Outubro de 2015- Gabriel. Gabriel!
Um braço chacoalhava-o enquanto os primeiros raios de sol obrigavam-no a cerrar os olhos, irritado. Ele abre-os, relutantemente, e um rosto conhecido surge à sua frente.
- Louis? – não era difícil reconhecer aquelas feições.
- Isso mesmo. Você precisa dar o fora daqui. – o calouro sussurra, preocupado.
Gabriel, por fim, olha ao seu redor, enquanto ergue-se com cuidado e se mantém apoiado à parede. O campus está bem diante de seus olhos, mas não sabe especificar a rua. Se ao menos se lembrasse do que acontecera na noite anterior, antes de cair naquele chão frio, estaria menos apavorado, recrimina-se.
- Você tem que levantar. Consegue? – Louis insiste.
- Por que está aqui? – pergunta, visivelmente irritado. Odiava não estar sob o próprio controle. Sente-se em uma posição bastante vulnerável e isso o incomoda profundamente. Além do mais, não entender o que se passa ao seu redor é o tipo de coisa que lhe dá nos nervos.
- Porque alguém precisa te impedir de passar por essa humilhação! – rebate.
Gabriel volta a olhar ao seu redor. O ambiente parece bastante calmo, e a única coisa que lhe tira o foco é sua maldita dor de cabeça que lhe pulsa, como se tentasse lembrá-lo daquela madrugada. O chão ainda está frio sob seu corpo, agora que se ajeitara, mas um cobertor suaviza a sensação gelada, percebe.
Louis está agachado ainda, olhando-o preocupado.
- Estou com meu carro. Vamos, que eu te ajudo a ir para casa.
- Não preciso de ajuda. – resmunga.
- Ah, precisa sim! Precisa, urgentemente! Vamos lá. Estou te devendo uma, lembra?
- Posso ir embora sozinho. – tenta se erguer por completo.
- É mesmo? E a que hora pretende chegar em casa? Porque a julgar pelos seus reflexos, eu diria que a manhã será longa.
Gabriel o encara, com a boca semi aberta, sem saber como rebater o argumento. Merda. Dá-se conta do quanto o garoto está certo.
- Vamos lá, ogrinho. Deixa esse orgulho de lado e vem comigo.
- Ogrinho? – faz uma careta, ao pronunciar.
Louis ri, e estende o braço, sendo correspondido logo em seguida. Gabriel se coloca de pé e mantém o cobertor sobre os ombros. O calor que o tecido lhe oferece é quase acolhedor, fazendo-o segurá-lo com mais força e determinação. E os dois seguem a passos lentos pela calçada, até alcançarem o carro.
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- Onde devo virar? – Louis pergunta enquanto permanece a dirigir, divertindo-se com o mau humor de seu "resgatado".
- Na próxima. – a voz soa como um grunhido.
- Muito bem.
Gabriel tenta se lembrar, sem muito sucesso da sequência de acontecimentos que preencheram sua noite. Sabia perfeitamente que se encontrara com Luna, mas não era capaz de se lembrar do que acontecera entre os dois. Não obstante a isso, algo lhe dizia que havia muito do que se arrepender.
- Chegamos! – Louis conclui, animado. – Qual dos blocos é o seu?
- O terceiro. – suspira.
Eles param diante do prédio e Gabriel começa a sair do carro, lentamente. Seu corpo parece querer desobedecer cada comando que sua mente lhe envia.
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A Estrada Partida
RomansaUma juventude repleta de sonhos acaba de ser corrompida com o fim de um primeiro amor. Gabriel, que pensara já ser um homem, se descobre apenas um menino solitário e frágil por trás de uma grande armadura física. O tempo, que deveria ser seu grande...