O Céu

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Setembro de 2015

Luna tomara um banho e se prontificara a deitar após o turbulento fim de tarde que tivera. E pensar que Gabriel lhe parecera tão maduro, lamenta. Mal conseguia visualizar mentalmente aqueles tristes olhos agora. Doía-lhe ter de reconhecer o que temia: Gabriel, mais que qualquer um naquela universidade, a havia hipnotizado.

E como se não bastasse, o rapaz apenas fizera dela mais um item à sua lista de conquistador. Tom era quem realmente falara a verdade. Deveria ter tido cuidado desde o princípio, analisa. Mas se preocupou em se precaver com a pessoa errada, pelo visto. Entretanto, não havia borracha alguma que apagasse aquele beijo e muito menos o que se passou em seguida.

Levanta-se então, rapidamente, da cama e se agita ao correr para o armário. Precisava se distrair urgentemente... Não podia manter o rapaz dos olhos tristes em sua mente agora, ou ele a perseguiria durante toda a noite. Coloca uma roupa simples, com um moletom por cima e vai sozinha para o prédio da biblioteca. Talvez, estudar fosse o suficiente para relaxá-la agora.

- Não vai comer nada?

Andrew grita da sala, interrompendo a calma melodia que se instalara no quarto de Gabriel, fazendo-o para de tocar.

- Como mais tarde.

- Ok.

O rapaz ergue-se da cama e guarda o violão, ainda que relutantemente. Não adiantava permanecer ali tocando-o, constata. A moça dos cabelos dourados não voltaria. Deita-se novamente, cansado e pensa em como tudo poderia ter terminado se Clair não surgisse naquele momento tão decisivo. Sabia que, apesar do resultado de tudo aquilo, deveria estar mais preocupado com as coisas que falara. Afinal, pela primeira vez em mais de meses, ele permitira-se sair da zona de conforto na qual se escondera por todo aquele tempo. Nem sequer imaginara sentir tudo aquilo que transmitira a ela mas, as palavras vieram sem que tivesse tempo de filtrá-las. Fora surpreendentemente verdadeiro e ainda assim, saíra como um grande mentiroso e cafajeste.

__________

- Olha quem chegou!

Luna ouve Julie exclamar no instante em que abre a porta. Olha ao redor, constrangida, e nota que a amiga não está sozinha. Há uma roda no centro, composta por quatro garotas e Louis. Louis?!

- Olá... – sorri, sem jeito.

- Senta aqui, gatinha. – Louis sinaliza para o espaço ao lado. – Pensei que estaria aqui e por isso vim para a festinha.

Festinha... Agora podia ver que na roda estavam três veteranas e uma garota de sua sala. Ah sim... Karen! Não se lembrava muito bem a respeito da garota, mas sabia que era irmã de uma veterana. Aquela podia ser a resposta para sua dúvida quanto ao que a nova colega fazia ali.

- Acho que a festinha dela foi a dois. – Julie brinca.

- Uuuui, Luna mal chegou e já está se adaptando muito bem, obrigada. – Louis entra na brincadeira.

- Estava apenas na biblioteca.

Ela não tinha um espelho em mãos, mas podia afirmar que estava completamente corada. Sua vontade era correr dali e se trancar no quarto, em busca de paz. Mas aquela, com certeza, não era a atitude esperada conforme com os padrões de comportamento social. O jeito era se juntar à roda, conclui.

- Acho que ainda não conhece todas as garotas, certo? – Julie se certifica.

- Certo. – sorri.

- Bom... Esta ruiva é Lana. – começa a apontar. – E esta é Carolyne, que por sinal é irmã da Karen, que eu imagino que conheça.

- Ah sim... Como vão? – pergunta, cordialmente.

A Estrada PartidaOnde histórias criam vida. Descubra agora