Setembro de 2015
- Não sei o que houve, mas dessa vez você se superou.
Clair permanece deitada, enquanto Gabriel começa a se vestir. Já estava na hora de ir e ele não podia desejar mais sair daquele lugar. Sentia-se culpado pelo que acabara de fazer e não conseguia entender a razão para isso.
- Posso te esperar amanhã? – continua.
- Bem, acho que vou estar ocupado. – explica-se.
- Claro.
Responde, conformada. Sabia muito bem que aquilo não era verdade. Gabriel provavelmente havia gasto todas as suas energias ali e passaria o resto da semana recarregando-as, pensa. Afinal, era assim que funcionava o relacionamento dos dois. Desde o início as coisas aconteciam dessa forma, e valia a pena para ambos. Entretanto, ao longo dos meses, ela desenvolvera um sentimento diferente pelo rapaz. E buscava um "algo a mais" naquela relação. Gabriel nunca lhe dera qualquer esperança, mas ao menos parecia mais a vontade ao lado dela e agora passava mais tempo na cama do que antes. Seu lado racional gritava sobre quão idiota era sua perspectiva, mas seu lado sentimental parecia se fazer ouvir com uma maior facilidade. Ela estava carente e Gabriel parecia ser o homem ideal para resolver seu problema.
- Já vou indo. – ele murmura. – Está começando a escurecer. Acho que fiquei por tempo demais.
- E por isso também você se superou. – ela sorri, esticando-se para lhe dar um último beijo.
Gabriel corresponde e então se dirige à porta.
- Espere! – Clair exclama, fazendo-o se virar.
- Sim?
- Te fiz esquecer o sol? – pergunta, provocante.
- Ah... Sim. Obrigado. – responde, arrancando-lhe um sorriso.
Ele se vira imediatamente e deixa o quarto. Até que para um quase moralista estava se saindo um completo mentiroso, reflete. Pensara no sol o tempo todo e, aqueles raios convergiam para outra garota.
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Luna podia dizer que tivera uma tarde agradável. Suas aulas após o almoço foram além do esperado e a conversa com Tom fora, por fim, agradável. O rapaz podia ter diferenças drásticas quando comparado a ela, mas sabia fazê-la se sentir especial. Ele lhe dava atenção, mesmo quando outras garotas tentavam desviá-la ao cumprimentá-lo com abraços calorosos e conversas fúteis.
Gabriel talvez estivesse exagerando quando lhe aconselhou a respeito de Tom, considera. Até agora ela não vira maldade nenhuma em nada do que o grandalhão fizera. Tudo bem que ele a convidara para um passeio a sós logo na primeira noite, mas que homem não tenta isso com uma garota?, reflete.
Levanta-se de sua cama e veste uma blusa simples. O entardecer parecia bonito e sentiu uma enorme vontade de vê-lo mais de perto. Deixa seu alojamento e começa a caminhar pelo campus. As ruas estão começando a ficar vazias e parece que não é todo mundo que aprecia o céu por ali, a seu ver. Não entende como tantos jovens podem passar por aquele asfalto sem nem ao menos olhar para cima. Está tudo tão lindo, observa. A brisa corre levemente e alguns pássaros resolvem aparecer, dançando em círculos sobre os prédios.
Deixa sua mente se esvaziar a cada passo e permanece a andar sem qualquer destino aparente. Faz a volta pelo campus sem pressa alguma e apenas para ao ouvir uma melodia, a qual lhe parece triste. Olha para os lados tentando localizá-la e acredita ter encontrado sua origem. Há uma janela aberta em um prédio à sua direita e o som provavelmente vem dali, constata. Ela permanece a olhar para aquela direção. Há algo que atrai profundamente mas não consegue entender da razão.
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A Estrada Partida
RomanceUma juventude repleta de sonhos acaba de ser corrompida com o fim de um primeiro amor. Gabriel, que pensara já ser um homem, se descobre apenas um menino solitário e frágil por trás de uma grande armadura física. O tempo, que deveria ser seu grande...