Setembro de 2015
- Mas como é que se perde dez dólares?! - Andrew ri.
- Sei lá. – dá de ombros. – Acho que me distraí. – reprime o riso.
Gabriel mantém seus olhos fixos na linda moça, a metros de distância. Não poderia deixá-la ir para casa sozinha, admite. Sabia que a rua ainda estava bem iluminada e relativamente segura mas, não ficaria em paz sabendo que não fizera nada por ela, ainda que houvesse uma oportunidade. Como queria que ainda fosse dia, pensa. Poderia ver novamente o sol convergir sobre ela.
- Achei que você sairia daqui acompanhado, hoje. – o amigo comenta.
Não era de se espantar que Andrew pensasse assim. Gabriel sempre estava acompanhado, ainda que a solidão se fizesse presente a todo instante de sua vida. Sua facilidade de atrair mulheres era incontestável e seu colega de alojamento já estava mais que acostumado com isso. Podia se orgulhar da grande habilidade que tinha mas, nem por isso permitiria que esse tipo de qualidade lhe subisse a cabeça. Afinal, aquele estilo de vida o qual levava não havia sido uma opção... E sim, uma solução.
Quando se viu deixado por sua "Estrela", passara todo o tempo se questionando sobre o que fizera de errado e o que poderia fazer para mudar tudo. Entretanto, questionara por tempo demais. Ela tinha outro em sua vida agora... Já era tarde demais. Seus devaneios apontavam para Sara a cada noite, a cada nota que tocava em seu violão. Aquele fora seu último fracasso. A garota fora sua última derrota... Sua última dor. E por fim, Gabriel percebeu que só havia uma maneira de não deixar que o passado o corrompesse: esquecer-se dele. Mas como esquecer aquilo que era responsável pelo homem que se tornara? Pôde concluir que seu plano não era nada fácil... Mas podia ao menos amenizá-las com pequenas distrações. Uma vez que Sara não era mais sua, ele poderia ao menos encontrar pedaços dela em outras mulheres. E assim o fez. Procurava a todo o tempo, em cada garota, algo que lhe tirasse sua "Estrela" da mente. E por horas ou minutos, era capaz de quase senti-la em seus braços. Dessa maneira, Gabriel criara seu peculiar estilo de vida.
- Eu não seria uma boa companhia por hoje.
Ambos caminham em silêncio pelo largo asfalto do campus e Gabriel mantém seus olhos fixos na pequena moça. Andrew era um bom amigo, pensa. O rapaz sabia muito bem a hora de conversar e a hora de fechar a boca. Já conhecia seu triste colega o bastante para respeitar seu natural silêncio.
A moça dos cabelos dourados vira na primeira esquina, fazendo-o desviar seu caminho.
- Vamos passar por aqui... – sugere. – Acho que chegamos mais rápido assim.
- Não chegamos, não...
- Vamos tentar, pelo menos. – teima, irritado.
- Tudo bem... - Andrew suspira. – Mas só quero que saiba... Que você tá estranho hoje... Quero dizer... Mais estranho do que o normal.
Luna para em frente a um dos prédios. Ela busca em seu bolso uma chave, e ao tirá-la, vai em direção à porta. Então era ali que ela morava... Gabriel conclui, satisfeito.
- Quer saber? Tem razão! Vamos pelo caminho normal...
Andrew o olha confuso.
- Mas assim, de repente?
- É... Esqueça esse caminho... Foi só a minha "estranhice". Ignore-a.
- Mas...
- Foi minha estranhice! Deixa pra lá! – exclama, mau humorado. E volta-se na direção contrária, sinalizando ao amigo, para que faça o mesmo.
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A Estrada Partida
RomanceUma juventude repleta de sonhos acaba de ser corrompida com o fim de um primeiro amor. Gabriel, que pensara já ser um homem, se descobre apenas um menino solitário e frágil por trás de uma grande armadura física. O tempo, que deveria ser seu grande...