Após ela se acalmar e conseguir dormir fiquei no meu quarto andando de um lado pro outro. Eu tinha que ajudar ela de alguma forma, mas como?
Não demora e meu celular começa a tocar, eu o capturo e atendo.
- Como está?
Era ela.
- Acho que... Bem- Respondo.
- E a Alicia, como está?
- Dormindo, ela teve um pesadelo e acordou, mas dormiu novamente.
Me sento na cama.
- Eu e a galera estamos planejando de viajar, pra ela se distrair, queria saber se você topa?
Uma viagem? Junto com Pietra?
- Não sei se é uma boa hora- Digo.
- Converse com Alicia, as vezes ela pode querer.
- Tudo bem vou conversar com ela- Digo e desligo.
Me jogo na cama e de tão cansada acabo adormecendo novamente.Na manhã seguinte acordo com o despertador, levanto relutante e vou pro banheiro fazer minha higiene matinal. Passo no quarto de Alicia que dormia tranqüilamente. Desço as escadas e faço apenas um suco e o tomo em pequenos goles, capturo minha mochila e vou pra faculdade.
Como o esperado estavam todos perto do estacionamento me esperando, menos Pietra e Angela.
- Bom dia- Sorrio.
- Bom dia, como está Alicia?- Pergunta Aline.
- Dormindo, mas provável que bem- Respondo.
- Ela lhe contou algo noite passada?- Pergunta Allan.
- Não- Minto.
Era melhor não dizer nada á ninguém, não sei qual era o plano dela de superar isso mas com certeza ela desejaria contar isso a nossa amiga.
- Vamos pra sala- Chama Aline.
- Cade a Pietra e a Angela?- Pergunto curiosa.
- Pietra acabou de chegar- Ela aponta.
Olho pro estacionamento e vejo Pietra descendo de sua moto, e na garupa, Angela.
- Elas estão...?
- Claro que sim, Pietra não perde tempo- Aline ri.
Por algum motivo aquilo me fez estremecer, será que Pietra era assim? Claro ela é linda e com certeza desejada pelas mulheres e homens, mas ela seria tão aberta assim para tentar com quem chegasse nela em um jogo da garrafa?
- Marie, vamos!- Diz Aline antes de me puxar pelo braço.No intervalo Carol se juntou á nós, Allan estava com um garoto lindo, porém menor que ele e mais nerd. Angela e Pietra ficaram distante de nós o tempo todo, e isso me deixou mais enraivada.
- O que está acontecendo hoje?- Pergunta Aline.
- O que?- Pergunto sem foco.
- Você está tão aérea, por aonde está se passando sua mente?
Pietra- Pensei.
- Não sei- Minto.
Logo me deparo com a pior cena que eu poderia ter visto, Angela novamente aos beijos com Pietra, por algum motivo eu senti como se todos meus pensamentos fosse errado. Querer beija-lá sabendo que está com outra, desejá-la, era errado.
- Meninas- Allan diz sorrindo. - Marie está tudo bem?
Eu volto minha atenção pro Allan e penso em uma resposta rápida, optei pela mais inteligente e que evitaria qualquer comentário estúpido.
- Estou sim!
Me levanto e saio do refeitório, caminho sem rumo pelos corredores da faculdade, passo perto de alguns troféus e fico os vislumbrando por alguns segundos.
- Essa faculdade não ganha nada a algum tempo!
Olho pro lado e vejo Pietra com as mãos no bolso.
- Está me seguindo?
Ela olha pra mim sorrindo.
- Apenas me deparei com você aqui, sozinha...- Ela começa a dizer mas eu a corto.
- Olha, vamos deixar as coisas claras, não é porque deixei você chegar perto de mim naquela noite que vou deixar de novo, não sou como as garotas que você fica, pega, e joga fora, eu sou bem diferente!- Digo apontando pra ela.
Ela apenas sorri sem dizer nada.
- Não brinque comigo, pois pode se machucar e feio!- Digo por fim.
Então ela simplesmente vai embora e me deixa parada igual uma idiota em frente a troféus velhos. Odeio quando ela faz isso.
Saio andando pra sala de aula e lá fico até bater o sinal.
- Está tudo bem? Você saiu quase que correndo do refeitório- Pergunta Aline.
- Estou maravilhosa- Digo irônica.
Então o professor chega ditando suas regras de todos os dias, como se ninguém soubesse que sua aula era a mais irritante de todas. Ou era apenas eu que estou irritada hoje.Em casa me deparo com Alicia na cozinha comendo algo que parecia uma fatia de bolo de chocolate, me junto á ela pegando um pedaço.
- Como está se sentido?- Pergunto quebrando o silêncio.
- Horrível- Ela declara.
- Olha quero que saiba que estou aqui pra tudo o que precisar, somos amigas, moramos juntas três longos anos, então não só como meu dever de amiga, e sim quase irmã, tenho que te ajudar a passar por isso- Digo segurando sua mão.
Ela apenas sorri e eleva um pedaço do bolo á sua boca. Eu termino de comer e subo pro meu quarto vestindo um vestido surrado, e amarro meu cabelo. Escuto barulhos na cozinha, batidas, abro a porta do meu quarto para ouvir melhor.
- O que faz aqui?- Alicia diz.
- Eu, eu, vim te pedir desculpas!
Eu conhecia essa voz bem. Saio do meu quarto furiosa e desço correndo as escadas até a porta de entrada.
- O que faz aqui Cris?- Pergunto.
Ele me olha como se estivesse surpreso por me ver ali, mas não me importo, permaneço parada o fitando.
- Se não tem nada pra falar saia agora- Ordeno.
- Eu vim me desculpar pelo modo que me portei no sábado, eu estava irritado, e te ver com aquele homem me deixou mais furioso ainda!- Diz ele.
- Homem?- Pergunto.
- Eu estava dançado com um amigo meu, Cris me viu e achou que eu estava o traindo!- Explica Alicia.
- E me arrependo de pensar isso de você, sei que não faria isso!
- Não faria nem se estivéssemos namorando, o que no caso não estamos- Ela retruca.
- Por favor vamos conversar!- Ele pede.
- Você não sabe o que eu passei naquela noite por sua culpa, você não sabe pela dor que eu estou vivendo agora! Eu não quero mais ver você na minha frente, quero que você suma pra bem longe e nunca mais volte- Diz ela entre lágrimas e sobe pro seu quarto, o deixando imóvel.
- Olha Cris ela passou por uma coisa horrível, ela está sofrendo muito, então acho que não e uma boa hora para falar com ela- Digo por fim.
- Eu a amo!
Fico imóvel, não sabia o que dizer sobre isso, e bem normal eu ouvir as pessoas dizendo que ama umas as outras, mas o Cris, ele tinha uma fama bem conhecida nessa cidade.
- Eu, é que, é- Gaguejo.
- Diga á ela que voltarei até ela me perdoar!- Ele diz e se retira.
Novamente estou parada aqui com cara de taxo sem saber como reagir a isso. Subo as escadas e vou até o quarto de Alicia, ela estava em frente a janela.
- Alicia...- Abro a porta.
- Liga pra Aline, ela merece saber o que aconteceu- Pede Alicia.
Pego meu celular e disco o número de Aline que atende no terceiro toque.
- Pode falar- Sua voz era manhosa, ela acabará de acordar.
- Pode vir até aqui? Alicia quer falar com você- Explico.
- Claro estou indo agora mesmo- Diz e desliga.
Vou até ela e á abraço forte, quero mostrar que estou aqui com ela, quero lhe mostrar meu melhor sorriso para que ela veja como a vida pode sorrir pra ela á qualquer momento.
Não demora muito pra Aline chegar, vamos direto pro quarto de Alicia, e quando ela conta é aquele mesmo choque que eu senti.
- Céus- Aline sussurrou.
Alicia estava sentada agarrada com seu travesseiro, eu estava em pé de frente para as duas apenas fitando o chão. Isso é realmente horrível.
- Minha amiga foi estuprada!
Um nó se forma na minha garganta, algo dentro de mim ia explodir.
- Foi horrível- Diz Alicia.
- Eu sei que foi, estamos aqui pra tudo, pro que precisar, nós vamos te ajudar a passar por cima!
Eu e Aline deitamos junta com ela e ficamos assim.A noite eu estava na cozinha quando a campainha toca, corro para atender, abro a porta e fico imóvel.
- O que faz aqui?- Pergunto.
- Não vai me convidar para entrar?- Pergunta Pietra.
Eu abro passagem á ela que fica me olhando com as mãos no bolso. Creio que eram onze e meia da noite.
- Vim aqui ficar com Alicia, eu já sei o que aconteceu com ela!
- Ela está dormindo, suba e veja- Digo.
Então ela o faz. Volto pra cozinha e termino de fazer meu macarrão de microondas, me sento e começo a comer.
- Ela está dormindo- Anuncia Pietra.
- Servida?- Ofereço a comida.
- Não obrigada!
Então ela fica parada me encarando comer, eu paro e fico encarando ela também.
- Mais alguma coisa?- Pergunto.
- Eu queria perguntar porque está estranha comigo?
Me levanto e jogo os resto fora.
- Estou normal- Menti.
Eu estava com raiva de sua atitude de ficar com a Angela, será que ela não percebeu que eu á quero.
- Não você não está- Diz ela.
- Como quer que eu haja com você?- Me viro para enfrenta-lá.
Ela se aproxima de mim.
- Como aquela garota sem noção de sempre, gostava dela- Ela diz sorrindo de canto.
- Acontece que aquela não era eu, essa sim sou eu, que leva as coisas a sério, que não tem tempo para brincadeiras idiotas!
Ela continua se aproximando.
- Essa é uma garota seria para sua idade- Declara.
- Eu sou madura pra minha idade, ao contrário de você que usa garotas para se sentir bem!
Ela para e me olha seria.
- O que quis dizer com isso?
- Angela, você está usando ela assim como usou outras garotas! Eu já sei da sua fama e não me agrado em nada- Explico.
Ela então volta a se aproximar.
- Não sou igual todos dizem, ninguém me conhece- Ela se defende.
- Mas é o que você está provando ser!
Então ela está colada em mim, não tenho mais para onde correr, sua respiração bem perto de meus lábios, que automaticamente se fecham ao sentir o ar quente.
- Você é tão linda- Diz ela.
Com certeza estou corada neste exato momento.
Então sinto seus dedos tocarem meu queixo, e elevar para me fazer olhar em seus olhos brilhantes e azuis, como o mar.
- O que você quer?- Sussurro.
Então fecho meus olhos ao sentir sua aproximação maior, sinto meu coração acelerar, borboletas no estômago, e então nossos lábios se colaram deixando nossa língua explorar cada canto de nossa boca. Saboreando esse beijo que pra mim foi doce, tão esperado e desejado, me fazendo esquecer de tudo e focando apenas em seus lábios doce.
Nos separamos por falta de fôlego, ficamos nos encarando por alguns minutos mas para mim foi uma eternidade.
- Tenho que ir!- Ela diz.
Fico sem reação, não sei como será a partir de hoje mas ela tem que parar com isso de me deixar sozinha.
- Amanhã nos vemos- Ela diz antes de selar nossos lábios e então, vai embora.
Vou até a porta e a tranco, me recostando logo em seguida e escorrendo até o chão reinventando aquela cena novamente. Que beijo é esse? Que doçura era aquela? Que mulher será essa que consegue me deixar fora de mim mesma com apenas uma respiração diante de mim.
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Apenas Amor
Romance"No mundo em que vivemos existe amor, e rótulos. No mundo em que somos rotulados não podemos ter amor. Mas quando é para ser, acontece."