puderam falar contra e comeram de bom grado cada uma um pequeno pacote de biscoito, junto com um ralo café que Matheus preparou.

Hana e Angeline pegaram em suas mochilas agasalhos para se protegerem do frio.

- Acho que a temperatura vai piorar nos próximos dias – Angeline disse.

- Vai sim – Hana falou.

- Aqui na cidade nós temos mais chance de nos proteger do frio penso eu – Matheus disse – Mas também é nas cidades que tem mais desses mortos vivos vagando. Droga, nós estamos na cidade mais populosa do país!

- O que você pensa em fazer – Hana disse.

- Como eu disse pra vocês ontem, desde o princípio o plano original era sair da cidade e ir para um local menos populoso. Mas nunca pensei em ir coma Bet sozinho seria suicídio. Há muitos deles por aí.

- Você não está mais sozinho – Angeline disse e ficou constrangida depois de o ter dito.

Matheus meneou a cabeça e disse:

- Acho que juntos temos alguma chance. Se nós não encontrarmos nada além de mortos vivos por aí.

A conversa passou a ter um tom mais grave.

- Digo uma coisa pra vocês, nestes meses após tudo o que aconteceu. O que mais me assusta não é o ataque dos mortos vivos. Mas sim as ações daqueles que ainda tem consciências de seus atos.

As duas mulheres apenas ouviam.

- As piores coisas que presencie – Ele olhou para Bat, - Foram feitas por vivos, e não pelos mortos. Parece que não foram apenas os infectados que perderam algo, mesmo os mortos perderam algo quando tudo começou a cair.

Bet parecia alheia à conversa, apenas comia as bordas de um biscoito de morango. Mas ela sempre estava atenta a tudo e a todos.

- Mesmo com o perigo, é nossa única chance de sobreviver. Pois uma hora as coisas irão acabar. Nós vivemos isso, viemos parar aqui, pois estávamos precisando ir cada vez mais longe em busca de combustível – Angeline disse.

- Vocês tem algum transporte? – Matheus disse esperançoso.

- Infelizmente – Angeline disse – Nós perdemos a moto que nós tínhamos.

Matheus evanesceu-se.

- Mas podemos dar um jeito – Hana disse.

- Sim podemos – Matheus falou – Mas não podemos usar os carros que estão na rua, boa parte deles está inutilizada por batidas que eles tiveram.

- Aqui em baixo tem umas bicicleta, podemos usar elas para nos locomover, será mais trabalhoso, mas é uma saída.

- Não é uma má ideia – Matheus disse. E durante percurso sempre podemos tentar usar algum veículo parado.

- Antes de irmos, acho que devemos ir à busca de mais suprimentos. Nossos já estão no limite e pelo que vimos seus também estão- Hana disse.

- Nós podemos ir – Angeline disse apontando para Hana.

- Não – Matheus falou, mesmo indo contra seu desejo de estar sempre perto de Bet para protegê-la, ele sabia que não bastava ficar onde eles estavam para proteger a menina algo maior precisava ser feito um sacrifício em busca de uma vida – Eu vou com algum de vocês. A outra fica e toma conta da Bet.

As duas amigas se entreolharam.

- Eu vou – Angeline disse.

- Não eu vou – Hana rebateu.

- Fique, acho melhor – Angeline disse. Hana aceitou.

- Quando vamos – Angeline disse.

- O quanto antes – Matheus falou – Só precisamos ver se não há nenhuma horda de mortos vivos por aqui por perto. Depois podemos explorar livremente. Angeline compreendeu e ao meio dia eles decidiram sair. Ficaram combinados que os dois não iriam longe e lá pelas cinco estariam e volta.

Matheus empunhava a barra de metal que lhe servia de arma, enquanto Angelina carregara seu facão a tira colo.

Bet era forte, e em momento nenhum pediu para que Matheus ficasse.

Os quatro desceram do primeiro andar do local em que estavam.

- Tio Matheus - Ela disse quando os dois já partiam. Ele voltou e ela lhe deu um beijo no rosto – Volte logo – Ela disse.

Então os dois partiram.

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