O Casal

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Outubro de 2015



- Talvez seja melhor eu ir na frente. – Luna sugere, vestindo a blusa após um prolongado banho fresco. Gabriel está parado à porta do quarto observando-a com um leve sorriso, o que a faz corar pela provável milésima vez naquela manhã. – Sabe, é difícil me vestir com você me encarando desse jeito. 

- É inevitável. – dá de ombros. – Sinto muito. – Vira a cabeça ao vê-la passar ao seu lado pela porta e voltar ao banheiro, onde ajeita o cabelo. Sente as mãos coçarem de vontade de deslizar por aquelas mechas douradas.

- Tem certeza de que Kate não iria se importar em me emprestar o secador?

- Absoluta.

Luna apenas assente, e termina de pentear os cabelos já quase completamente secos. Sente-se envergonhada só de imaginar se tivesse de explicar a Kate que precisara do secador porque passara a manhã debaixo de um chuveiro com o irmão da garota. Percebe que suas bochechas começam a arder ao relembrar cada detalhe do que acabara de acontecer.

- Você está corada de novo. – A voz do rapaz corta sua linha de pensamento. – Meu Deus, você fica linda assim. 

- E é por isso que eu fico vermelha. – Resmunga, tentando manter a postura. 

Desde o momento em que entrara no apartamento na noite anterior até esta manhã, muita coisa mudara bem diante de seus olhos, observa. Gabriel lhe parecia mais seguro, tranquilo e feliz. Ele carrega um pequeno sorriso que aumenta a cada instante em que seus corpos se tocam ou quando ela cora. De repente sente duas mãos tocarem sua cintura, puxando-a para trás delicadamente, deixando-a completamente arrepiada ao sentir a respiração quente do rapaz em seu pescoço.

- Não pode ficar mexendo assim no seu cabelo e esperar que eu fique longe. – A voz soa rouca.

- Eu não pedi pra que ficasse. – Suspira pendendo o pescoço para o lado, dando-lhe espaço. O toque dos lábios dele sobre sua pele causa-lhe uma reação quase imediata, fazendo-a soltar a escova e levar as mãos para trás a fim de acariciar os cabelos espetadinhos que tanto ama.

- Podemos enxotar o Andrew para fora deste apartamento, definitivamente. – Gabriel murmura. – É só deixarmos as roupas dele no andar de baixo com uma carta.

- Acho que seria muito rude da nossa parte. Deveríamos colocar um lacinho em volta das roupas.

- Perfeito. – Sua risada é acompanhada de um delicado beijo sobre o ombro da moça. Neste instante, ele observa o reflexo de ambos no espelho, e o que enxerga é um anjo de cabelos dourados envolto por seu abraço, com as bochechas coradas e um sorriso divertido. A sensação de finalmente ter encontrado um lugar onde guardar o coração o faz afundar o rosto contra as mechas macias, como se quisesse naquele momento recuperar todo o tempo que perdera ao longo de sua vida. – Nós podíamos almoçar juntos.

- Mas...

- Eu sei. Todo mundo vai nos ver, mas isso vai acontecer uma hora ou outra.

- E se for muito cedo pra isso, Gabriel? – Ela se vira, mantendo-se presa a seu abraço.

- Impossível. Você demorou tanto pra chegar.

- Não pode ficar me dizendo essas coisas quando tento falar sério com você. - É quase impossível conseguir se preocupar com algo enquanto o vê sorrir desse jeito, percebe. - Eu só não quero que o Tom te incomode. Não sei o que ele pode fazer se nos ver juntos.

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