Setembro de 2015
Ambos se olham profundamente, em meio a um caos do qual perderam a real noção. Gabriel mantém sua mão sobre aquela pele macia e a acaricia mais uma vez, aproximando-se. Luna sente as pernas bambearem, e aguarda ansiosamente por mais um beijo, mais um toque, ou qualquer sensação que ele possa oferecê-la. Mas quando fecha os olhos e sente os lábios do rapaz próximos aos seus, a triste voz a pega de surpresa.
- E é também seu ponto fraco.
Luna abre os olhos, assustada, e encontra um olhar frio vindo dele.
- Tão previsível... – ele continua, balançando a cabeça. – Cuidado com Tom. Uma presa fácil assim vai precisar de muita sorte. - ele então se afasta, passando por ela, deixando-a sozinha.
Poderia manter sua pose nobre e continuar a dizer tudo o que seu coração mandava, mas não queria ser um fracassado mais uma vez, conclui. Se era para esquecer Luna, ele começaria a fazê-lo. Mas sairia por cima dessa vez, promete a si mesmo. Não quer ser mais o alvo de risadas e está cansado de ser um fraco. E talvez fosse a hora de se tornar o verdadeiro cafajeste da história, decide.
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Luna mal se concentrara durante toda a aula. Sua mente a levava para o mesmo momento de horas atrás, onde era descartada como um nada mais uma vez por seu rapaz de olhos tristes. Já perdera as contas de quantas vezes fora feita de imbecil naquele jogo de sedução para o qual ele a convidara, mas tinha certeza agora de que essa fora a última vez. Nunca se sentira tão humilhada em toda a sua vida. Com que direito ele a usava daquela forma?, pensa, resignada. Tocando-a e lhe dizendo tantas palavras bonitas. Isso tudo para em seguida lhe dar um chute, chamando-a de presa fácil?, indignada, ela tenta compreender. Ele estava blefando. Vira em seus olhos que estava sendo sincero. Sabia que o que ouvira fora uma declaração. Mas Gabriel preferia ser um moleque e agir conforme seu orgulho masculino lhe convinha, analisa. E se era essa a postura que o rapaz iria adotar, ela não se daria mais ao trabalho de tentar corrigi-lo. Estava na hora de abaixar a sua guarda, mas para um outro alguém, decide com desdém.
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A noite chegara e a única coisa que Luna desejava, era descansar. Seu corpo e sua mente pediam desesperadamente por algumas horas de silêncio e calmaria. Mas Tom já devia estar chegando para buscá-la e ela teria de fingir, por um momento, estar feliz com a velocidade com que os dois se entendiam. Tentava imaginar a situação como uma grande oportunidade de dar uma reviravolta em sua vida, assim como uma chance ao rapaz que tanto lhe quis bem desde o início do período letivo. E por isso, seguiria em frente com sua decisão. Ele merece isso, pensa. E só então se dá conta de que não sabe para quem destinou o pensamento.
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- Você não fugiu mesmo! – Tom exclamou assim que a viu descer as escadas do prédio. Seu carro estava parado na porta e ele estava do lado de fora, esperando-a em sua clássica postura de galã, apoiado ao capô.
- Eu dei minha garantia. – ela ri. E reconhece se sentir mais leve ao vê-lo recebê-la daquela maneira. Era bom ser tratada como alguém importante de vez em quando, pensa consigo mesma. Mas se arrepende daquela ideia ao notar para onde seu devaneio a está levando. Ou melhor... Para quem.
- E cá estou eu, dando a minha de que essa noite vai ser incrível. – completa, dando a volta até a porta do passageiro para abri-la.
- Obrigada. – responde, ao entrar no carro. – Mas então, para onde vamos?
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A Estrada Partida
RomanceUma juventude repleta de sonhos acaba de ser corrompida com o fim de um primeiro amor. Gabriel, que pensara já ser um homem, se descobre apenas um menino solitário e frágil por trás de uma grande armadura física. O tempo, que deveria ser seu grande...