A Culpa

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Outubro de 2015

- Eu... Vim procurar a Kate.

Aquela era a única frase que Luna conseguira expressar. O olhar de Clair sobre ela era intimidador, como o de uma predadora e Gabriel...  Bem, ele parecia mais chocado do que a própria moça.

- Kate não está. – Clair mantém o sorriso.

- Ok. Obrigada. – em seguida, fecha a porta.

- Luna... – Gabriel murmura dominado por uma sensação de impotência.

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Luna luta para enxergar o caminho à sua frente mas as lágrimas escorrem insistentemente. Ela ignora os olhares dos estranhos e mantém seus passos firmes. Entretanto, a segurança não se faz presente. Sua cabeça está voltada para baixo, enquanto os braços são erguidos a cada segundo a fim de secar as lágrimas, uma a uma. Aquilo doía muito, pensa. Muito mesmo.

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Kate está finalmente de volta ao apartamento, de onde ligaria para Luna. Acabara se atrasando demais, e só agora se dera conta de que nem ao menos avisara à amiga que surgira um "imprevisto". Ao adentrar o recinto, nota um silêncio prevalecer. Gabriel está no quarto, deitado, e seu semblante era de dor.

- Stinky? – pergunta, insegura. – O que houve?

- Ela abriu a porta. – ele responde vagamente, mantendo seu olhar fixo ao teto.

- O que?

- Eu preciso de um pouco de espaço. – suspira. – Só um pouco. – sua resposta soa quase como uma desistência. – Pode me dar um pouquinho de espaço? Por favor?

Kate se assusta com o tom de voz do irmão. Por isso, assente, fechando a porta com cuidado e deixando-o em seu espaço.

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- Não. Ele não fez isso! – Louis está com as mãos na cintura, indignado.

Luna passara quase toda a tarde deitada, aos prantos. Sua respiração já estava cansada e tudo o que desejava era fazer aquilo parar: o aperto no coração,  o nó na garganta... Pior que isso era sua imaginação, que a obrigava a imaginar Gabriel envolvendo outra com seu abraço. A raiva que a percorria era imensa e tinha de dividir seus sentimentos entre a vontade de gritar com o rapaz e a de agarrar-se a ele, para deixar bem claro que só ela podia fazer isso.

- Sim, ele fez. – responde, num sussurro.

- Que ogrinho filho da puta! – exclama.

- Shh! – ela leva a mão à boca do amigo. Os dois estão em seu quarto, uma vez que Julie está no alojamento também.

- Desculpe, mas e agora? O que vai fazer? Precisa falar com ele.

- Não posso. Não consigo, Louis.

- Nossa! Eu jamais esperaria isso. – resmunga, massageando as têmporas. – Tem certeza do que viu?

- Absoluta! – garante, impaciente. – Ele estava colocando as roupas! E nem conseguiu dizer nada!

- Nossa. – repete.

- Acabou, Louis. Qualquer chance que podíamos ter, acabou. 

- Gatinha... – ele tem um olhar de compaixão enquanto a abraça. – Não fique assim. – afaga suas costas enquanto Luna se põe a chorar.

- Por que é que eu me importo tanto assim com alguém? – queixa-se. – A gente só se beijou algumas vezes mas é como se tivéssemos uma história.

A Estrada PartidaOnde histórias criam vida. Descubra agora