Amor

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Setembro de 2015

- E então? O Gabriel beija bem?

Os três amigos se reuniram em uma roda falha no centro da sala, com as garrafas de bebidas distribuídas no chão.

- Não é bem assim... – Luna mente e sente o rosto corar ao sentir a atenção completamente voltada para si.

- Então o que é? – Louis continua.

- Eu não sei explicar. – e isso era verdade. Não conseguia nem ao menos explicar para si mesma sua relação com o rapaz. A única coisa que sabia era que se importava com ele de uma maneira especial.

- Mas vocês dois se beijaram... – Karen tenta arrancar a verdade.

Não havia saída a partir dali, Luna reconhece. Estava encurralada por dois pares de olhos curiosos e inquisidores. Por isso, apenas assente levemente com a cabeça, corando ainda mais.

- Eu sabia! – Louis ri, aplaudindo-a e Karen o acompanha.

- Mas não foi nada de demais. – mente mais uma vez. A verdade era que os beijos que trocara com Gabriel ainda estavam claros em sua memória, envoltos por um misto de saudade e prazer.

- Como não foi nada de demais? – o amigo rebate. – Se você até confundiu os nomes dos príncipes... Como pode não ter sido nada de demais?

- Olha, eu acho que o príncipe aqui seria o Tom. O Gabriel está mais para um ogro. – Karen provoca. – Um ogro muito gostoso, com todo o respeito... Mas um ogro. – conclui aos risos.

Luna se irrita ao ouvir aquilo. Gabriel tinha o seu jeito grosseiro de agir ou até mesmo dizer, mas a verdade era que guardava em seu peito um grande coração, pensa. Chamá-lo daquela maneira era, ao seu ver, uma grande injustiça.

- Ele não é um ogro. – resmunga.

- Ah! Olha só para ela! – Louis cai na risada. – Já está defendendo o namorado!

- Não somos namorados. – responde, impaciente.

- Tudo bem, tudo bem... – Karen ergue as mãos, rendendo-se. – Ele não é um ogro. Mas você ainda não foi clara aqui. Afinal de contas, o que tá rolando entre vocês? Por que eu nem sequer suspeitei disso?!

- Porque o Gabriel é reservado. Assim como eu. – dá de ombros. - E não temos nada sério para sair admitindo por toda a faculdade.

- Mas como foi que ele se aproximou de você? Como foi que tudo aconteceu? – a amiga continua.

- Nós nos esbarramos... – responde, desanimada. "E temos nos esbarrado desde então" pensou.

- E vão continuar se esbarrando? – Karen parece adivinhar seus pensamentos.

- Não. – reprime um suspiro. – O que aconteceu não importa mais. Estamos em momentos completamente diferentes.

Ao perceberem o clima pesar, seus colegas dão o assunto como encerrado e guardam as inúmeras perguntas para outro momento oportuno. Sabiam que não podiam ir longe demais ali, mas também tinham consciência de que a história não era tão curta como Luna a fizera parecer.

__________

A noite chegara, Louis e Karen se despediram, e Luna estava exausta. Não acreditava em como fora inconsequente ao falar sobre Gabriel. Seus amigos eram boas pessoas, mas ela não tinha certeza de que queria compartilhar seus sentimentos com eles. A ironia de tudo isso era que não se importava em falar sobre Tom mas, quando se tratava de Gabriel, sentia uma vontade profunda de guardar tudo para si, como se sentisse ciúmes das próprias lembranças que mantinha dele. Era incrível como alguém que acabara de conhecer, poderia lhe parecer tão distante e tão seu ao mesmo tempo, reflete.

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