Apenas Amor

Capitulo 10

No dia seguinte acordo com muita dor mas costelas, abro meus olhos relutante e vejo que estou largada no sofá e com cobertas jogadas ao chão. Me levanto e sinto meus ossos estralarem, estou velha pra essas coisas. Caminho até meu quarto e abro a porta devagar e vejo Pietra ainda dormido, caminho até o banheiro e tomo um banho, me seco e visto uma roupa qualquer, um vestido velho e meio curto com o número 23 estampado. Pietra ainda dormia então caminhei até a cozinha para preparar nosso café da manhã.
Como previsto minha cabeça doía então tratei de tomar um analgésico para melhorar.
- Bom dia- Escuto uma voz rouca.
Olho para ela que estava com aparência pálida, seus olhos com olheiras mesmo ela tendo dormido bem. Ela estava derrotada.
- Coma algo- Pedi.
Coloco waffes em seu prato e sirvo café para ela que sorri fraca em troca. Faço o mesmo pra mim e começamos a comer em silêncio.
- Sobre ontem...- Ela começou a falar pausando. - Eu não queria que tivesse visto aquela cena!
Então me lembro dela praticamente possuída espancando aquele homem.
- Tudo bem, já passou!- Tento acalma-lá.
Logo a campainha toca, e escuto a porta de abrir. Olho de lado para ver quem era, então vejo Aline e Alicia.
- Bom dia meninas- Aline nos saúda.
- Bom dia- Sorri fraca.
Pode-se dizer que o clima estava tenso dentro daquela cozinha.
- Vou pro meu quarto- Avisa Alicia.
Então Aline se senta na cozinha conosco.
- Está tudo bem?- Ela pergunta.
- Claro- Pietra responde de forma seca.
Aline nos olha e logo cruza os braços.
- Por acaso estão assim por causa do homem que encontramos no chão ontem?- Aline cerra os olhos.
Arregalo meus olhos, ele ficou lá por muito tempo então.
- Que homem?- Pergunta Pietra.
- Exatamente aquele que estava caído ao lado do carro de Marie!
Pietra e eu nos entreolhamos.
- Não sabemos de nada- Diz em defesa.
- Não sejam idiotas eu sei que vocês fizeram algo á aquele cara, e agora estão assim emburradas! Pra vocês saberem ele está passando bem- Aline diz e se levanta saindo de casa.
Pietra parece relaxar os ombros, isso mexeu mesmo com ela. Seguro sua mão e á olho nos olhos.

A tarde resolvi sair para fazer uma caminhada, odeio os domingos, odeio as segundas, odeio todos os dias da minha vida.
Saio andando sem rumo mas com a intenção de expulsar todo o estresse que eu acumulei nesses dias. Eu estava de top e short com um tênis esporte, cabelo rabo de cavalo. Decido então parar para descansar após andar sete quarteirão.
Sento-me em um parque e vejo crianças brincando, suas mães conversando então me vem uma vaga lembrança da minha mãe comigo ao balanço. Ela dizia a todo segundo "Segure-se filha", então eu resolvo me soltar e nossos corpos colidem, sinto que estamos caídas ao chão mas não me importo, minha mamãe me pegou em seus braços, e me deu aquele belo sorriso.
Meus olhos ficam marejados pela lembrança, então a empurro pra longe e volto a caminhar, acelero os passos e começo uma corrida, meu coração acelerado de adrenalina, saudades de sentir isso.

A noite fiquei sozinha em meu apartamento, Alicia saiu com Cris, e as meninas, bom até agora ninguém me ligou. Pego alguns filmes e os coloco no aparelho em seguida apertando o Play. Fiz uma pipoca com a vitamina, voltei pro meu sofá e lá fiquei largada por horas.
Quando acordo já passam das quatro da madrugada, recolho as coisas sujas e levo pra cozinha, desligo a Tv e volto pro meu quarto, me jogo na cama e tento dormir mas tentativa impossível já que aquela cena na noite anterior, insiste em rodear minha mente.

O despertador toca eu já estava acordada apenas admirando a vista do meu quarto, que por sinal está uma bagunça. Levanto e vou direto pro banheiro, faço minha higiene matinal e me visto com a primeira roupa que aparece.
- Bom dia- Alicia estava preparando o café da manhã.
- Bom dia- Digo.
- Você está cansada!
Apenas faço que sim com a cabeça, estou acordada desde as quatro da madrugada. Pego um pouco de café e dou as boas vindas ao líquido quente que invade minha garganta.

Na faculdade todos estavam super irritador pois a semana de provas começou. Como todos os dias as meninas ficavam conversando lá fora enquanto eu ia pra minha sala.
- Marie espera!- Alguém grita.
Me virei para trás e avistei Angela correndo em minha direção. Reviro os olhos e sinto uma enorme vontade de bater nela.
- O que você quer?- Pergunto sem rodeios.
- Eu queria esclarecer umas coisas com você- Respondeu ofegante.
Cruzo os braços á espera que ela fale.
- Aquele dia no banheiro, foi eu quem dei em cima da Pietra, ela recusou mas mesmo assim eu me lancei em seus braços!- Ela começou a dizer parando para respirar.
Meu sangue começou a ferver, essa vadia não presta mesmo.
- Ela não quis isso, nem retribuiu, mas eu queria muito, porque..., porque eu gosto dela!
Senti que meus olhos ia saltar pra fora da órbita, apertei minhas mãos forte me controlando.
- E porque diabos está me contando isso?- Pergunto tentando disfarça meu tom de voz enraivado.
- Porque ela me pediu, ela me suplicou!
- Avise á ela que não me importo com isso, por mim vocês podem ficar juntas, eu não me interesso mais!- Digo e saio andando.
Mais alguns passos e eu estava na sala de aula, mas não estava com cabeça então fui pro lugar de sempre, meu canto de paz. O ginásio. Eu estava presa em meus pensamentos, tentando descobrir se o que eu estou fazendo e realmente certo. E se não for? Mas e se for? Porque tanta dúvidas? A única certeza que eu tenho é que não passo de uma mera ficante para a Pietra, e não vou passar disso.
- Sozinha aqui de novo?- Ouço uma voz que me tira dos pensamentos.
- O que faz aqui Pietra?
- Eu precisava muito falar com você!
Me levanto pegando minha mochila para ir embora. Mas ela agarra meu braço e me segura.
- Por favor me escute!- Ela pede, então eu fico imóvel. - O que nós tivemos foi algo novo pra mim, você e diferente, somos de mundos diferentes, nunca fiquei com uma garota igual a você. Eu não sigo regras e nesse nosso jogo temos regras e não estou adaptadas á elas. 
Eu fiquei em silêncio. Não por muito tempo.
- Porque pediu a Angela que fosse falar comigo sobre o beijo de vocês?- Perguntei.
- Queria que soubesse que eu não tive a intenção de beija-lá, eu não sinto nada por ela...- Eu a corto.
- Nem por mim!- Cuspo as palavras em sua cara. - Você não sente nada por ninguém a não ser por você mesma, você brincou comigo e tenho a certeza de que o que tivemos pra mim não foi um jogo. Mas se realmente significou um jogo, eu sai perdendo. Pois estou apaixonada, e creio que a cura para isso vai demorar, então, sai perdendo!
Ela ficou imóvel sem dizer nada.
- Eu quero você afastada de mim, esse é o melhor remédio pra mim, a perdedora. E melhor pra você porque assim, pode fazer seus jogos com outra pessoa, longe de mim!- Digo e solto meu braço. Começo a caminhar em direção á saída.
- Marie eu quero você!- Pietra gritou.
Eu fico parada, travando uma batalha entre minha deusa interior que estava louca para se jogar nos braços da Pietra. Mas ao mesmo tempo eu não queria, já que tudo não passou de um jogo estúpido pra ela. Meu maior lado vence o meu próprio jogo.
- Não Pietra. Não precisa- Digo então saio.
Caminho sem rumo ao lugar mais perto para que eu possa derramar minhas lágrimas o máximo possível sem ninguém me perturbar.