Capítulo 39

21 2 0
                                    

Pov Roberta

Eu não consigo explicar o que estou sentindo no momento. É como se esse sentimento fosse tão forte que me deixa sufocada,não permitindo que eu demonstre nada,não permitindo que uma lágrima escorregue...Eu fico apenas ali,inerte,olhando pro local que segundos antes tinha a cabeça de uma das minhas melhores amigas.

Vejo Ian avançar sobre o "homem da neve" que até parece ser mesmo de tão branco. Mas o homem simplesmente some como se nunca tenha tido lá.

Privilégios do mundo conjurador.

O mundo agora que eu começo a ver um pouco por além da ilusão.

Um mundo onde o mais forte e inteligente domina e os "desinformados" que se fodem. Um mundo onde eles são capazes de matar pessoas a sangue frio diante de seus amigos. Um mundo onde mataram meus dois amigos,sequestraram minha amiga sem explicação alguma.

Um mundo onde eu não pertenço.

-AMANDA! POR FAVOR ABRE OS OLHOS. POR FAVOR,EU PRECISO VER ELES DE NOVO (Ian)

Ele grita olhando para onde está o corte que separou a cabeça da Amanda de seu corpo.

Eu caio de joelhos do meio da sala e fico olhando para o nada,apenas sentindo a dor e deixando que ela consuma todo o meu ser.

Sinto braços finos me envolvendo e logo percebo que é a maju. Ela chora copiosamente no meu ombro,de um jeito como se tivesse perdido uma parte importante de seu corpo. Bom,eu estou me sentindo quase assim.

Marcelo chega me dando um beijo na testa confortador e logo depois pegando ela no colo e a tirando daquela sala cheia de sangue. Guilherme está abraçando Elizabeth que parece realmente assustada e em choque. Noah saiu porta a fora alegando que iria descobrir qualquer vestígio sobre o homem de neve e ver se o outro grupo está bem. Não o culpo por me deixar aqui, ele precisa mostrar responsabilidade.

Tento me levantar para sair dali quando sinto outra pessoa me abraçando, desse vez são braços musculosos e familiares. Gabriel.

-Ei, vem aqui, eu vou cuidar de você até o Noah chegar (Gabriel)

Uma pequena parte do meu cérebro quer perguntar o por que de "até o Noah chegar", mas eu estou completamente sem ação, como se só meu corpo estivesse ali e minha consciência longe.

Ele me pega no colo e me leva até meu quarto, sentando encostado na cabeceira e deixando minha cabeça apoiada no seu colo. Logo chega a Lira e se deita ao meu lado e junto dela vem o Paulo deitando do meu outro lado me deixando no meio deles.

-O que vamos fazer agora beta? Eu não aguento mais ver tantas mortes (Paulo)

-Eu não sei Paulo, não estou pensando agora (Roberta)

-Tudo bem amiga, a gente acabou de...presenciar um...enfim, tudo bem (Lira)

-Dorme beta, pelo menos os sonhos são bons (Gabriel)

Ele se inclina deixando um beijo na minha testa que aquece todo o meu corpo.

-Não sai daqui mano, por favor (Roberta)

Ele sorri pelo apelido carinhoso que eu dei pra ele.

-Não vou sair mana, apoio eterno lembra? (Gabriel)- Pergunta levantando o mindinho e eu logo correspondo o gesto.

-Lembro (Roberta)

Depois disso meus olhos pesam e eu durmo. Como todas as noites eu começo a sonhar, mas dessa vez é um sonho diferente, eu estava sentada na beira de um lago com águas cristalinas, vestida com uma roupa branca e colares de flores, vejo uma pessoa se aproximando e logo percebo que é o Mateus. Caraca, quanto tempo.

-Ei Matt, quanto tempo (Roberta)

-Realmente... (Mateus)

Ele parece diferente, a voz mais grossa,está maior e exalando ondas pesadas que não me agradam muito.

Olho para ele novamente e percebo uma coisa diferente. Sua roupa que antes era completamente branca começa a ficar preta em cima do lugar onde fica seu coração, e vai se alastrando até ele estar completamente negro.

Eu me assusto e solto um gritinho,ele dá um pequeno sorriso e se aproxima de mim.

-Em breve te verei, bebeta (Mateus)

Ele sorri igual o gato de Alice no país das maravilhas e evapora igual uma nuvem.

-Volta aqui (Roberta)

Acordo sobressaltada e vejo que estou de uma lado da cama com o Noah do outro e o Gabriel sentado na poltrona segurando minha mão.

-Ei calma, o que aconteceu? (Noah)

-Eu tive mais um daqueles sonhos estranhos, deixa pra lá (Roberta)

-Quer conversar sobre isso mana? (Gabriel)

-Não mano, pode deixar. Que horas são? (Roberta)

-1:40 da manhã (Noah)

-Vai pro seu quanto mano, a Clara deve estar te esperando (Roberta)

-Eu posso ficar aqui se quiser (Gabriel)

-Não precisa pode dormir (Roberta)

Ele levanta e me dá um beijo na bochecha, acena para o Noah e sai do quarto.

-Pode chorar agora, eu vou ficar acordado a noite toda se precisar (Noah)

-Vamos...Vamos pra varanda por favor, não quero atrapalhar elas a dormir (Roberta)

-Tudo bem, vamos (Noah)

-Cadê meu irmão? (Roberta)

-Ele foi pro porão e não voltou até agora, acho que quer ficar sozinho (Noah)

-Hum... (Roberta)

Eu sento no chão frio da varanda e deixo as lágrimas começarem a descer sem cerimônia, mas sem esboçar nenhuma emoção. Não soluço, grito ou esperneio, apenas deixo as lágrimas caírem porque a dor é grande demais.

-Você quer conversar? (Noah)

-Eu não sei o que dizer, não sei o que vou fazer agora. Já levaram dois amigos meus, mataram uma das minhas melhores amigas o que acabou levando um pedaço meu e do meu irmão. De alguma forma essas mortes machucaram cada um que mora aqui. Como podemos sobreviver a isso? (Noah)

-Eu sinceramente queria saber uma forma de ajudar vocês,mas eu não faço idéia de quem possa ser (Noah)

-Tá tudo bem, nenhuma busca ou vingança vai trazer meus amigos de volta. Não que eu não queira fazer essa pessoas sofrer, porque eu quero sim, mas eu sei que não vai adiantar nada (Roberta)

-Eu prometo que enquanto viver vou estar ao seu lado anjo (Noah)

-Anjo? (Roberta)

-Acho que combina com você (Noah)

-Pode ser, mas se sou um anjo não estou fazendo meu trabalho direito (Roberta)-digo com um tom de amargura na voz.

-Deixa disso anjo, você não poderia ter evitando nenhuma dessa mortes (Noah)

-Isso não faz eu me sentir menos culpada (Roberta)

-Eu sei que não, você é cabeça dura (Noah)

-Obrigada por ouvir minhas lamurias as 2:00 da manhã (Roberta)

-Se eu disser que não é sacrifício você acreditaria? (Noah)

-Não, eu acharia que só está falando isso pra me pegar (Roberta)

-O que não deixa de ser verdade-ele sorri e eu lhe dou um tapa no braço-mas...eu gosto de estar com você, ouvir sua voz, me faz bem (Noah)

-Me senti até especial agora (Roberta)

-Eu tô falando sério (Noah)

-Eu também. Mas de coração Noah, obrigada (Roberta)

-Ao seu dispor madame (Noah)

Conjurando o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora