Setembro de 2015
- Nossa, acho que chegamos um pouco tarde. – Luna comenta.
O Andy's estava praticamente ocupado por completo e Tom parecia atrair olhares para si ao adentrar o local. De fato, agora ela entendia porque Louis brincara a respeito da tal "inveja". Podia senti-la em cada olhar, de cada garota que a analisava de cima abaixo ao notar sua ilustre companhia. O rapaz, por sua vez, parecia triunfante como sempre. Carregava um sorriso galanteador e acenava brevemente para algumas mesas, sem qualquer inibição. Luna sente-o posicionar uma das mãos em suas costas e ambos sentam-se em uma mesa para dois, próxima ao caixa. Tendo em vista a dificuldade para encontrar lugares vagos, o simples fato de haver um, perto de uma fila enorme e repleta de curiosos por sinal, já era o suficiente.
- Desculpe... Foi tudo por causa da carteira. – Tom argumenta, sem graça.
- Tudo bem... Acontece.
- Pois bem... – começa, repentinamente. – Acho que podíamos reiniciar a conversa de ontem. Não necessariamente onde paramos. – explica-se com cautela.
- Claro. – sorri.
- Eu me lembro de ter perguntado se não tinha um namorado, ou algo assim...
- Ah sim... Porque sou "recatada". – provoca.
Ele ri.
- Desculpe por isso... Prometo não chamá-la assim mais. Mas de qualquer forma, não posso negar que esse seu jeitinho tímido é o que mais me chama a atenção... – murmura, fazendo-a corar. - Gosto dele... – complementa em um tom sedutor.
Ele sabia bem como deixar uma garota completamente sem jeito, ela constata. Imaginava estar parecendo uma verdadeira idiota olhando-o, desconcertada. Luna percebe o olhar intenso de Tom em seu rosto. Aquele não era exatamente o tipo de olhar que gostaria de receber, mas ainda assim sentia-se especial naquela mesa.
- Bom... – ele começa. – O que vai querer pedir? – pergunta, estendendo o cardápio.
- Hum... Não sei bem. O que me recomendaria?
- Aposto que uma salada. Acertei? – responde, analisando-a.
Não. Ele errara. Mas tudo bem... Ela poderia fingir daquela vez.
- Sim... Seria ótimo uma salada.
Homens... Sempre acham que as mulheres vivem de água e folhas, reflete enquanto se contém para não revirar os olhos. Ele sorri, satisfeito e acena para o garçom que se aproxima, prontamente.
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Gabriel sentara-se em sua cama, com o violão em mãos. Aquela era uma boa hora para deixar o instrumento aliviar seu coração e sua mente. Seus dedos dançam sobre as cordas como se tivessem sido feitos especialmente para cada uma delas. Fecha os olhos e toca, concentrado apenas em sentir os acordes cada vez mais. Não sabia se aquilo seria o suficiente, mas estava disposto a tentar qualquer coisa que o fizesse se esquecer por alguns minutos da idiotice que cometera.
Pra que tinha de falar aquilo a Luna?! O que foi que lhe dera?!, interroga-se. Não podia ter sido capaz de dizer aquelas palavras em sã consciência! O que ela estaria pensando agora? Provavelmente no quão patético ele fora... Merda. Aquela garota estava tirando-o do sério, progressivamente, conclui. Sua zona de conforto se desmontava a cada momento em que se encontravam e isso era assustador. Quanto mais ordenava a si que se afastasse, mas sentia-se ligado a ela. E quanto mais tentava se calar, mais besteiras dizia... E aquilo tudo acontecia sem que ele ao menos pensasse em seus atos.
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A Estrada Partida
RomanceUma juventude repleta de sonhos acaba de ser corrompida com o fim de um primeiro amor. Gabriel, que pensara já ser um homem, se descobre apenas um menino solitário e frágil por trás de uma grande armadura física. O tempo, que deveria ser seu grande...