A Estrada Partida

Fotografia

Setembro de 2015

- Por que fez isso? – é a única coisa que Luna consegue dizer naquele instante.

Ele volta a se aproximar e sussurra em seu ouvido.

- Porque quando for embora com "ele" e se deitar em sua cama... Quero que esse beijo seja a única coisa da qual se lembre antes de dormir.

Antes que ela possa processar o que acabara de ouvir, um estrondo interrompe o silêncio, desviando seu olhar para o outro lado do estabelecimento. Gabriel se afasta dela no mesmo instante e se coloca à sua frente, como em um escudo. Dois rapazes haviam derrubado uma grande lata de lixo, em meio a uma luta. Algumas pessoas surgem, correndo em direção à dupla numa tentativa de impedir a briga e o espaço começa a se encher rapidamente enquanto os gritos dos "espectadores" se sobressaía às próprias ofensas dos dois rivais.

Luna ainda assiste à cena sem qualquer reação. A imagem tão inusitada e repentina a assustara mais do que seria capaz de imaginar. Não estava, de forma alguma, acostumada com aquele tipo de coisa. Sente então uma mão quente envolver a sua e puxá-la de lá. É Gabriel quem a guia, levando-a para o lugar onde estavam anteriormente e que agora se esvaziava, devido ao confronto.

- Pra onde estamos indo? – ela pergunta.

Não sabia nem por onde começar, mas pelo menos deveria ter consciência do que o rapaz pretendia fazer naquele momento, considera.

- Não sei. Temos que achar a Kate.

- Quem?

- Ali! – ele aponta. Luna, por fim, reconhece a garota. É a mesma que se apoiara nele enquanto uma grande roda ouvia músicas ali, há alguns minutos atrás. Percebe então que não consegue deixar de sentir uma pontada de raiva ao rever a imagem em sua mente.

Ao vê-los, Kate suspira, aliviada.

- Pensei até que fosse você quem estivesse brigando! – comenta, em tom de brincadeira.

- Claro. É pra isso que saio de casa. – ele resmunga.

Luna apenas os observa. Tinha algo de errado ali, observa. Eles tinham traços muito parecidos. O contorno da boca de ambos era extremamente semelhante, e isso sem falar nos olhos que tinham a mesma cor. Eram de um azul suave, e ao mesmo tempo gritante, como um lindo mar revolto.

- O que foi que houve? – Kate pergunta, e Luna observa sua postura quase indiferente, a qual julga como destemida.

- Não faço ideia.

Kay finalmente percebe a linda moça loira ao lado do irmão e dá um sorriso acusador ao notar suas mãos entrelaçadas.

- Oi! Desculpe, não reparei que estavam juntos! – comenta, entusiasmada. Em seguida, estende a mão para Luna. – Prazer, sou Kate. Sou irmã do Gabriel.

- Ah, claro! – e esperava não ter demonstrado facilmente o alívio percorrer-lhe ao ouvir aquilo. – Eu bem que desconfiei. – sorri, timidamente, estendendo a mão em resposta.

Gabriel apenas olha para a irmã como se a repreendesse por algo que nem sequer havia feito ainda. Seu olhar soava mais como uma ameaça, como se ele já soubesse o que a irmã poderia vir a fazer ou falar a partir de agora.

- Você veio sozinha? – Kate continua, provocando.

Ah não. Estava se esquecendo daquele detalhe, Luna constata. Tom provavelmente a estava procurando agora, lembra-se.